A PROVÍNCIA MAGMÁTICA DO CABO SUAS RELAÇÕES HISTÓRICA-GEOLÓGICA COM VICENTE PIZON E ALFRED WEGENER
Um
turista desavisado em visita a Província Magmática do Cabo na região litorânea ao
Sul de Pernambuco, nem imagina que está em palco na qual se desenrolou grandes
eventos históricos e geológicos. Histórico porque há uma relação com a polêmica
que gira em torno da real descoberta do Brasil por Vicente Yañes Pizon. Geológicos
relacionados à evidência da Teoria da Deriva Continental proposta por Alfred
Wegener em 1915. Por isso é fundamental que esse local seja preservado de
maneira adequada, porque não é um ponto qualquer do mapa, mas sim um lugar
importante para pesquisadores do município, do estado, e do Brasil e até do
mundo (Figura 1).
Figura 1: Uma
placa mostra o local da chegada de Vicente Yañes Pizon. Autor: Natalicio de MeloRodrigues, 2013.
A questão
histórica vem de afirmações de que o Brasil não foi descoberto em 21/04/1500 por
Pedro Alvares Cabral, mas sim em 1498 quando o navegador Vicente Yañes Pinzón chegou
ao novo continente, este teria aportado em Pernambuco, precisamente no Cabo de
Santo Agostinho, batizado na época por Santa Maria de La Consolacion. Porém, o
fato não foi tão oficializado, pois pelo Tratado de Tordesilhas as terras a
qual ele estava colocando os pés faziam parte do território português. Mas,
mesmo assim essa aventura ultramar extraordinária, marcava uma importante
viagem ligando os continentes que antes haviam pertencido à antiga
Gondwana.
Figura 2: A cima observa-se o promontório do Cabo de Santo Agostinho com indícios de escoada lavas de rochas basálticas consolidados, evidenciando os fenômenos geológicos que testemunham a Teoria da Deriva Continental. À baixo rochas basálticas semelhantes encontradas em uma praia frente ao Estádio Arena Lebreville-Gabão no Continente africano. Fonte: esporteuol.com. 2013.
Os
aspectos geológicos que servem de testemunho a Teoria Deriva Continental são os
Terrenos vulcânicos, estes são encontrados em Pernambuco na Província Magmática
do Cabo, área representada por uma pequena mancha em cor laranja no mapa
próximo ao litoral. Embora os Terrenos Ígneos e Metaformicos do Pré-Cambriano
Cristalino constitua a maior parte do embasamento geológico de Pernambuco, representados
na figura em tom vermelho. Outra categoria secundaria em destaque são os
Terrenos Sedimentares que aparecem em cor verde para as bacias soerguidas, como
é o caso da Chapada do Araripe e da Chapada do Catimbau, e as áreas de
sedimentação recentes também presente nas áreas baixas do Parque Nacional do
Catimbau e no litoral em cor amarelo (Figura 3).
Figura
3: Ver-se Terrenos Vulcânicos do Cretáceo geologicamente são os
mais atrativos do ponto de vista didático devido à raridade em nosso estado
desse tipo de fenômeno.
A Província
Magmática do Cabo é onde se concentra aspectos geológicos com potencialidades para
prática do Geoturismo e campo dessa pesquisa. Essa região distancia-se aproximadamente 30 km de Recife, estendendo-se por
aproximadamente 20 km quadrados, área que por sua dimensão abrange as
localidades os domínios dos municípios do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca e Sirinhaém (Figura
4).
Figura 4: Observam-se os municípios que constitui a província
do Cabo. A mancha em cor verde elucida o Complexo do Suape. Fonte: proximatrip.cpm
Em cada uma dessas cidades tem relação com fenômenos geológicos
e de potencialidades de Geoturismo e pesquisa. Em Sirinhaém, por exemplo, se
dar devido a presença da
Ilha de Santo Aleixo, localizada a pelo menos dois quilometro da costa, é do tipo
vulcânica e de composição rochosa basáltica, distribui-se em uma área acima no
nível do mar com cerca de 450.000 m2. No Cabo de Santo Agostinho são presentes
escoados de lavas vulcânicas, e a cidade
de Ipojuca abriga evidencia de uma antiga chaminé vulcânico. Ambos os fenômenos
são apontados como evidencias da teoria da Deriva Continental e relacionados ao desmembramento
da América do Sul e a África. Por fim o município de Ipojuca onde se localiza uma estrutura geológica denominada de Neck vulcânico.
2. EVENTOS GEOLÓGICOS DA DERIVA
CONTINENTAL NA PROVÍNCIA MAGMÁTICA DO CABO DE SANTO AGOSTINHO
Os primeiros
trabalhos geológicos relacionados ao litoral em Pernambuco como denominação de
Província Magmática do Cabo (PMC) são creditados a Josh Casper Branner, que no
final do século XIX (01/1876-07/1889) visitou por duas vezes o litoral
pernambucano. A pesquisa que resultou em 1902, o artigo “The Geology of the
Northeast Cost of Brazil”, posteriormente foi publicada no Boletim da Sociedade
Geológica da América.
Essas pesquisas
antecedem em mais de 10 anos a Teoria da à Teoria da Deriva Continental, mas
não possui nenhuma relação com a teoria em discussão uma vez que essa só veria
ser conhecida mais tarde em 1915. As excursões de pesquisa também não são
recentes, há registro de que as excursões a esta área atribuídas à Costa &
Melo apud Nascimento (2003) em que se afirmam ter sido os primeiros
guias de excursão para observação e estudo da região do Cabo de Santo Agostinho
com visitas as rochas vulcânicas desta área.
Os Terrenos
Vulcânicos do Cretáceo, nesse local aparecem na forma de escoadas
de lavas antigas, consolidadas na forma de rocha magmáticas tipo vulcânico
denominado traquito, essas se distribuem ao longo das Praias de Itapuama e das Pedras
pretas. O nome Pedras Pretas deriva justamente da típica cor preta comum
presente nas rochas basálticas, e que também encontradas nesse local (Figura 5).
Figura 5: As
pedras pretas da Praia de Itapuama no Cabo de Santo Agostinho são de basaltos, algumas
dessas rochas apresentam hoje feições arredondadas devido à erosão marinha, são
rochas ígneas magmáticas oriundas de escoadas de lava vulcânicas. Autor: Natalicio
de Melo Rodrigues, 2013.
Outra forma de
possível de ser observada no local são as rochas basálticas de estruturas
amigdaloides ou vesiculares, essas possuem pequenas perfurações oriundas expulsão
dos gases vulcânicos. Na temporalidade atual essas rochas encontram-se expostas
a ação erosiva de ondas do mar, por conta dessa condição erosiva, muitos desses
fragmentos de seixos vulcânicos acabaram sendo incorporados aos areias da praia,
como é caso das limonites, e que depois cimentados por carbonato de cálcio dando
origem aos conglomerados (Figura 6).
Figura 6: À acima esquerda detalhes da uma amostra de uma rocha vulcânica nota-se perfurações por
onde os gases vulcânicos escaparam; abaixo um conglomerado de rochas
composto de fragmentos de traquito e restos de outras rochas cimentadas por
carbonatos de cálcio. Autor: Natalicio
de Melo Rodrigues, 2013.
Quem visita hoje
a Província Magmática do Cabo também se depara com uma enorme placa alusiva a Teoria
da Deriva Continental, a grafia em português e inglês informa ao visitante local
que o promontório do Cabo em que está, encontrava-se unido a região da
Nigéria-Gabão na África em Eras geológicas passadas, estabelecendo assim um elo
de relação direta com as hipóteses
formulada por Alfred Wegener da existência do continente primitivo Gondwana. Esse
memorial diga-se de passagem em péssimo estado de conservação é visto e
fotografadas por turistas e estudiosos, compondo uma cenário que certamente
Wegener gostaria muito de visto em vida (Figura 7).
Figura 7: Placa com
grafia em língua portuguesa, localizado na Província Geológica do Cabo
de Santo Agostinho elucida os postulados da Teoria da Deriva Continental, um marco
que Alfred Wegener gostaria muito de ter visto em vida. Autor: Natalicio de Melo Rodrigues, 2013.
Quando
Alfred Wegener (1880-1930) propôs pela primeira vez ideia da Deriva Continental (veja o vide-o n.1) em 1915, é possível que tenha lido o artigo de
Josh
Casper Branner, do final do século XIX (01/1876-07/1889) a The Geology of the
Northeast Cost of Brazil publicado em 1912, após ter visitar o litoral Sul de
Pernambuco por duas vezes, fatos que antecede em três anos a teoria de Alfred Wegener.
Como se sabe há um consenso entre a maioria dos geógrafos que o trabalho de
Alfred Wegener só veio ser divulgado em 1915, quando da publicação da obra "A
origem dos Continentes e dos Oceanos", na qual propôs a hipótese de que os
continentes ora separados, formavam há aproximadamente 200 milhões uma única
massa continental, chamada de Pangeia, é um único oceano, o Panthalassa.
Tudo leva a crer
que a fragmentação do megacontinente Gondwana, ocorreu no período Jurássico Superior e culminando no
Cretáceo Inferior, aproximadamente há 140 milhões de anos. Esse desmembramento
ou separação de placas se deu a partir do movimento de rotação horária em
direção de sul para norte, gerando uma depressão alongada de direção norte-sul,
dinâmica geológica que se manifestaram na forma um grande rift que separou a
África das América do Sul.
Dessa feita os geólogos consideram a Província Magmática Cabo seria
o estágio inicial da abertura do Oceano Atlântico. O avanço das tecnologias,
principalmente o uso do sonar que permitiu detectar evidencias além das bordas
oceânicas, e mapear as dorsais oceânicas do fundo do mar, evidencia que veio a
transforma as hipóteses Wegeneana em verdade, e que somados a outras
descobertas vieram a constituir a famigerada Teoria da Tectônica de Placas.
Desde a
separação dos continentes que a sociedade moderna impulsionada pela
intensificação das trocas da reconhecida globalização, tem tentado romper essas
distancia gerado pela abertura do Oceano Atlântico. Quando Vicente Yañes Pizon rompeu essa barreira, levou pelo menos 60 dias
para transpor as águas do Atlântico em uma Caravela impulsionada pelos ventos,
estudiosos afirmam que ele partiu em 18 de novembro de 1499 de Palos na
Espanha, e ao chegar no Cabo de Santo Agostinho, o navegador luso Pedro Alvares
Cabral ainda estava ancorado no porto de em Lisboa em Portugal. Hoje ao contrário,
os navios modernos que fazem o mesmo percurso do atual porto de Suape gastam em média de 10 dias.
Figura 8 e 9: Acima e aesquerda,
ver-se a abertura de posicionamento de canhão de um antigo forte português que
guardava a entrada de acesso aos canaviais da foz do rio Ipojuca. Abaixo direita o
complexo portuário de SUAPE considerado como o melhor porto do Nordeste devido
sua posição estratégica de aproximação com a África e Europa. Fonte: Natalicio de Melo Rodrigues, 2013.
3.UM NECK
VULCÂNICO EM MEIO AS MORFOESCULTURAS DESENVOLVIDAS POR PROCESSO DE DISSECAÇÃO
Figura 10: Paisagem fragmento da zona rural do município de Ipojuca do local onde se situa o Neck vulcânico. A imagem foi captada de cima do Neck a cerca de 45 metros de altura. Autor: Natalicio de Melo
Entretanto,
por trás desses parcos elementos que compõe a paisagem, há a ação complexa que
envolve os agentes da dinâmica do espaço
geográfico, tais como, agentes internos ou tectônicos, agentes estruturais
erosivos responsáveis pelas modificações nas feições do relevo, e a ação do
homem na qualidade de construtor de espaço
geográfico. Todavia, mesmo considerados todos esses agentes, se faz
necessários distinguir a complexa e enorme escala temporal a qual os objetos
encontram-se inseridos, sendo a que as ações da natureza exigem uma escala temporal
maior medida muitas vezes em milhões de anos, enquanto que as ações
modificadoras do homem, que embora se apresente de maneira dominante na
paisagem, é a de escala temporal menor e medida em centenas de anos.
Figura
11: A esquerda acima ver-se em primeiro plano em tom escuro parte da base do Neck
vulcânico que se eleva em quase 45 metros, aos fundos, parte usina e vila de
moradores, morros colinoso cobertos pela Cana-de-açúcar e requisos de mata e o
rio Ipojuca. À esquerda abaixo detalhes do topo do Neck Vulcânico sob ação erosiva dos
liquens e gramas. Ipojuca –PE. Autor:
Natalicio de Melo Rodrigues, 2013.
Ao organizar os elementos da
paisagem por ordem temporal, considerando o ponto de vista histórico-geológico-geomorfológico,
os mais antigos objetos são os objetos da natureza, seguidos pelos construídos
pelo homem. Considerando a natureza dentro da linha da Teoria da Tectônica de
Placas, o relevo colinoso que hoje se acham cobertas de resquícios de Mata Atlântica,
mas em sua maior parte circundado pela monocultura Cana-de-açúcar, essas são resultados
de ações do intemperismo que vem ocorrendo desde a separação das placas
tectônica.
Isso porque o relevo hoje em forma
colinoso, por exemplo, nem sempre foi assim, sua origem remota a existência do
paleocontinete Gondwana há pelo menos 195 m.a, quando o mesmo era continental e estava unido a África, dessa forma sob clima semiárido e coberto possivelmente
por vegetação de Caatinga (AB’Saber, 2005), mas tarde há 66 m.a, quando o oceano Atlântico
surgiu separando a América da África, esse litoral passou de um clima
continental seco, para um clima litorâneo
quente-úmido, assim, os antigos
pediplanos de embasamento cristalinos começaram a ser dissecados, e seu
embasamento rochoso a ser intemperizados, e assim passaram a dar lugar ao
relevo colinoso e suave, e o seu solo antes pedregoso ou litossolo para um solo profundo ou latossolo de grande fertilidade denominado massapé (Figura 12).
Figura 12: À esquerda acima exposição do latossolo massapê, resultado do alto grau de intemperismo ao longo de milhões de anos sobre rochas cristalinas antigas. A abaixo uma das poucas manchas de Mata Atlântica que divide o parco espaço ante o avanço das construções e da Cana-de-açúcar. Margem da PE 60. Autor: Natalicio de Melo Rodrigues, 2013.
Quanto
ao Neck vulcânico localizado ao longo da rodovia PE-60 e adjacências é o
segundo elementos mais antigo da paisagem, formando um relevo singular em meio
a um relevo memelonizado, o que causa supressa principalmente naqueles que pensa
que não existiram vulcões no Brasil. Sua origem se deu possivelmente como
consequências da formação do rift, e desmembramento da Gondwuana, essa
separação continental se deu a custa de formação de vulcões, intrusões magmáticas
entre outros fenômenos de ordem interna.
Há muitas denominações para o Neck, Guerra A.T
(1980) definiu como é um conduto de um vulcão enchido de lava solidificada cujo
afloramento é realizado pelo trabalho seletivo de erosão diferencial que
desbasta as rochas tenras que estão ao redor. Pode-se dizer por consequente que
o Neck é um pescoço ou testemunho de uma antiga chaminé vulcânica. Constitui
algumas vezes uma saliência estranha de relevo com as formas mais ou menos meio
arredondadas. Em Ipojuca o Neck vulcânico local ergue-se de forma abrupta, com
cerca de 45 metros sendo o mesmo datado
de pelo menos 100 milhões de anos.
Figura 13: A massa rochosa acima e esquerda é o Neck
vulcânico; a direita e ao fundo ver-se Terrenos Ígneos e Metafóricos do
Pré-Cambriano bastante erodidos e alto grau de intemperismo em forma de morros
em meia laranja. À abaixo a usina Ipojuca segue seu curso de moagem de
Cana-de-açúcar. Ipojuca – PE. Autor: Natalicio de Melo Rodrigues.2013.
Para formar um Neck vulcânico se faz
necessário existir um vulcão antes. Um vulcão
surge na crosta terrestre, a
profundidade que pode varia de 30 a 90 km, ou seja na em uma camada denominada
manto, logo abaixo da litosfera. Nessa
camada as rochas encontram-se fundidas pela elevada temperatura existente que
podem atingir até 1500°C. Essas rochas recebem o nome de magma (em grego,
"material pastoso") e o local onde se encontram denomina-se
reservatório magmático. O magma é circundado por rochas sólidas logo acima ou
litosfera que exerce enorme pressão.
No manto as rochas magmáticas liquidas
estão sujeitas aos movimentos internos
da crosta terrestre (movimento de convecção), podem surgir entre
algumas fendas, fazendo com que a pressão no interior da bolsa magmática diminua;
em consequência, o magma torna-se mais fluido e capaz de penetrar pela fissura
aberta. Assim acabam abrindo caminho até a superfície pelos pontos em que
as rochas são mais frágeis; nesse caso, ocorrerá o nascimento de um vulcão. Quando
a pressão diminui essa passagem aberta pode esfriar e fechar essa espécie de
túnel que se denomina conduto vulcânico ou um Neck.
Figura
14: Neck vulcânico de Ipojuca aparece destacado em meio a uma planície alveolar
circundado por colinoso e próximos as margens do rio Ipojuca: Autor: Natalicio
de Melo Rodrigues, 2013.
Os primeiros
estudo dese Neck vulcânico de Ipojuca, é atribuído a Sial et al(1987) apud Nascimento(2003) quando elucidou a
presença de diques, plugs e riolitos
nessa região, e a Mello & Siqueira(1972 os primeiro mapas geológicos e
descrição petrografica da área (NASCIMENTO, M.A.L. 2003).
Na
perspectiva Geomorfológica o Neck vulcânico localiza-se em meio ao Domínio
Morfoclimático Mares de Morros, denominação usada em conformidade com Ab’Saber (2003), a qual se atribui como característica
principal as feições mamelonares presentes na áreas tropical-atlânticas
florestadas, uma toponímia teórica, porque na verdade nem sempre isso ocorre, a Mata
Atlântica quase não existe mais, e o predomina
é um domínio grandes campos de
plantio de Cana-de-açúcar.
Na
literatura, a teoria que melhor explica o isolamento de determinadas formas de
relevo abrupto, como é o caso do Neck vulcânico de Ipojuca, em meio a uma
paisagem mamelonizada vem de Jatobá & Lins (2008). Segundo o autor, as
áreas onde se situam o Neck vulcânico, encontram-se
do ponto de vista geomorfológico em meio a uma paisagem dominada por Morfoesculturas desenvolvida por processo de
dissecação. Dissecação em Geomorfologia corresponde à ação erosiva linear,
isto é que se processa no talvegue dos rios, típica de ambiente úmido, onde as
correntes pluviais são permanentes e dotadas de grande poder erosivo. Esse
processo erosivo pretérito e ainda em curso se estabelece em fases continuas,
denominadas de estágios evolutivos do relevo.
As Morfoesculturas
desenvolvida por processo de dissecação responsável pela formação das
colinas na Zona da Mata ocorrem dentro de uma escala evolutiva que requer
milhões de anos em sua consolidação. Por vezes esquecemos que nosso litoral
encontrava-se ligado ao Africa. Por conta da questão temporal e escalar, seria impossível
para um ser humano acompanhar todas as fases de desenvolvimento desse tipo de
relevo, nesse contexto só resta ao pesquisador a buscar encontrar na atual paisagem
modificado os indícios da evolução das fases.
Assim em conformidade com o modelo, a primeira fase estágio
da evolução corresponde aos interflúvios inteiriços de uma antiga superfície de
erosão onde se iniciaria a dissecação. Na fase de transição para um segundo
estágio da evolução ocasionaria formação de grota, a grota é uma
depressão de bordo superior quase vertical, limitado ao alto por uma escarpa
curva que se amplia a partir do topo de um interflúvio e concentra as
precipitações, afunilando a vazão num sulco terminal que se aprofunda na base
da encosta (JATOBÁ & LINS, 2008).(Figura 15,16,17 e 18).
Figura
15: À esquerda a primeira fase de dissecação das antigas superfícies de erosão. Ipojuca -PE. Autor: Natalicio de Melo Rodrigues, 2013.
Figura 16: Na segunda faze segue-se a formação da grota e o inicio da separação das colinas no interflúvio. Ipojuca –PE. Autor: Natalicio de Melo Rodrigues, 2013.
Figura 17: Nessa fase as grotas evoluem para um terceiro estágio, a qual o autor denomina de fase de colo, ocasião em que as colinas não aparecem bem definidas.Autor: Natalicio de Melo
Figura 18: O processo se completa com a individualização das colinas, e instala-se um vale onde antes havia apenas um colo. Ipojuca-PE. Autor: Natalicio de Melo Rodrigues
Por sua
resistência em decorrência da sua diferente composição rochosa rioloitica, Neck
vulcânico de Ipojuca apresenta-se de forma individualizada na paisagem. Em
geral esse tipo de rocha apresenta estrutura de fluxos magmáticos e juntas
colunares horizontais e verticais não tão perceptível como uma chaminé vulcânica
(Figura 19). Mesmo apresentando zonas intemperizadas (alteradas pelas águas e
pelo clima local), guardam as características da rocha fresca, com textura
afanítica a porfirítica bem preservada (PROJETO SINGRE 2010). Os riolitos
possuem textura afanítica ou porfiríca, formado corpos com disjunções colunares
multifacetas de eixo colunar horizontais e verticais. Esse corpo magmático plutônico é segundo Sial et al(1987)
apud Nascimento(2003) composto de
riolitos.
Figura 19: A
esquerda observa no Neck vulcânico de Ipojuca disjunções verticais, a abaixo e a esquerda uma
rara inusitada formação horizontais. Ipojuca
- PE. Fonte: Natalicio de Melo Rodrigues,.2013.
Quanto aos objetos da escala
temporal menor, a cidade de Ipojuca antecede a usina, mas não o plantio da cana-de
açúcar. Criada como unidade municipal do estado de Pernambuco em 1890, em
meio a um período histórico turbulento de transição de reinado para um
republica, em que nada menos 5 governadores se alternaram no poder. Mais tarde
sob o governo de Alexandre José Barbosa Lima (1892-1896), no ano de 1895, ou
cinco anos depois, era inaugurado o mais novo elemento que componente da
paisagem, a usina Bandeira como era conhecida no passado, mas que hoje recebe a
denominação de Ipojuca marcando a chegada da Era Moderna Industrial em
substituição os velhos banguês.
Nesse
contexto, o meteorologista que viria a ficar famoso após sua morte Alfred
Wegener tinha apenas 10 anos de idade, e jamais imaginaria que essa paisagem em
meio a canavial da Zona da Mata de Pernambuco abrigaria uma dos melhores
exemplos de tectonismo vulcânico que seria usado e estudado para fundamentar
seu modelo teórico, e muito menos que se tornaria atrativo de turistas e estudiosos do assunto
Os
espaços da cana são históricos, e não se disseminaria de forma dominante se ter
sido a custa da destruição da Mata Atlântica pretérita que recobria as colinas
mamelonares. A expansão da Cana-de-açucar deu conjuntamente a prática
latifundiária monocultora, uso de mão-de obra escrava que ao longo de um
processo histórico alijou qualquer perspectiva de acesso a terra e de se uso
pra produzir alimento. Alimentado por politica e econômicas cruéis, mas que
ainda serve aos interesses e exploração econômica dos usineiros, que cerceia o
acesso a terra, e domina a população a custa de salários mínimos.
O clima é do tipo As’ com
característica quente e úmida, e com isoietas de precipitação pluviométrica que
variam 1.400 – 1600 mm, (ANDRADE, M.C, 2003), esse parâmetro climático foi de
fundamental importância para configuração da paisagem modificada. Se ao homem atribuem-se
as modificações de mata, e mudanças na função dos objetos naturais, do mesmo
modo o Clima foi um elemento importante na configuração e mudanças dos objetos
naturais, a ela se atribui a mamelonização do relevo, e a ação do intemperismo
químico que erodiu as rochas cristalinas antigas, permitiu o desenvolvimento das extensas e horizontais camadas de
solo que compões as Colinas da Zona da Mata, a qual se atribui condição de grandes
taxas de intemperismo químico, sob um processo erosivo pretérito e atual ainda
em curso, o que justifica a presença do Neck vulcânico de dureza diferenciada e por ser de rochas magmáticas vulcânicas intrusivas.
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