sexta-feira, 2 de maio de 2014

EROSÃO FLUVIAL EM LEITO ROCHOSO: O CASO DA CACHOEIRA GRANDE – ALTINHO - PE

EROSÃO FLUVIAL EM LEITO ROCHOSO: O CASO DA CACHOEIRA GRANDE  - ALTINHO - PE


Trabalho de conclusão do Curso de Licenciatura Plena em Geografia da Faculdade de Formação de Professores de Belo Jardim – FABEJA, em cumprimento aos requisitos avaliativos para obtenção da graduação em Geografia Orientador: Prof. Dr. Natalício de Melo Rodrigues.

1 INTRODUÇÃO

Na nossa sub-região Agreste pouco se valorizam os aspectos geográficos, tanto os construídos pelo homem quanto os construídos pela natureza. Não temos uma cultura de preservação nem de valorização desses aspectos, com alguns ficando desconhecidos do grande público e da academia.
A 11 Km da cidade de Altinho, seguindo-se pela estrada de terra para cachoeirinha, encontramos a Vila de Ituguaçu. Perto da vila passa o rio Una, atravessando um trecho encachoeirado ao qual se deu o nome de Cachoeira Grande, antigo nome da vila acima citada.
Há indícios que há mais de dois séculos formou-se uma fazenda de criação de gado, permanecendo daquela época uma igreja e um cemitério que foram construídos por mão-de-obra escrava contratada de outro local.
Nessa cachoeira, o intemperismo elaborou formas curiosas conhecidas como marmitas. As águas do rio Una perfuraram os lajedos, deixando cavidades arendondas com diversas dimensões e profundidades, proporcionando uma beleza natural surpreendente.
Em conformidade com calor provenientes da altas temperaturas e baixa umidade do entorno, principalmente no verão anual a temperatura desse  ambiente de Caatinga  onde a vegetação toma forma  com grande quantidade de espécies xerófitas, os termômetros podem registar variações entre 30 a 45°C, graças à irradiação solar sobre as rochas desnudas.
 A Cachoeira Grande e a Vila de Ituguaçu, apesar de situarem-se distantes dos núcleos urbanos mais próximos – Altinho e Cachoeirinha, possuem características peculiares que devem ser exploradas por pesquisadores. Para isso, devem ser melhor conhecidos e analisados, criando-se propostas de utilização adequada, sem descuidar da preservação e, também de uma reconstrução do que já foi destruído, como por exemplo, a vegetação primitiva.
Sendo um ambiente tão rico em potencial educativo para a Geografia, deve-se desenvolver uma proposta de ensino que busque analisar e mostrar os fenômenos que ali ocorrem, valorizando-se um bem natural desprezado pelos poderes públicos e desconhecido em importância  pela população.
Não existem registros escritos sobre a evolução da Vila de Ituguaçu, nem sobre os fenômenos naturais que ocorrem na Cachoeira Grande. Essa lacuna motivou-nos a desenvolver um trabalho de descrição e de análise dos fenômenos naturais que ocorrem no local, utilizando a observação de campo e uma bibliografia adequada. Por isso, o principal objetivo desse TCC de pesquisa é descrever e analisar os processos de intemperismo que ocorrem na área em estudo e seus resultados no modelado local. Como objetivos secundários, mas não de menor importância, analisamos as condições físicas locais e a vegetação e defendemos três propostas de utilização do espaço referente à Cachoeira Grande e seu entorno para o desenvolvimento do ensino de Geografia


2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A área a ser estudada trata-se de um trecho do curso médio do rio Una que no local apresenta bastante inclinação de 45%, à qual os registros geográficos e a população denominam de Cachoeira Grande. Na literatura geográfica, entende-se por cachoeira um desnível vertical resultante da natureza diferenciada de resistência entre camadas de rochas. “As cachoeiras são o resultado da diferença de resistência de erosão oferecida pelas rochas cortadas pelo curso de água” (FLEURY, 1995, p.114). Além desse aspecto, elas também podem ser formadas por causa de falhas e diques.
Tratando-se de um trecho onde a velocidade das águas é bastante rápida no período de enxentes, onde o rio faz seu trabalho de erosão, escavando o leito e deixando como resultado as marmitas, um amontoado de blocos rochosos e várias geoformas, além de bancos de areia.
Segundo Fleury(1995, p.112): “Os cursos d’água têm ação erosiva em função da velocidade da corrente de suas águas, velocidade esta que é função da topografia ou relevo da região, do regime pluvial da região, da idade do curso de água e da carga transportada” e que a desagregação das rochas ocorre por causa do intemperismo, porque é um processo geológico formado pelas forças físicas e químicas que atuam na superfície terrestre, as quais transformam as rochas duras e ceosas de qualquer espécie em fragmentos soltos de diversos tamanhos, friáveis e frouxos.
Jatobá; Lins (1998, p.78) por sua vez, baseados em Tricart e Cailleux, afirmam que o clima influencia no relevo terrestre de duas maneiras: direta e indireta. “As influências diretas são decorrentes dos principais elementos do clima sobre os corpos rochosos que estão expostos ao ar atmosférico. Esses elementos são sobretudo as precipitações, a umidade, a temperatura do ar e os ventos”.
Bigarella et al. (2007) nos permitem analisar os fenômenos físicos que ocorrem no local em estudo, a partir de suas explicações sobre os níveis de base (p.100) e dos processos de intemperismo mecânico, quando explica os efeitos das mudanças térmicas sobre as rochas da superfície terrestre (p.310-318).
De Martonne (1953), com seu Panorama da Geografia, proporciona o conhecimento de vários conceitos aplicáveis aos cursos fluviais rápidos, quando trata do modelado da erosão normal. Para este estudioso,“A torrente é, portanto, um organismo de erosão completo; nela actuam todas as forças que concorrem para o modelado da erosão normal: escavamento do leito, desagregação das vertentes e arrastamento e acumulação de detritos. É na bacia de recepção que parece ser executado o trabalho mais importante; este trabalho depende da incisão do talvegue no canal de escoamento, que evacua os detritos juntamente com as águas. Se o escavamento do leito desempenha um papel essencial nas torrentes, por mais forte razão, deve ser o primeiro factor a considerar na bacia dum rio regular” (DE MARTONNE, 1953, p. 480-481).
Explicando sobre o perfil de equilíbrio de um rio e o nível de base, o autor permite aplicar seus conhecimentos em determinados trechos fluviais de escoamento rápido, além de destacar a formação das marmitas e o entalhamento do talvegue fluvial.
Lima (2010), investigando sobre os rios de leito rochoso, explica os fenômenos intempéricos mediante uma literatura atualizada em língua inglesa, suprindo uma parte da necessidade em conhecimento desse tipo de leito fluvial, aqui no Brasil, trazendo novos conceitos e alertando para a reutilização de termos antigos que voltaram a ser utilizados para entendimento do assunto.
Leinz; Amaral (2001), com a obra Geologia Geral, apresentam com grande clareza as propriedades físicas e químicas dos minerais e as características das rochas. Os intemperismos físico e químico são apresentados, também, de maneira bem didática, simplificando o modo de transmitir os conhecimentos.
Ab’Sáber (1956-1957), tratando do significado geomorfológico da rede hidrográfica do Nordeste Oriental brasileiro, destaca o planalto Borborema como o local das cabeceiras dos principais rios nordestinos, que “[...] formam um magro sistema de cursos d’água de áreas semiáridas, intermitentes e irregulares, dotados de fraquíssimo poderio energético” (AB’SÁBER, 1956-1957, p. 2). Este autor destaca que os atuais vales desses rios provavelmente se formaram em épocas de maior pluviosidade, pois pelo que se apresenta na atualidade seria impossível os rios citados terem construído os vales como se apresentam.
A nosso ver, os autores acima citados, somando-se a outros, forneceram os subsídios necessários ao desenvolvimento do estudo, envolvendo a caracterização física e os resultados dos processos naturais do local.
O presente trabalho TCC apresentará as seguintes etapas: inicia com a introdução; na segunda parte, faz-se um aprofundamento dos fundamentos teóricos, incluindo a localização e um breve histórico do local a ser estudado e seu entorno, estendendo-se com a apresentação das condições físicas, os tipos de rochas, suas características e os processos de intemperismo que atuam sobre as mesmas, concluindo com a análise da dinâmica climática regional. Em terceiro, apresenta uma caracterização hidrográfica do local em estudo, analisa a importância das variações climáticas, os fenômenos erosivos e as formas resultantes das ações do intemperismo, finalizando com a apresentação de três propostas de utilização do local como área de estudo da geografia. Encerrando o trabalho, a última parte ficou para as considerações finais e as importantes referências da pesquisa.

 2.1 LOCALIZAÇÃO E HISTÓRICO DA ÁREA EM ESTUDO

O município de Altinho está situado na mesorregião Agreste de Pernambuco, na microrregião Brejo Pernambucano. Participa com 0,46 % da extensão territorial do Estado, possuindo uma área de 452,6km², dos quais 98,52% estão inseridos na Bacia dorio Una, às margens do qual está inserida sua sede. Localiza-se nas seguintes coordenadas geográficas: latitude 08°29’23”Sul e longitude 36°03’34”Oeste de Greenwich, a 454 m de altitude. Distante 163,1 km da capital Recife, limita-se ao Norte com Caruaru e São Caitano, ao Sul com Ibirajuba, Panelas e Cupira, a Leste com Agrestina e a Oeste com Cachoeirinha do rio Una, às margens do qual está inserida sua sede. Localiza-se nas seguintes coordenadas geográficas: latitude 08°29’23”Sul e longitude 36°03’34”Oeste de Greenwich, a 454 m de altitude. Distante 163,1 km da capital Recife, limita-se ao Norte com Caruaru e São Caitano, ao Sul com Ibirajuba, Panelas e Cupira, a Leste com Agrestina e a Oeste com Cachoeirinha.


FIGURA 01e 02. Localização de Altinho e da área em estudo, o primeiro mapa mostra o estado de Pernambuco. O segundo mapa mostra a localização de Altinho e o local de estudo Ituguaçu.Fonte: Adaptado de Ministério de Minas e Energia, 2005.

2.1.1 Origem do município de Altinho

Anteriormente pertencia ao município de Caruaru, tendo sido desmembrado em 30 de maio de 1881. A cidade de Altinho se originou da antiga Fazenda Nossa Senhora do Ó do Altinho Ribeira d’Una, fundada pelo Capitão Antonio Vieira de Melo, sesmeiro, no final do século XVII.
José Vieira de Melo, neto do fundador, que nasceu em 1737, herdou a dita fazenda e, em 1773, construiu uma capela. Relatos sobre o município tudo leva a crer  que o lugar obteve bastante crescimento a partir da construção da capela, quando as cercanias começaram a ser ocupadas por moradias, ampliando o espaço. A passagem da Estrada Geral Recife–Garanhuns pelo local também contribuiu para o crescimento da povoação que despontava.
A vila de Altinho foi elevada à categoria de cidade em 28 de junho de 1899, início do Período Republicano, pela Lei Estadual nº 400. Registra-se que o povoamento de Altinho se destacou na história do Brasil durante a Revolução dos Cabanos, pois em 2 de abril de 1833 houve um combate importante no local. Os cabanos, entrincheirados nos alicerces da igreja, trocaram tiros com as tropas do Centro, escondidas em um sobrado. Atualmente, o município possui cerca de 22.370 hab (IBGE, 2011), distribuídos por uma área de 452,6 km2. O IDH – Índice de Desenvolvimento Humano – é de 0,59

2.1.2 Ituguaçu

Atualmente, o município de Altinho é dividido em dois distritos: Altinho (Sede) e Ituguaçu. Tendo como primeiro nome Cachoeira Grande, o distrito de Ituguaçu foi criado pela Lei Municipal nº 35, de 20 de agosto de 1900. Em 9 de dezembro de 1938, através do Decreto-Lei nº 235, passa a se chamar Ituguaçu, o que significa “cachoeira grande”, em língua indígena.

FIGURA 3: Vista da praça da Nossa Senhora do Ó padroeira do município  de Altinho-PE

2.2 CONDIÇÕES FÍSICAS

2.2.1 Aspectos da Geologia local
Com a maior parte dos terrenos assentados sobre rochas muito antigas, provenientes do Pré-Cambriano, o embasamento geológico do Estado de Pernambuco é constituído de granitos e gnaisses. “O subsolo pernambucano é formado dominantemente por rochas precambrianas, com idade de até 3,2 bilhões de anos, que ocupam cerca de 90% do seu território” (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA: 2001, p. 82).
Observando-se o mapa proposto por Andrade et al. (2003, p. 29), o Estado de Pernambuco está dividido geologicamente em vários terrenos: sedimentares, vulcânicos e ígneos e metamórficos, das mais variadas idades, partindo do Pré-Cambriano até o Quaternário. Grandes falhas são apontadas, destacando-se a de rejeito direcional conhecida por Lineamento Pernambucano, a qual se traduz num dos aspectos mais importantes da estrutura geológica do Nordeste Brasileiro.
Para situarmos o local em estudo do ponto de vista geológico, temos que entender alguns aspectos da Província Borborema. Pelas novidades tecnológicas e científicas que aparecem, torna-se muito complexo o entendimento de sua formação, sendo necessário dividi-la. Alguns estudiosos propuseram sua compartimentação em sistemas de dobramento, maciços, domínios e faixas; outros, domínios e faixas de dobramento. Atualmente, alguns reviram e/ou propuseram a compartimentação baseada num processo de colagem de terrenos tectono-estratigráficos distintos.
Conforme documento da CPRM (s/d, p.4), citando Gibbons, diz que “[...] de acordo com este autor, a palavra terreno, quando usada sem conotação de terreno suspeito, refere-se simplesmente a uma área que possui sua própria e distinta geologia: a área ou superfície na qual um tipo ou grupo particular de rocha é dominante”. Baseada em Almeida, Lins (1989, p. 35) afirma que “[...] o Agreste pernambucano, em quase toda sua totalidade, assenta-se sobre terrenos antigos, de idade pré-cambriana, pertencente ao núcleo nordestino do Escudo Brasileiro, mais especificamente na Província Estrutural da Borborema”.
O Terreno Pernambuco-Alagoas é a porção da Província Borborema limitada ao norte pelo Lineamento Pernambuco. A área em estudo está inserida na porção centro-setentrional do TPA. O local e o entorno são de origem Meso e Neoproterozóica (entre 1,6 a 0,54 bilhões de anos) composto de rochas metaplutônicas e plutônicas. São encontradas, mediante mapeamento oficial, áreas de contato litológico, falhas ou zonas de cisalhamento prováveis, com contatos definidos entre as suítes.
Segundo Governo do Estado de Pernambuco (1997, p. 89), a bacia hidrográfica do rio Una é constituída pelo Complexo Migmatítico-Granitóide– pCmi, com participação aproximadamente igual entre os granitos e os migmatitos.

De acordo com Ministério de Minas e Energia (2005, p. 4), “O município de Altinho encontra-se inserido, geologicamente, na Província Borborema, sendo constituído pelos litotipos da Suíte Serra de Taquaritinga, dos Granitóides Indiscriminados e das suítes Calcialcalinas de Médio a Alto Potássio Itaporanga e Shoshonítica Salgueiro/Terra Nova [...]”. 
FIGURA 04. Aspectos geológicos do município de Altinho Geológico. Fonte: Ministério de Minas e Energia: outubro/2005.

2.2.2 Relevo

Na classificação geral de Jurandir Ross onde consideração apenas a escala maior de relação entre erosão, transporte e sedimentação o relevo pernambucano é composto de planaltos, depressões, e planícies. Entretanto descendo a escala vamos encontrar diferentes forma de relevo embutidas nos Planaltos, como é caso do tabuleiros costeiros, as praias, os cabos que caracterizam a Planície Litorânea, na área úmida e colinoso da Zona da Mata, onde predomina os processos de colinização sobre  e maciços residuais,  onde encontram-se a formação de colinas e o cone vulcânico de Ipojuca, no interior semiárido as chapadas sedimentares do Araripe, de São José e Catimbau, morros testemunho em sua proximidades . Mas é sob o semiárido nos processos de pedimentação onde se destaca os pediplanos e pedimento que caracteriza área estudada.
Pernambuco tem na sua historia de relevo situada como fruto da interface de fenômenos geológica – geomorfológica. Os fenômenos geológico antigos estruturais diz respeito ao tectonismo, estudos apontam que Há cerca e 550 milhões de anos, na Era Neoproterozóica, onde hoje é Pernambuco formou-se uma grande cadeia de montanhas, restando algumas evidências em forma de rochas magmáticas intrusivas (granitos) e metamórficas (xistos e gnaisses). Nesse período, chamado de Idade Pré-Cambriana, os supercontinentes Laurásia e Gondwana estavam ainda ligados, formando o Pangeia.
Tudo indica que até o Cretáceo Superior, cerca de 120 milhões de anos atrás, o território permaneceu estável, sem ocorrência de grandes cataclismos tectônicos. Porém, o supercontinente Gondwana começou a se fragmentar em diversas placas tectônicas, iniciando a separação da América do Sul e da África e o aparecimento do Oceano Atlântico, essa estabilidades terminaram.
Com a separação do Paleo-continente Gondwana, a porção leste da América do Sul sofreu um levantamento, ocorrendo um rejuvenescimento e maior ação erosiva na costa do Brasil. A América do Sul continuou a se elevar. No interior, as rochas antigas (ígneas e metamórficas) ficaram cada vez mais elevadas, formando um grande domo arqueamento), ao qual desenvolveu o que se denomina hoje de Planalto da Borborema, na atualidade um grande domo que mudou toda a rede de drenagem hídrica em realocou em direção ao oceano Atlântico em drenagem exorréica.
A área em estudo está inserida nos domínios do Planalto Borborema. Segundo Ministério do Interior (1973, p.54), “a Borborema constitui, em verdade, o mais elevado bloco contínuo do Nordeste Brasileiro e elemento fundamental no relevo regional que, juntamente com a chapada do Araripe, comandam toda a rede de drenagem do Estado”.

O Planalto Borborema possui altitudes variando entre 400m e 1.100m. Ministério do Interior (1973, p. 55) divide-o nas seguintes partes: a) faixa de contorno; b) plataformas aplainadas e superfícies de níveis elevados. Para simplificação do nosso estudo, dividiremos o segundo item, considerando apenas as plataformas aplainadas, porção onde está inserida a área de nosso interesse.
As superfícies podem não parecer que sejam tipicamente de planalto por causa de suas irregularidades. São plataformas cristalinas muito atingidas pela erosão laminar e diferencial. Possuem relevo ondulado com vales abertos e declividades predominantes entre 3 e 8% e topos aplainados (Ministério do Interior: 1973, p.56). Podem ser encontradas algumas significativas elevações ou mesmo trechos planos ou ondulados próximos às linhas de drenagem





2.2.3 Solos

Normalmente, o solo é definido como a camada superficial de terra arável possuidora de vida microbiana. Já o regolito é considerado como o material decomposto que fica diretamente sobre a rocha-matriz sem ter sofrido deslocamento, não dispondo de elementos bióticos. Normalmente os solos apresentam várias camadas distintas, chamadas de horizontes. O regolito é considerado por alguns como o horizonte C, a rocha decomposta ou alterada.
O solo é o meio natural no qual os seres humanos cultivam vegetais utilizados em seu consumo. O seu limite superior é a atmosfera e o inferior a rocha ainda inalterada. Os solos são constituídos basicamente de partículas minerais – o que aparece em maior quantidade, matéria orgânica, água e ar. O clima, a rocha, os organismos vivos, o relevo e o tempo, combinados, são os fatores que mais influenciam para a formação dos solos, em qualquer parte do planeta.
A denominação do solo em eutrófico refere-se às boas condições que apresenta para o desenvolvimento da vegetação. Quanto à denominação distrófico, representa o contrário. Em nosso Estado, por causa da variedade de rochas, relevo e clima, existe uma grande diversidade de solos. No entanto, na área em estudo e seu entorno, são os seguintes os tipos de solos:
Planossolos – são moderadamente ácidos, com grande contraste na textura, com acentuada concentração de argila em seu horizonte B. Compõem-se de saprolito de gnaisses e granitos, destacando-se biotita-gnaisse, milonito gnaisse e biotita-granito, com influência de cobertura de material arenoso. Aparecem em relevo plano ou suavemente ondulado, recoberto pela caatinga hipoxerófila. Associam-se a soloslitólicos e afloramento de rochas. Na classificação da Embrapa (1999), refere-se ao PL 22.
Regossolos – apresentam uma textura arenosa, medianamente profundos e de perfil pouco desenvolvido. Apresentam-se ácidos, mesmo bem drenados. Compõem-se de saprolito de granitos, granitos gnáissicos, gnaisses e migmatitos. Associam-se aos Planossolos e aos Solos Litólicos e Afloramentos de Rochas. Também aparecem em relevo plano, suavemente ondulado ou mesmo forte ondulado, recobertos pela caatinga hipoxerófila. Na classificação da Embrapa (1999), referem-se aos RE 3, RE 10, RE 15 e RE 22.

2.3 AS ROCHAS E OS AGENTES DO INTEMPERISMO


Normalmente as rochas são definidas como agregados naturais de várias espécies de minerais, sendo que a composição mineralógica é o que define seu tipo ou espécie. “São elas nitidamente individualizadas, porque os minerais se agregam obedecendo a leis físicas, químicas ou físico-químicas, dependendo das condições em que se forma esta ou aquela rocha” (LEINZ; AMARAL: 2001, p. 33).

Todas as rochas existentes na crosta terrestre podem ser agrupadas da seguinte maneira:
1 - Ígneas ou magmáticas – são as que se originam do magma oriundo das altas profundidades, em estado de fusão por causa das temperaturas elevadas, superiores a 1.000°C. São consideradas rochas primárias por permitirem a formação dos outros tipos. O magma se constitui de silicatos, óxidos, sulfetos, gases, vapor d’água e íons dissociados, ao qual se denomina lava quando chega à superfície terrestre. Quando a formação da rocha ocorre nas camadas litosféricas mais próximas do manto, chamam-se de plutônicas ou intrusivas: diorito, sienito, granito, gabro etc; quando sua formação se dá na superfície ou subsuperfície, por causa da lava expelida por fendas ou fraturas da crosta terrestre, dá-se o nome de extrusiva ou vulcânica: basalto, andesito, riolito, traquito etc.
2 - Metamórficas – originam-se por transformação de rochas preexistentes (magmáticas e sedimentares) por causa das altas pressões e altas temperaturas do interior da litosfera, sem passar pelo estado de fusão. São rochas de origem profunda. São alteradas pelo calor, gases ou fluidos, e pela pressão provocada pelo magma. Em alguns casos, a pressão exercida por espessos capeamentos de rochas sedimentares provocam o metamorfismo. Para Bigarella et al. (2007, p.54), “rocha metamórfica é, pois, aquela que sofreu mudanças na sua constituição mineral e na textura, em consequência de importantes transformações nos ambientes físico e químico do interior da crosta”. São exemplos de rochas metamórficas: gnaisse, mármore, quartzito, ardósia, migmatito etc.

3 - Sedimentares – são aquelas formadas a partir de materiais originados da destruição erosiva das rochas preexistentes. Formam-se por acumulação sucessiva de partículas ou sedimentos nas depressões naturais ou bacias marinhas, oceânicas ou continentais. Este grupo de rochas pode ser subdividido em vários subgrupos, mediante vários princípios, como o ambiente, o tipo de sedimentação, a constituição mineralógica ou o tamanho das partículas. Normalmente são classificadas em: sedimentos clásticos ou mecânicos, sedimentos químicos, e sedimentos orgânicos. Para nosso estudo, interessam os seguintes sedimentos clásticos ou mecânicos: argila, silte, areia e cascalho.
2.3.2 Rochas do local

O granito ocorre juntamente com os gnaisses no embasamento cristalino, o qual constitui o substrato da crosta siálica que forma os blocos continentais. Para nosso estudo, centraremos as atenções principalmente na rocha granítica, no migmatito e no gnaisse, os quais se traduzem na predominância do leito rochoso da área. Quanto às areias e cascalho (rochas sedimentares), serão analisadas mais à frente.
Os granitos são as principais rochas que constituem a parte superior da crosta terrestre. Também são as rochas ígneas mais frequentes que afloram nos continentes. “O granito constitui uma rocha de coloração clara composta essencialmente de quartzo e feldspato, com pequenas quantidades de outros minerais, principalmente mica (moscovita e/ou biotita) e anfibólio (em geral hornblenda)” Bigarella et al. (2007, p. 42). Possuem granulação grosseira, variando de milimétrica a centimétrica.
Os gnaisses formam-se em condições de temperatura e pressão bastante elevadas. São rochas de granulação média a grosseira, com aspecto listrado, onde os componentes minerais dispõem-se em faixas escuras e claras. Como ocorre da transformação do granito, possui os mesmos minerais de composição.
Os migmatitos – para Leinz; Amaral (2001, p. 51) são uma variedade de gnaisse, característicos do Pré-Cambriano brasileiro. Possuem faixas reconhecidas macroscopicamente como ígneas, intercaladas em rocha gnáissica (metamórfica), sendo as faixas ígneas mais claras. Para Bigarella et al. (2007, p. 61), são rochas mistas, “[...] constituídas por um componente antigo (hospedeiro), geralmente xisto ou gnaisse e um componente granítico.” O granito forma camadas, bolsões ou veios, ou pode ficar distribuído uniformemente nas rochas. Os minerais dos xistos e gnaisses compõem a parte escura, enquanto os feldspatos alcalinos e o quartzo compõem a parte clara.

2.3.3 Fatores de resistência das rochas à erosão

Ter conhecimento da resistência das rochas é de fundamental importância porque as várias características geomorfológicas do relevo têm a ver com a capacidade erosiva dos corpos rochosos. Segundo Castro; Jatobá (2004, p. 88), “a evolução do relevo possui um certo vínculo de natureza genética bastante acentuado com o tipo de rocha subjacente e o processo de meteorização desenvolvido sobre ela”. Esses autores apresentam três fatores de resistência das rochas à erosão física: coesão, permeabilidade e alterabilidade.
A coesão é a maior ou menor solidez da agregação dos elementos constituintes das rochas” (CASTRO; JATOBÁ: 2004, p. 87). Quando as rochas apresentam uma grande coesão (junção) dos minerais dos quais se constituem, passam a oferecer resistência mais significativa ao intemperismo mecânico, o que não ocorre com rochas formadas de partículas livres, como a areia. O granito é uma rocha possuidora de grande coesão dos seus minerais constituintes.
A permeabilidade é a propriedade que tem uma rocha de se deixar atravessar pelas águas de infiltração” (CASTRO; JATOBÁ: 2004, p. 87). Os granitos e gnaisses pouco alterados apresentam terrenos impermeáveis, onde o escoamento superficial representa mais de 90% do escoamento total. Contribuem para isso os terrenos compactos e coesos que não apresentam fissuras ou as existentes são entupidas de material muito fino.
Alterabilidade - “As rochas coerentes, formadas por minerais unidos entre si por um cimento pouco alterado, apresentarão uma maior resistência à erosão [...]” (CASTRO; JATOBÁ: 2004, p. 87).
Também existem os fatores de natureza química que influenciam na formação e evolução do relevo terrestre, como a homogeneidade da rocha, a condutibilidade e a solubilidade, mas não são de grande importância para nosso estudo.

2.3.4 Intemperismo

A definição a seguir retrata com qualidade o que seja intemperismo: “Intemperismo ou meteorização é o processo geológico constituído pelas ações físicas e químicas que se realizam na superfície dos terrenos,provocando a transformação dos agregados rochosos de qualquer espécie, ceosos e duros, em materiais friáveis e frouxos, totalmente soltos, constituídos de partículas de diversos tamanhos” (FLEURY: 1995, p. 199).
Para Leinz; Amaral (2001, p. 55), “o intemperismo constitui o conjunto de processos operantes na superfície terrestre que ocasionam a decomposição dos minerais das rochas, graças à ação de agentes atmosféricos e biológicos.”
Leinz; Amaral (2001, p. 57), referindo-se aos processos intempéricos, dizem que “tais fenômenos podem ser físicos, químicos, biológicos e físico-químicos, agindo separada ou conjuntamente, dependendo das condições climáticas locais e da própria rocha em si”.
Normalmente são apontados dois tipos de intemperismo: físico e químico. Essas duas ações podem ocorrer isoladamente, alternadamente ou concomitantemente. Com a ação física, dá-se a desintegração; e com a ação química, a decomposição.
A desintegração ou intemperismo físico pode ocorrer de várias maneiras: disjunções do corpo rochoso em grandes blocos, desmantelamento da rocha em fragmentos menores e desiguais, e desgaste continuado da rocha.
A decomposição ou intemperismo químico ocorre por causa das reações químicas naturais, sempre com a ação da água atacando os minerais, formando novos minerais e liberando vários elementos e íons.
Os seres vivos também participam para o intemperismo físico ou químico, no entanto, geralmente o efeito é muito reduzido.
A ação mecânica das temperaturas, das águas, dos ventos e do gelo são os principais agentes físicos da desagregação das rochas. As ações dos ventos e do gelo não serão analisadas porque não interferem na área estudada.

2.3.5 A variação das temperaturas

Os minerais que compõem as rochas possuem coeficientes de dilatação diferentes. Os esforços intermitentes durante séculos, por causa do aquecimento diurno e do esfriamento noturno, enfraquecem os minerais, desagregando-os e reduzindo-os a pequenos fragmentos.
Para Fleury (1995, p. 200), “A ação da temperatura se dá praticamente em todos os climas, mas nas regiões de climas tropicais e subtropicais esta ação é extremamente acentuada, constituindo um agente físico poderoso do intemperismo, porque as variações térmicas diurnas são muito acentuadas.”
As temperaturas normalmente altas durante o dia provocam a dilatação dos minerais de maneira irregular; à noite, com o rebaixamento da temperatura, os minerais contraem-se, provocando fadiga nas rochas, o que permite o aparecimento de fissuras, fraturas e esfoliações. As temperaturas, como agentes do intemperismo físico, são mais eficientes nas zonas de pouca umidade, como as áreas desérticas e semidesérticas, provocando intenso fendilhamento nas rochas.
As temperaturas podem provocar os seguintes efeitos nas rochas (FLEURY: 1995, p. 200):
Fraturamento: fissuras – rachaduras muito pequenas, parecidas com trincamento; diáclases – rachaduras que se abrem, permitindo a livre circulação da água.
Esfoliação: as rochas expostas na superfície sofrem descamamentos de forma concêntrica na área exposta, formando blocos arredondados.
Diaclasamento horizontal: ocorrem nas partes expostas das rochas, quando se dá um resfriamento rápido de superfície, quebrando o material em linha horizontal, aparecendo as lascas de pedra.
Pelas condições de clima tropical que temos, as rochas têm a tendência de se decompor, formando o manto de intemperismo ou regolito. O regolito (do grego, rhegos – manto, cobertura) é todo material incoerente, arenoso ou argiloso, que ainda não foi colonizado por organismos vivos. Quando isso ocore, classifica-se como solo.
2.3.6 A ação mecânica das águas

Na tumefação, a umidade absorvida pela rocha, repetidamente, exerce ação mecânica de inchaço por causa da mudança de volume, o que contribui para a desagregação. Ao perder umidade, a rocha sofre a contração. “A ação alternante de umidificação e dessecamento parece ser bastante efetiva, exercendo ações comparáveis, às vezes, mais acentuadas do que aquelas das expansões e contrações térmicas” (BIGARELLA et al.: 2007, p. 325).
Bigarella et al. (2007, p. 325) citam os experimentos de Nepper-Christensen, com amostras de basalto, e do laboratório do State Rivers and Water Supply Comission of Victoria, da Austrália, com amostras de arenitos, siltitos, folhelhos e lamitos silurianos, cujas experiências obtiveram resultados diversificados. As amostras de basalto chegaram a sofrer contrações entre 0,015 a 0,02%. Na segunda experiência, a desagregação ocorreu ao longo dos planos de estratificação, de fratura ou diáclases.
Apesar da importância da tumefação, Bigarella (2007) alerta que os processos que levam a isso ainda não são bem conhecidos e compreendidos.

2.3.7 Abrasão mecânica das águas correntes

A abrasão mecânica pode ser provocada pela água corrente, pelas ondas e correntes marinhas, pelo vento e pelas geleiras. Interessa-nos o primeiro agente porque estamos estudando, principalmente, leito rochoso de rio.
“Na ação fluvial o aprofundamento do leito do rio em substrato rochoso duro faz-se, em grande parte, pelo atrito mecânico, principalmente através do impacto de fenoclastos (seixos e blocos)” (BIGARELLA: 2007, p. 327).
O desgaste pela abrasão mecânica ocorre pela fricção – quando uma rocha desliza sobre outra, ou pelo impacto dos grãos transportados contra o substrato rochoso do leito. Segundo Fairbridge, citado por Bigarella (2007, p. 327), a abrasão é um processo físico de friccionamento, polimento ou raspagem, que provoca erosão nas partículas rochosas. O resultado é um material síltico ou argiloso.

2.3.8 Intemperismo físico-biológico

O crescimento das raízes das plantas exerce pressão nas fendas ou diáclases das rochas, favorecendo o ataque dos agentes químicos. Se as fendas o permitirem ou a resistência da rocha não seja muito grande, o próprio vento faz balançar o vegetal, o qpode aprofundar o processo mecânico que, por sua vez, favorece o processo químico. Minhocas, formigas, cupins e vários animais roedores que fazem buracos no solo, também contribuem para o intemperismo, à medida que afofam o solo, permitindo a ação dos agentes de intemperismo.















FIGURA 06 Arvoredo situado em fenda rochosa um exemplar considerado de agente biológico erosivo– Fonte: Trabalho de campo -Natalicio de Melo Rodrigues e Laudenor Pereira, 2012. 

2.3.9 Intemperismo químico

Para Leinz; Amaral (2001) é a decomposição química. “Este processo de intemperismo é caracterizado pela reação química entre rocha e soluções aquosas diversas” (LEINZ; AMARAL, 2001, p. 60).
Para Fleury (1995, p.208),“Por intemperismo químico se entende o conjunto de reações químicas naturais que se processam na superfície da crosta terrestre, decompondo os minerais das rochas desde a superfície até profundidades variáveis, transformando-as em agregados friáveis e formando novos minerais, por substituição e perdas iônicas.”
O processo de intemperismo químico torna-se mais eficiente nas rochas previamente fragmentadas pelo intemperismo físico. Os fragmentos menores e as fraturas permitem a percolação da água. A água, nas suas formas líquida e gasosa, são o principal responsável pela decomposição das rochas. Penetrando nos corpos rochosos provoca inúmeras reações químicas naturais. Estas provocam o desmantelamento das estruturas mineralógicas dos componentes das rochas, como afirmam os autores estudados.
As águas das chuvas não são puras porque existem gases do ar dissolvidos nelas. O oxigênio e o gás carbônico são poderosos elementos de reação química nas rochas. O nitrogênio, apesar de ser considerado inerte, com a ação das faíscas elétricas e do oxigênio do ar nos dias de chuvas, proporciona a formação de ácido nitroso e nítrico, o que favorece a corrosão nas rochas.
Segundo Fleury (1995, p. 209), “A característica principal do intemperismo químico é promover o desaparecimento dos minerais primários ou primitivos das rochas, fazendo aparecer no lugar deles os minerais secundários, que são pobres ou desprovidos das bases iônicas que existem na rede estrutural dos minerais primitivos [...]”
Para Leinz; Amaral (2001, p. 61), “[ ] a marcha e o resultado final destes processos dependem principalmente da rocha, do clima, da cobertura vegetal, da topografia e do tempo de duração dos referidos processos”. Estes autores apontam três estádios na evolução do intemperismo químico de uma rocha, tomando como exemplouma rocha cristalina: 1 – ataque químico ao feldspato – perda do brilho característico. A biotita perde parcialmente a coloração. A textura da rocha é conservada. 2 – os minerais são totalmente decompostos – ainda é percebida a textura original da rocha. O material resultante é o ‘saibro’. 3 – decomposição total da rocha – a textura desaparece por completo. Forma-se o solo ou regolito.

2.3.10 Processos de decomposição química no leito rochoso na Cachoeira Grande

Na pesquisa de campo no leito da Cachoeira grande observou diversos parâmetros de decomposição química em Conforme a natureza da reação química existente no processo de decomposição citados pelos autores de geológica e que normalmente são indicadas as seguintes decomposições/reações:
Decomposição por oxidação - pode ser causada tanto por agentes orgânicos como inorgânicos. O metabolismo de bactérias (orgânico), por exemplo, atinge o ferro e o manganês das rochas, aparecendo mudança de cor para vermelho ou amarelo, indicando o primeiro indício de decomposição. O ácido sulfúrico também está neste grupo.
Decomposição por hidrólise – segundo Fleury (1995), é a reação química mais importante porque o íon H+ da película de água, por causa do seu pequeno diâmetro, é absorvida pelo mineral e se desloca através dos canais abertos na sua estrutura.
“Lá dentro, provoca um desequilíbrio elétrico na estrutura eletricamente satisfeita do silicato, e por ser bem menor e com um campo elétrico mais forte, o íon H+ se mantém na estrutura do mineral, deslocando dele outros íons metálicos, mais fracos eletricamente, como o cálcio, o sódio, o potássio, o magnésio, o ferro e outros” (FLEURY: 1995, p. 213).
Decomposição por hidratação – o mineral é atacado pela ação da água e adquire uma ou mais moléculas de água. Daí ocorre o aumento de volume do mineral, provocando grandes efeitos mecânicos no corpo rochoso. As micas perdem suas propriedades físicas com facilidade nesse processo.
Decomposição pelo ácido carbônico – para Leinz; Amaral (2001), provavelmente é o agente químico mais importante do intemperismo (veja-se decomposição por hidrólise, anteriormente) porque age constantemente sobre os feldspatos, os minerais mais comuns das rochas da crosta terrestre. Segundo os autores acima citados (p. 63), quando a água da chuva dissolve o CO2 da atmosfera, a maior parte continua em solução, “[..] enquanto uma pequena parte se combina com a água para dar ácido carbônico, que se encontra sempre em estado de dissociação”.
Decomposição por queluviação (LEINZ; AMARAL: 2001, p. 62) ou redução (FLEURY: 1995, p. 211) – nomes diferentes dados pelos autores citados, significando uma reação contrária à oxidação, ou seja, nos pântanos, alagados ou zona saturada do subsolo, com a oxigenação imperfeita ou ausente, a decomposição de materiais orgânicos produz o carbono, um agente químico redutor bastante eficaz. O lodo verde é resultado de ambiente redutor. Os quelatos são os compostos orgânicos resultantes da decomposição do húmus, segundo Leinz; Amaral (2001, p. 62). uma ou mais moléculas de água. Daí ocorre o aumento de volume do mineral, provocando grandes efeitos mecânicos no corpo rochoso. As micas perdem suas propriedades físicas com facilidade nesse processo.
Decomposição pelo ácido carbônico – para Leinz; Amaral (2001), provavelmente é o agente químico mais importante do intemperismo (veja-se decomposição por hidrólise, anteriormente) porque age constantemente sobre os feldspatos, os minerais mais comuns das rochas da crosta terrestre. Segundo os autores acima citados (p. 63), quando a água da chuva dissolve o CO2 da atmosfera, a maior parte continua em solução, “[..] enquanto uma pequena parte se combina com a água para dar ácido carbônico, que se encontra sempre em estado de dissociação”.
Decomposição por queluviação (LEINZ; AMARAL: 2001, p. 62) ou redução (FLEURY: 1995, p. 211) – nomes diferentes dados pelos autores citados, significando uma reação contrária à oxidação, ou seja, nos pântanos, alagados ou zona saturada do subsolo, com a oxigenação imperfeita ou ausente, a decomposição de materiais orgânicos produz o carbono, um agente químico redutor bastante eficaz. O lodo verde é resultado de ambiente redutor. Os quelatos são os compostos orgânicos resultantes da decomposição do húmus, segundo Leinz; Amaral (2001, p. 62).














FIGURA 07 Água semi-estagnada – Cachoeira Grande – Altinho-PE. 
Fonte:  Natalicio de Melo Rodrigues e Laudenor Pereira, 2012.

Decomposição químico-biológica – segundo Leinz; Amaral (2001, p.64-65), “os primeiros atacantes de uma rocha expostas às intempéries são bactérias e fungos microscópicos. Vêm a seguir os liquens, depois as algas e musgos, formando e preparando o solo para as plantas superiores.” O metabolismo desses seres segrega gás carbônico, nitratos, ácidos orgânicos etc., que são incorporados às soluções que percolam os solos e atingem as zonas de intempérie das rochas.















FIGURA 08: Colonização de Líquens em rocha granitica em cores e verde clara e laranja sob rochas do leito rochoso do rio Una. Segundo estudos para que o líquen se estabeleça, é necessário ar limpo. Muitos deles são extremamente sensíveis à poluição atmosférica, e têm sido usados como indicadores de poluição (bioindicadores). Os líquens são seres vivos muito simples que constituem uma simbiose de um organismo formado por um fungo (o micobionte) e uma alga ou cianobactéria (o fotobionte). Alguns taxonomistas classificam os líquens na sua própria divisão (Mycophycophyta), mas isto ignora o fato de que os componentes pertencem a linhagens separadas.Por outro lado o fungo é o componente dominante do talo do líquen e são usualmente classificados como fungos. Podem ser encontrados nos mais diversos habitats, de geleiras, rochas, árvores, folhas, desertos e são excelentes colonizadores primários. Fonte:  Natalicio de Melo Rodrigues e Laudenor Pereira, 2012.



2.4 DINÂMICA CLIMÁTICA REGIONAL

Para entender o clima de determinada região, faz-se necessário conhecer a dinâmica das massas de ar. Estas são grandes porções da atmosfera de características bem individualizadas, possuindo grande espessura e dimensões de milhares de quilômetros.
As massas de ar podem ser quentes ou frias, secas ou úmidas, dependendo da área de origem. No Brasil, são seis as massas de ar que provocam as variações do tempo e os tipos de clima, mas apenas cinco influem no Nordeste brasileiro: massa Equatorial atlântica (Ea), massa Equatorial continental (Ec), massa Tropical atlântica (Ta), massa Tépida kalaariana (Tk) e massa Polar atlântica (Pa). Mas, apenas as citadas a seguir têm influência na área em estudo.
Massa Equatorial atlântica (Ea) – forma-se por causa da convergência dos ventos alísios boreais e austrais que, por causa do efeito térmico, transformam-se em movimentos convectivos ascencionais. O encontro do ar equatorial com o ar tépido provoca a turbulência atmosférica, no hemisfério de verão. As chuvas equatoriais ocorrem por causa da Convergência Intertropical (CIT), acompanhando as variações sazonais de latitude do equador térmico.
Massa Tropical atlântica (Ta) e massa Tépida kalaariana (Tk) – originam-se no centro semi-permanente de altas pressões do Atlântico Sul, perto da costa oeste africana. O ar é tépido e límpido, com a umidade relativa abaixo do ponto de orvalho, o que favorece a estabilidade da estrutura vertical. A Ta e a Tk só começam a se diferenciar quando se deslocam advectivamente. Os ventos de SE-E são provenientes da Tk e tocam a faixa litorânea do Nordeste. O ar da Ta toca a costa brasileira mais ao sul.
Massa Polar atlântica (Pa) – forma-se próximo à Antártica, abaixo dos 40°S. Possui um ar frio e nevoento, desenvolvendo grande energia ao esbarrar com o ar da Tk, originando a Frente Polar Atlântica (FPA). A FPA avança pelo Brasil através de duas direções: direção continental, interior, podendo atingir até o equador. É responsável pelo fenômeno da “friagem” na região amazônica; direção marítima, ou costeira, atinge acosta oriental nordestina, adentrando pelos vales dos grandes rios.
2.4.1 Sistemas meteorológicos atuantes em Pernambuco

Pernambuco (1998) afirma que são os seguintes os sistemas meteorológicos que atuam no Estado: Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), frentes frias vindas do sul, ondas de leste, ciclones da atmosfera superior, brisas terrestres e marinhas, e oscilações de 30-60 dias.
Descartamos as brisas porque não atuam na área pesquisada, e as oscilações de 30-60 dias por não serem conclusivos os estudos de sua atuação sobre o Nordeste. Por isso, interessam-nos:
1 – Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) – é a Convergência Intertropical (CIT), formada pela confluência dos ventos alísios de NE (Hemisfério Norte) e de SE (Hemisfério Sul). Contém alto teor de vapor d’água e tem movimento ascendente. É considerado o principal sistema de produção de chuvas no Sertão e no Agreste, atuando nos meses de fevereiro a maio.
2 – Frentes frias – são as responsáveis, em segundo lugar, pelas chuvas no Nordeste, atuando com mais energia no litoral oriental. De maio a agosto atuam na porção leste do Agreste; de novembro a fevereiro, no extremo oeste do Estado.
3 – Ondas de leste – são pequenas perturbações que ocorrem nos ventos alísios provenientes da Tk. Deslocam-se de leste para oeste, de maio a agosto, e dependem da temperatura da superfície atlântica.
4 – Ciclones da atmosfera superior – também chamados de Vórtices Ciclônicos da Atmosfera Superior (VCAS). São remoinhos que ocorrem por causa da circulação atmosférica, da Alta pressão da Bolívia, da posição da Zona de Convergência do Atlântico Sul e da penetração das frentes frias. Podem agir sobre todo o Estado, geralmente de novembro a fevereiro, podendo produzir chuvas intensas ou secas.Fonte: Luadenor Pereira, 2012


2.4 DINÂMICA CLIMÁTICA REGIONAL

Para entender o clima de determinada região, faz-se necessário conhecer a dinâmica das massas de ar. Estas são grandes porções da atmosfera de características bem individualizadas, possuindo grande espessura e dimensões de milhares de quilômetros.
As massas de ar podem ser quentes ou frias, secas ou úmidas, dependendo da área de origem. No Brasil, são seis as massas de ar que provocam as variações do tempo e os tipos de clima, mas apenas cinco influem no Nordeste brasileiro: massa Equatorial atlântica (Ea), massa Equatorial continental (Ec), massa Tropical atlântica (Ta), massa Tépida kalaariana (Tk) e massa Polar atlântica (Pa). Mas, apenas as citadas a seguir têm influência na área em estudo.
Massa Equatorial atlântica (Ea) – forma-se por causa da convergência dos ventos alísios boreais e austrais que, por causa do efeito térmico, transformam-se em movimentos convectivos ascencionais. O encontro do ar equatorial com o ar tépido provoca a turbulência atmosférica, no hemisfério de verão. As chuvas equatoriais ocorrem por causa da Convergência Intertropical (CIT), acompanhando as variações sazonais de latitude do equador térmico.
Massa Tropical atlântica (Ta) e massa Tépida kalaariana (Tk) – originam-se no centro semi-permanente de altas pressões do Atlântico Sul, perto da costa oeste africana. O ar é tépido e límpido, com a umidade relativa abaixo do ponto de orvalho, o que favorece a estabilidade da estrutura vertical. A Ta e a Tk só começam a se diferenciar quando se deslocam advectivamente. Os ventos de SE-E são provenientes da Tk e tocam a faixa litorânea do Nordeste. O ar da Ta toca a costa brasileira mais ao sul.
Massa Polar atlântica (Pa) – forma-se próximo à Antártica, abaixo dos 40°S. Possui um ar frio e nevoento, desenvolvendo grande energia ao esbarrar com o ar da Tk, originando a Frente Polar Atlântica (FPA). A FPA avança pelo Brasil através de duas direções: direção continental, interior, podendo atingir até o equador. É responsável pelo fenômeno da “friagem” na região amazônica; direção marítima, ou costeira, atinge acosta oriental nordestina, adentrando pelos vales dos grandes rios.

2.4.1 Sistemas meteorológicos atuantes em Pernambuco

Pernambuco (1998) afirma que são os seguintes os sistemas meteorológicos que atuam no Estado: Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), frentes frias vindas do sul, ondas de leste, ciclones da atmosfera superior, brisas terrestres e marinhas, e oscilações de 30-60 dias.
Descartamos as brisas porque não atuam na área pesquisada, e as oscilações de 30-60 dias por não serem conclusivos os estudos de sua atuação sobre o Nordeste. Por isso, interessam-nos:
1 – Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) – é a Convergência Intertropical (CIT), formada pela confluência dos ventos alísios de NE (Hemisfério Norte) e de SE (Hemisfério Sul). Contém alto teor de vapor d’água e tem movimento ascendente. É considerado o principal sistema de produção de chuvas no Sertão e no Agreste, atuando nos meses de fevereiro a maio.
2 – Frentes frias – são as responsáveis, em segundo lugar, pelas chuvas no Nordeste, atuando com mais energia no litoral oriental. De maio a agosto atuam na porção leste do Agreste; de novembro a fevereiro, no extremo oeste do Estado.
3 – Ondas de leste – são pequenas perturbações que ocorrem nos ventos alísios provenientes da Tk. Deslocam-se de leste para oeste, de maio a agosto, e dependem da temperatura da superfície atlântica.
4 – Ciclones da atmosfera superior – também chamados de Vórtices Ciclônicos da Atmosfera Superior (VCAS). São remoinhos que ocorrem por causa da circulação atmosférica, da Alta pressão da Bolívia, da posição da Zona de Convergência do Atlântico Sul e da penetração das frentes frias. Podem agir sobre todo o Estado, geralmente de novembro a fevereiro, podendo produzir chuvas intensas ou secas.

2.4.2  Chuvas 

Segundo Lins (1989, p. 53), a situação do Agreste pernambucano em baixas latitudes, o que porporciona muita insolação, e o relevo de altitudes modestas, predominantemente abaixo dos 700 m, proporciona temperaturas médias anuais sempre altas, ao contrário dos índices pluviométricos, cujas médias anuais variam entre 500 mm e 1.300 mm. As principais chuvas que ocorrem na área em estudo são as frontológicas, de outono-inverno, provocadas pela FPA e por interferência das ondas de leste, queondulações ocorrentes na massa de ar Tépida kalaariana. 
As chuvas convectivas, de verão-outono, são provocadas pela Convergência Intertropical.  Governo de Pernambuco (1997), subdivide a bacia hidrográfica do rio Una em sub-bacia Capivara e sub-bacia Palmares. A precipitação anual média determinada para a sub-bacia Capivara, à qual a área em estudo está inserida, é de 646,6 mm, adotando-se um período comum para os postos de janeiro de 1935 a dezembro de 1985.
A seguir, apresenta-se uma tabela com os índices de pluviosidade média em alguns municípios adjacentes a Altinho, o que contribui para entendermos os 622 mm/ano de chuva de Ituguaçu, segundo a avaliação dos totais muito aproximados entre os dados expostos.  
Analisando-se o mapa das isoietas anuais e a tabela anteriormente apresentada, verifica-se que os valores são perfeitamente compatíveis com a precipitação média da região (646,6 mm/ano). 


2.4.3 Clima e Vegetação

Para reconhecer as condições climáticas do Agreste Pernambucano, necessário se faz saber a sua situação em comparação com a linha do Equador: está em baixas latitudes, recebendo intensa insolação o ano inteiro. Ao compararmos a altimetria, o relevo possui altitudes modestas porque predominam os níveis abaixo dos 700 m.No entorno do local, os terrenos foram intensamente explorados pela agricultura e pela pecuária. Os seres humanos derrubaram a vegetação primitiva para fixarem os roçados e a criação de animais. Com os solos de pequena profundidade e o regime climático, a vegetação de alguns trechos traduz-se em capoeira ou capoeirão, tendo dificuldade de se reconstituir com os espécimes mais lenhosos. A algarobeira, planta oriunda de outro país, adaptou-se maravilhosamente às condições naturais do local.

A junção desses dois fatores – baixas latitudes e baixas altitudes, contribui para a formação das médias térmicas anuais bastante altas, entre os 22°C e os 24°C, nas superfícies aplainadas. No Agreste, nas superfícies mais elevadas, as médias de temperatura baixam para cerca de 20°C, formando as áreas de brejos.
O regime pluviométrico é bastante irregular, tanto nos índices de precipitação quanto às áreas atingidas. A energia da Frente Polar atlântica possibilita as chuvas de outono e inverno da área estudada, traduzindo-se nas principais precipitações, de caráter frontológico. As ondas de leste auxiliam no aumento dos índices pluviométricos do período. As chuvas convectivas que ocorrem na área estudada acontecem por causa da Convergência Intertropical (CIT), no verão-outono. As médias de chuvas no Agreste pernambucano variam entre 500 mm a 1.300 mm (LINS: 1989, p. 55).
Considerando-se esses fatores – latitude, altitude, massas de ar e precipitação pluviométrica, além das altas temperaturas anuais, o clima da região em estudo é definido como semiárido, mais propriamente o BShs’ da classificação de Wilhelm Köppen.
A maior csequência desse tipo de clima está no regime dos rios, como por exemplo o Una, de regime temporário ou intermitente; e na vegetação original, a caatinga hipoxerófila.
No local em estudo, encontramos como representantes da vegetação primitiva os seguintes vegetais: mulungu, umburana, rasga-beiço, espinheiro branco, baraúna, jurema preta, barriguda, ipê amarelo, velame, catingueira, jurubeba, juá, canafístula, coco catolé, umbu, tambor entre outros.











FIGURA 9 e 10 aspectos da vegetação do tipo Caatinga.

Sobre as lajes cristalinas encontramos vegetação do tipo rupestre: coroa de frade, mandacaru, facheiro, xique-xique, macambira etc. No entorno do local, os terrenos foram intensamente explorados pela agricultura e pela pecuária. Os seres humanos derrubaram a vegetação primitiva para fixarem os roçados e a criação de animais. Com os solos de pequena profundidade e o regime climático, a vegetação de alguns trechos traduz-se em capoeira ou capoeirão, tendo dificuldade de se reconstituir com os espécimes mais lenhosos. A algarobeira, planta oriunda de outro país, adaptou-se maravilhosamente às condições naturais do local.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO UNA E DA CACHOEIRA GRANDE

Normalmente, rio é definido como um curso natural de água doce, com canal determinado e fluxo permanente ou sazonal, desaguando noutro rio, no mar ou num lago. À Geomorfologia Fluvial interessam os processos e as formas relacionados ao escoamento dos rios. A morfologia de um rio e de sua bacia de drenagem está em constante movimentação, com os materiais sendo removidos, o que acarreta mudanças nas formas dos relevos fluvial e superficial. Os rios são os principais agentes responsáveis pela denudação nos continentes.
A bacia hidrográfica do Rio Una localiza-se ao sul do Estado de Pernambuco, entre as latitudes 8°17’14” e 8°55’28” Sul e longitudes 35°07’48” e 36°42’10” Oeste, limitando-se ao Norte com as bacias dos rios Ipojuca e Sirinhaém e o grupo de bacias de pequenos rios litorâneos; ao Sul com a bacia do rio Mundaú, o Estado de Alagoas, o grupo de bacias de pequenos rios litorâneos e o grupo de bacias de pequenos rios interiores; a Leste, com o Oceano Atlântico, a bacia do rio Sirinhaém; a Oeste, com as bacias dos rios Ipojuca e Ipanema. É considerada por Governo do Estado de Pernambuco (1997) como a Unidade de Planejamento Hídrico UP5.
A nascente do rio Una localiza-se na Serra da Boa Vista, no município de Capoeiras, a aproximadamente 900 m de altitude. Apresenta-se intermitente até as proximidades da cidade de Altinho, tornando-se perene a partir dali. A extensão do rio é de cerca de 255km e tem como principais afluentes: pela margem direita – riacho Quatis, rio da Chata, rio Pirangi, rio Jacuípe e rio Caraçu; pela margem esquerda – riacho Maracajá (Riachão), riacho Mentirosos, rio do Sapo, rio Camevô e rio Preto.
A bacia do rio Una possui uma área aproximada de 6.785,79 km2, sendo que apenas 6.292,90 km2 estão inseridos no território pernambucano, representando 6,32% do total das terras do Estado. Dos 452,6 km2 de área municipal, Altinho detém 447,2 km2 inseridos na bacia hidrográfica do rio Una, representando 98,8%.

Essa bacia abrange 42 municípios, dos quais 11 estão totalmente inseridos na mesma: Belém de Maria, Catende, Cupira, Ibirajuba, Jaqueira, Lagoa dos Gatos, Maraial, Palmares, Panelas, São Benedito do Sul e Xexéu); 15 possuem sede inserida na bacia: Água Preta, Agrestina, Altinho, Barreiros, Bonito, Cachoeirinha, Calçado, Capoeiras, Jucati, Jupi, Jurema, Lajedo, Quipapá, São Bento do Una e São Joaquim do Monte, e 16 estão parcialmente inseridos: Barra de Guabiraba, Bezerros, Caetés, Camocim de São Félix, Canhotinho, Caruaru, Gameleira, Joaquim Nabuco, Pesqueira, Rio Formoso, Sanharó, São Caetano, São José da Coroa Grande, Tacaimbó, Tamandaré e Venturosa.

3.1.1 Cachoeira Grande – cachoeira ou corredeira?

Importante se faz definir o trecho em estudo, haja vista que a denominação local se refere à cachoeira. No entanto, deve-se ser cuidadoso, pois a terminologia popular, às vezes não condiz com os rigores técnicos ou científicos. Para resolver isso, deve-se considerar o que alguns autores dizem a respeito.
Ferreira (1988) diz que cachoeira é um substantivo feminino utilizado no Brasil e significa ‘queda d’água’ ou ‘corredeira’. Guerra (1980) define como “[...] queda d’água no curso de um rio, ocasionada pela existência de um degrau no perfil longitudinal do mesmo”. Mas, quando lemos sua definição de salto, ele diz que é uma “[...] denominação genérica dada a todos os tipos de desnívelamento ou degraus encontrados no perfil longitudinal de um rio, ex: cascata, catarata, catadupa, queda d’água, cachoeira, corredeira etc”. Ele diz, também, que as corredeiras e cascatas são diferentes de cachoeiras, quedas d’água e cataratas porque as primeiras são formadas em desnivelamentos menos acentuados do que as segundas. Alerta aos geomorfólogos que o que interessa é a razão de ser da existência de determinado fenômeno.

Os saltos podem ser formados por falhas, dobras, erosão diferencial, diques etc. Leinz; Amaral (2001, p. 101) dizem que “a principal causa da formação de uma cachoeira é a diferença na resistência à erosão oferecida pelas rochas cortadas pelo rio”. As cachoeiras têm duração efêmera, graças aos fenômenos erosivos que atuam no local.
No caso da Cachoeira Grande, pecebe-se pela Carta de Belo Jardim (FOLHA SC.24-X-B-III: 1986) que existe um desnível entre a cota de 450 m para a de 400 m. Isso faz com que os agentes erosivos trabalhem com muito vigor, na busca de um equilíbrio, tentando chegar ao nível de base.


Figura 10 e 11: Observa-se aspectos da Catinga na parte mais  elevada da Cachoira Grande- Altinho -PE. Fonte: Natalicio de Melo Rodrigues e Laudenor . 2012.

No caso em estudo, pode-se classificar o local como cachoeira ou queda d’água, graças ao significativo desnível, com a topografia permitindo uma razoável velocidade das águas do rio Una.

3.1.2 Perfil longitudinal ou perfil de equilíbrio de um rio

Uma das características do sistema fluvial é funcionar como um conjunto; qualquer modificação numa parte do sistema afeta as outras. Os principais fatores que determinam o escoamento de um rio são: descarga, velocidade, forma do canal, gradiente (declive), nível de base e carga de sedimentos. Esses fatores mudam constantemente em busca do equilíbrio, de forma que, eventualmente, podem ajustar o gradiente para acomodar o volume de água disponível, as características do canal e a velocidade necessária para transportar a carga de sedimentos.
Os rios que apresentam declividade cada vez maiores para montante e cada vez menores para jusante são considerados como rios equilibrados. O perfil de equilíbrio de um rio trata-se de sua condição de não mais erodir ou depositar materiais, quando a forma do canal e o gradiente estão balanceados. Sendo uma condição rara de conseguir, os rios continuam o trabalho hidráulico, ajustando-se constantemente para conseguir a condição ideal de equilíbrio.

Para De Martonne (1953, p. 484), “[...] “ o perfil de equilíbrio de um curso de água é, em pincípio, aquele cujos declives são suficientemente fracos e regularmente decrescentes para jusante, de modo que toda a força viva (sem dúvida reduzida com o declive) seja utilizada no escoamento”. Segundo esse autor, na busca do perfil de equilíbrio os rios trabalham ativamente para fazer desaparecer as roturas de declive, fazendo-as recuar para montante.
3.1.3 Canais fluviais de leito rochoso

Os rios de leito aluvial foram bem estudados desde há muito tempo. Mas os estudos sobre rios de leito rochoso são recentes, partindo da década de 1990 (LIMA: 2010), e ainda não são bem difundidos nos conhecimentos geomorfológicos. Em nosso país ainda existe uma carência enorme desses estudos, o que leva alguns pesquisadores a buscarem fontes estrangeiras.
contribuição ao entendimento desse fenômeno, o que pode incentivar as discussões e o interesse pelo tema. Como ele avisa, muitos conceitos novos estão sendo aplicados e antigos conceitos são reavaliados nessa nova perspectiva.
De Martonne (1953), quando trata do modelado da erosão normal, provocado pelas torrentes, destaca as seguintes forças: escavamento do leito, desagregação das vertentes e arrastamento e acúmulo de detritos. “Se o escavamento do leito desempenha um papel essencial nas torrentes, por mais forte razão, deve ser o primeiro factor a considerar na bacia dum rio regular” (DE MARTONE: 1953, p. 480).
Utilizando uma literatura geomorfológica internacional, Lima (2010, p.340) diz que o termo bedrock denota a ideia de leito rochoso, incluindo também, as margens rochosas. Quanto à expressão bedrock channel (canal rochoso) é flexível para designar os rios com leito rochoso, que tenham ou não margens rochosas.
Os canais rochosos sem qualquer tipo de cobertura sedimentar não ocorrem por grandes extensões, sendo mais apropriado designar de canais mistos rochoso-aluvial (mixed bedrock-alluvial channels). Então, o termo rochoso deve referir-se a trechos descobertos de material, enquanto o termo aluvial deve ser empregado a trechos que detenham cobertura sedimentar, mesmo que sejam mobilizáveis durante as enchentes.
Utilizando Whipple, Lima (2010, p. 340) diz que “[...] a expressão bedrock channel é comumente aplicada para designar canais de leito misto, enquanto a expressão bedrock reach aplica-se a techos com leito rochoso exposto”. Em geral, os canais rochosos desenvolvem-se em material coesivo e resistente, sofrendo intensa erosão no substrato rochoso. Lima (2010, pp. 340-341) aponta três tipos de canais rochosos:
1 – Canal confinado inteiramente na rocha, com exposição rochosa tanto no leito quanto nas margens;
2 – Canal com margens rochosas, mas com cobertura aluvial no leito;
3 – Canal com exposição rochosa apenas no leito.

Mesmo que possam ocorrer trechos rochosos em baixa declividade, aa diferenciação destes para os aluviais é justamente a declividade relativamente maior.

3.2 VARIAÇÕES CLIMÁTICAS, CONDIÇÕES DO LEITO, FORMAS E RESULTADOS DO INTEMPERISMO

As variações climáticas ocorrem normalmente em ritmos e intensidades variáveis nos diferentes anos.
“Dentre os elementos climatológicos, a precipitação é o que diretamente reflete a instabilidade do tempo e a intensidade com que essas variações se processam, podendo ainda ser considerada como um dos principais fatores responsáveis pelo desenvolvimento dos sistemas morfogenéticos tropicais” (SILVA; SANTOS, 1979, apud BIGARELLA et al., 2007, p.80).
Alguns estudiosos acreditam que os eventos climáticos considerados normais não contribuem para as grandes perturbações na dinâmica das paisagens, à medida que os elementos físicos ajustam-se aos padrões mais frequentes nessa distribuição dos eventos climáticos.
Para outros estudiosos, nos impulsos climáticos de maior magnitude pode-se constatar imediatamente a eficácia na paisagem. Alguns autores citados por Bigarella (2007, p. 81) afirmam que “[...] a frequência de ocorrência dos eventos determina o montante de trabalho efetuado pelos impulsos de diferentes intensidades [...]”.
Bigarella et al., (2007, p. 83) concordam que tanto as pequenas flutuações do clima quanto as profundas mudanças climáticas tiveram grande importância para a construção das paisagens atuais.
A partir do Pleistoceno ocorreram instabilidades climáticas extremas. No Brasil, isso representou dois grandes conjuntos de processos que agiram alternadamente: degradação lateral durante os climas semiáridos (épocas glaciais) e dissecação durante climas úmidos (épocas interglaciais). “A ação erosiva seria muito efetiva no período de transição de um tipo de clima para outro” (BIGARELLA et al., 2007, p.84).
Na mudança de um tipo de clima úmido para um mais seco, os rios tornam-se intermitentes por causa das chuvas concentradas, havendo grandes variações nas suas descargas. A carga sólida dos rios é aumentada por causa da acelerada erosão das vertentes que ficam desprotegidas. É possível, durante essa mudança, que os sedimentos entulhem, em parte, o fundo dos vales, elevando o nível de base local.
Na transição da semiaridez para clima úmido, os processos de alteração química contribuem para a erosão linear. O regime fluvial passa a ser permanente, com aumento progressivo da descarga média dos rios e de sua capacidade de transpotar a carga sólida. O leito pode ser retrabalhado, ocorrendo o rebaixamento do nível de base local.

Ab’Sáber (1956-1957), analisando a rede hidrográfica do Nordeste Oriental, considera-a um magro sistema de cursos d’água com fraquíssimo poderio energético, por serem intermitentes e irregulares. Para ele, “é fato absolutamente fora de dúvidas que os rios nordestinos entalharam os grandes boqueirões do interior através de uma superimposição hidrográfica de tipo clássico e à custa de um volume d’água e um poderio de erosão muito maiores do que os atuais, assim como sob um regimehidrológico inteiramente diverso” (AB’SÁBER, 1956-1957, p. 70).
Coincidindo com Bigarella et al. (2007), com o qual produziu trabalhos conjuntamente, Ab’Sáber (1956-1957) considera que as mudanças das fases úmidas esemiáridas no Nordeste, a partir do Pleistoceno, foram importantes para os rios entalharem seus vales e desempenharem os trabalhos de superimposição fluvial, formando os boqueirões e cruzando cristas rejuvenescidas. Ele acredita que as condições físicas atuais não permitiriam aos rios oriundos do Planalto Borborema seccionarem as rochas resistentes das formações antigas se no passado não tivessem ocorrido vários ciclos de maior umidade por tempo mais longo, alternados por períodos de semiaridez.
Deve-se acreditar que o modelado da Cachoeira Grande recebeu grande contribuição das fases intercaladas de umidade e semiaridez, a partir do Pleistoceno, recebendo os eventos climáticos normais, as pequenas flutuações e as profundas mudanças, contribuindo para o avanço da erosão fluvial para montante e as várias formas que se apresentam no trecho estudado.

3.2.1 Clima e intemperismo
A desintegração mecânica e a decomposição química sobre as rochas variam mediante as diferentes zonas e elementos climáticos.
Nas áreas quentes e úmidas o intemperismo químico é intenso e constante, agindo até grandes profundidades. Nas áreas desérticas e semidesérticas, o intemperismo químico tem pouco significado, mas o contraste térmico é bem considerável porque provoca a desintegração mecânica. “O clima controla o intemperismo diretamente através da temperatura e da precipitação e, indiretamente, através da vegetação que recobre a paisagem” (BIGARELLA et al., 2007, p. 90).
O resultado principal do intemperismo é a formação do solo. Em regiões quentes e úmidas os solos são mais profundos e permitem uma formação florestal. Já nas regiões desérticas e semiáridas, os solos são menos espessos ou mesmo inexistentes, com as rochas originais aflorando à superfície.
Na Cachoeira Grande, por ficar localizada no domínio do clima semiárido nordestino, as chuvas são escassas e concentradas, havendo temperaturas elevadas o ano inteiro. Este fato contribui para a ocorrência dos processos mecânicos de intemperismo, resultando na desintegração das rochas.
Mas, por ser um trecho de rio com razoável inclinação, as enxentes levam os fragmentos de rocha para outros locais, desnudando o leito, ficando os granitos, gnaisses e migmatitos descobertos.

A energia do caudal, mesmo sendo de rio intermitente, permite a formação de depressões que se enchem de águas fluvias, ou mesmo pluviais, as quais ficam estagnadas, permitindo a colonização de seres vivos como: pequenos animais, plantas e liquens, os quais liberam compostos orgânicos que agem quimicamente nas rochas, permitindo a decomposição.
Portanto, mesmo sendo uma área de semiaridez, os processos químicos são muito importantes porque facilitam a ação dos processos de intemperismo mecânico.

3.2.2 Fenômenos que contribuem para as formas na Cachoeira Grande

Declive – como trata-se de um trecho considerado como corredeira ou cachoeira, a inclinação do leito do rio Una contribui para a rápida passagem das águas fluviais, o que contribui para as ações dos agentes mecânicos do intemperismo, resultando nas formas estudadas. O rio está sempre buscando o equilíbrio do nível de base, por isso o seu leito aprofunda-se a montante.

Descompressão da rocha – quando estão em camadas profundas da litosfera as rochas sofrem altas pressões das camadas que estão por cima, mantendo-se coesa e sem falhamento. Com o processo do ciclo rochoso, quando afloram à superfície sofrem um alívio da pressão, fraturando-se em camadas horizontais, contribuindo para maior eficiência dos processos erosivos. Fraturas e diáclases – as rochas do local (granito, gnaisse e migmatito) são bastante fraturadas, tanto no sentido do fluxo quanto em diagonal ou atravessadas.
Figura 12: Observa-se um extensa falha geológica centralizada no leito do rio da Cachoeira Grande. Em geral quando esse fenômeno geológico ocorre nessas condições aumenta a eficiência do poder erosivo dos fluxos de água as correntes dos rios intermitentes. Fonte: Natalicio de Melo e Ludenor Pereira. 2012.  

Minerais das rochas – nos granitos, os minerais de quartzo, feldspato e micas estão mais uniformemente distribuídos. Já nos gnaisses e migmatitos encontram-se ‘separações’, graças às características próprias de formação destas. Percebe-se, nestas últimas, as concentrações de mica preta, feldspato e quartzo, cujos minerais possuem coesão e densidade diferentes, o que favorece o fraturamento ou ação erosiva maissignificativa naqueles minerais menos resistentes às condioções do ambiente. Geralmente as concentrações de minerais estão formadas como intrusões magmáticas, com o feldspato apresentando maior resistência. A mica apresenta menor resistência, jáas intrusões de quartzo contribuem para as fissuras e fraturamento em suas zonas de contato. Também é importante destacar que as superfícies de rocha escura (máficas) concentram mais calor, com maior possibilidade de fissuras ou descamação; já as claras (leucocráticas) concentram menor temperatura.

Figura 13: Blocos rochosos  sobre a parte superior do leito rochoso do rio da Cachoeira Grande -Altinho PE. Fonte: Laudenor Pereira e Natalicio de Melo Rodrigues. 2012. 

3.2.3 Processos erosivos fluviais

Segundo Lima (2010), o estudo dos rios de leito rochoso despertou maior interesse a partir da década de 1990, por causa da importância desses para os estudos da evolução das paisagens e da ligação entre erosão fluvial e o soerguimento de montanhas.
No nosso país, os rios de leito rochoso são muito comuns, mas os estudos geomorfológicos ainda são incipientes. Os canais rochosos desprovidos de qualquer tipo de material aluvial que os cubram só existem em pequenos trechos. Lima (2010) acha mais adequado considerar os canais rochosos de canais mistos rochoso-aluvial. Baseando-se em Howard e Whipple, este autor afirma que, “em resumo, um canal rochoso ou misto é aquele em que a cobertura aluvial não é contínua no tempo e no espaço e, onde existente, é pouco espessa e mobilizável, de modo que a incisão no substrato rochoso é ativa” (LIMA, 2010, p. 340). Os canais rochosos desenvolvem-se em material rochoso coesivo e resistente, como rochas cristalinas, aluviões e cascalhos cimentados.
A ação erosiva no leito rochoso ocorre quando a potência do escoamento é suficiente para transportar a carga do leito. A incisão (desgaste) ocorre em grande parte quando as partículas sedimentares carregadas pelas águas chocam-se com o extrato rochoso.
Lima (2010, p.343-348) aponta três grandes categorias de processos erosivos fluviais: corrosão, abrasão (corrasão) e cavitação.
- Corrosão – são todos os processos químicos que tenham relação com a reação da água nas rochas do leito fluvial. Também é mencionado como dissolução. A corrosão prepara a rocha para maior eficiência dos outros processos.
- Abrasão – trata-se do atrito contínuo das partículas de sedimentos carregadas pela água, atingindo as rochas do leito e das margens. A carga do leito e a carga em suspensão são ferramentas eficientes na ação abrasiva. Esse conjunto de processos ainda pode ser classificado em: macro-abrasão – quando os sedimentos em saltação lascam e fraturam o leito rochoso; micro-abrasão – quando ocorre o fraturamento grão-por-grão, inclusive pelas partículas Um importante processo de macro-abrasão é o arranque, provocado pela força do fluxo fluvial que age destacando fragmentos do leito e das margens. “A erosão por arranque requer a presença de blocos delimitados por descontinuidades estruturais, tais como fraturas e planos de acamamento” (LIMA, 2010, p. 346).
- Cavitação – refere-se à formação de bolhas pela diminuição da pressão da água num canal fluvial. As bolhas, “[...] ao estourarem junto à superfície delimitadora do canal, liberam uma grande energia de impacto, que promove a fragmentação das rochas” (BARNES, 1956, apud LIMA, 2010, p. 348). em suspensão.


3.2.4 Formas e resultados
A interação dos diversos fenômenos atuantes no local em estudo tem como resultado os seguintes produtos:
Marmitas - para Guerra (1980), as marmitas são
“Buracos que aparecem no leito dos rios produzidos pelas águas turbilhonares. Esses buracos aparecem, comumente, logo após uma cachoeira, ou então, quando há rápido desnível sendo, no entanto, o leito do rio de rocha dura e compacta. As marmitas são produzidas pelo eixo vertical dos turbilhões”.
Leinz; Amaral (2001, p.101) definem os caldeirões e marmitas como “[...] verdadeiras perfurações cilíndricas, profundas, formadas pelo redemoinho das águas, ao turbilhonar após uma cachoeira ou uma corredeira”.
Estas são definições generalizadas, pois são registradas as ocorrências de marmitas noutros ambientes, como áreas litorâneas, onde a interferência fluvial nada tem a ver, e em planos verticais de rochas, como nas cataratas do rio Nilo e na cachoeira de Niágara.
Alguns morfologistas consideram que o afundamento dos talvegues dos rios é realizado, apenas, pelas marmitas e seus recortamentos. Em nossas pesquisas bibliográficas, encontraram-se os seguintes tipos de marmita:

Marmita fluvial – definição que se encaixa ao exposto acima por Guerra. Alguns autores a definem como marmita-de-gigante. São produzidas em movimentos turbilhonares, onde as areias e os clastros (calhaus) são as principais ferramentas utilizadas pelas águas, em movimento giratório, perfurando as rochas mais duras.
Marmita de dissolução – Guerra (1980) considera que são as pequenas cavidades produzidas pela dissolução na superfície das rochas, especialmente as que são ricas em carbonato de cálcio, havendo reação química dos minerais destas com a água.
Marmita litorânea – à semelhança das marmitas fluviais, são formadas pelos turbilhões que atingem rochas resistentes, como os recifes de arenito, formando buracos arredondados, os quais capturam materiais clásticos. Em Natal, no Estado do Rio Grande do Norte, podem ser encontradas na plataforma de arenito em franja (arrecife), perto do Forte dos Três Reis Magos.
Oriçangas - Moreira (1999), estudando os rios de leito rochoso ao Sul de Moçambique, no continente africano, destaca a escavação do leito em rochas consolidadas, duras e com minerais alteráveis, apresentando duas microformas embutidas, “mais ou menos largas e profundas”, às quais deu o nome de marmitas e oriçangas, dependendo da posição onde ocorrem. Para ela,
“[...] no fundo do leito, onde o processo morfogenético dominante é a erosão mecânica, formam-se as marmitas, comumente designadas por marmitas-de-girante, enquanto nas paredes das margens se desenvolvem as oriçangas, em que o processo morfogénico mais eficaz é a corrosão bioquímica” (MOREIRA, 1999, p. 57).

Figura 14: Observa-se formações circulares em rochas migmatíticas denominadas de Oriçangas, no seu interior o processo erosivo torna-se continuo na medida que as águas do rio intermitentes volta a fluir, principalmente nos períodos das trovoadas, dessa forma dinâmica o material rochoso rotaciona dentro das Oriçangas ampliando assim sua área de captação de detritos, com a continuidade duas ou mais Oriçangas pode se unir formando uma maior, ampliando assim sua área de erosão sob um processo continuo de intemperismo físico e químico submerso ou emerso sob o fundo do rios de leito rochoso.  Fonte: Natalicio de Melo e Laudenor Pereira, 2012.

As oriçangas seriam, portanto, formações construídas pela reação química das águas e algas constantes do represamento das chuvas, porque os locais onde estão inseridas, afastadas do leito principal do rio, não teriam a força mecânica das águas e sedimentos, normalmente, nas épocas de cheias fluviais. As oriçanças são - como Guerra define, marmitas de dissolução.
Figura 15: Ver-se uma Oriçanga no fundo rochoso do leito do rio da Cachoera Grande-Altinho-PE.

De Martonne (1953, p. 487) considerou as formações que ficam juntamente com as marmitas, nas cimeiras rochosas (planos mais altos do leito) de “lapiez”.

Ainda citando Guerra (1980), ele define caldeirão como “o mesmo que marmita”. No entanto, devemos diferenciar caldeirão de marmita, pois a formação e a morfologia são diferentes. É comum encontrarmos nas áreas rurais do Nordeste buracos feitos em rochas duras, dos quais são retirados os materiais de entupimento, permitindo o acúmulo de água para consumo familiar ou animal, durante parte do ano. Sua formação deve-se, principalmente, à dissolução dos materiais pela ação química da água, em fissuras ou fraturas, provocando o alargamento em forma, geralmente, longuilínea, ao contrário das marmitas, que são cavidades aproximadamente cilíndricas.
Figura 16: Observa-se uma formação circular oriunda de erosões em fundo rochoso de leito de rio denominado de Caldeirão no leito rochoso do rio Cachoeira Grande em Itugauaçu -Altinho-PE. Esse formações são muito comuns na paisagem rochoso de Caatinga do semiárido nordestino.  


Portanto, para a área em estudo, deve-se considerar os dois fenômenos – marmitas e oriçangas – denominações que devem ter a mesma origem: a energia do turbilhonamento das águas, junto com os sedimentos. No entanto, como as oriçangas comumente não são atingidas pelas cheias por períodos regulares, mas podem receber águas provenientes das chuvas, continuarão a sofrer desgaste através da ação química desse líquido e das substâncias orgânicas provenientes dos organismos vivos que colonizam tais aberturas.
Marmitas conjugadas – a erosão das marmitas ocorre expandindo o fundo e as paredes laterais. Com a evolução desse processo, duas ou mais marmitas podem formar uma só ou uma significativa incisão no leito rochoso. É normal encontrar-se esse tipo de captura no local.
Tabique - entre duas ou mais marmitas forma-se um septo superior, chamado de tabique, o qual, com a evolução, pode tornar-se um bloco ou fragmento alongado.
Figura 17: Observa-se formações de Tabiques que são essas formações transversais rochosas finas que separam as marmitas, ver-se que a erosão ocorrem de baixo para cima, começando no fundo das marmitas, onde os seixos rolados funcionam com uma lixa, essas desgastando e reduzindo as paredes de contatos entre as marimitas, por fim restam os Tabiques que são fragmentos rochosos em formas de tábuas que apresentam na parte superior da marmita. Na figura acima é possível perceber que duas marmitas estão unidas pelo processo erosivo.  Fonte: Natalicio de Melo e Laudernor Rodrigues. 2012. 

Flutes – são regos formados pela grande velocidade das águas das enchentes, em superfícies rochosas que não dispõem de obstáculos adequados à formação do turbilhonamento, necessário para o aparecimento das marmitas. A água transportando os sedimentos como areias e cascalhos deixa formas alongadas e pouco profundas, às quais dá-se o nome de flutes.


Figura 16: Flutes sob o leito rochoso no rio intermitente Cachoeira Grande. Fonte: Natalicio de Melo Rodrigues e Ludenor Perira. 2012.

Elevações e depressões – a passagem contínua das águas carregadas de sedimentos desgasta com maior eficiência determinadas partes das superfícies das rochas, deixando algumas mais altas, aquelas mais resistentes ao intemperismo local, e outras mais baixas, por serem menos resistentes. Isto ocorre por causa da resistência dos minerais, principalmente com as intrusões magmáticas de feldspato (mais resistentes) e as de mica (menos resistentes), como se vê na foto a seguir.


Figura 17: Observa-se uma grande Marmita originadas de ações erosivas e aglomerados de antigas Ouriçangas, Tabiques e flutes.  Fonte: Natalicio de Melo e Laudenor Pereira, 2012.


Superfícies polidas – com o contato da água em velocidade carregada de sedimentos, principalmente com areia, as rochas ficam com as superfícies polidas, apresentando-se bem lisas, ao contrário do que normalmente ocorre em rochas cristalinas longe das margens, que são crespas. “A textura da superfície de abrasão geralmente é lisa e polida, diferenciando-se da superfície corroída que se apresenta irregular e áspera” (BIGARELLA et al, 2007, p.327).
Enchente de blocos – denomino dessa maneira em oposição aos mares de blocos apresentados por Bigarella et al. (2007, p.348). A constante ação fluvial com seus processos de intemperismo desgasta e fragmenta as rochas que ficam acumuladas a jusante do ponto mais alto. A fragmentação ocorre através de quebra de núcleos,provocada pelas altas temperaturas, e pelo desgaste erosivo que os corpos rochosos sofrem, reduzindo seus tamanhos e facilitando a fragmentação pelo choque dos pedaços maiores transportados ou mesmo pelas temperaturas.
Bancos de areia grossa – nos poucos locais onde o declive diminui proporciona a acumulação de areia grossa em forma de bancos. A permanência dos bancos é provisória porque não encontramos evidências de material desse tipo fixado no local, com colonização de plantas sobre ele, compactação ou camadas de argila, o que poderia indicar antiguidade. Dentro de algumas marmitas e oriçangas também podemos encontrar areia grossa, capturada durante as enxentes, acumuladas no fundo.
Seixos rolados e cascalhos – fragmentos rochosos são encontrados por todo o leito do rio, no local em estudo. Os cascalhos capturados pelas marmitas e oriçangas não conseguem sair com facilidade, principalmente nas mais profundas, sofrendo desgaste em todas as arestas, ficando arredondados. À medida que sofrem o desgaste, também estão desgastando as paredes internas das formas citadas.
Barrocas – depressões criadas pelo intemperismo mecânico ou pelo intemperismo químico ou ambos, que não apresentam formado parecido com os outros fenômenos citados. Podem apresentar-se secas ou cobertas com água estagnada.
Geralmente são alongadas, de pequena profundidade, e com bordas suavemente inclinadas para o centro, diferentemente das marmitas, que têm as bordas abruptas.

3.3 Material e Métodos

Para o estudante e o professor de Geografia, a Cachoeira Grande e a Vila de Ituguaçu oferecem bastante motivação para o desenvolvimento de estudos da citada ciência. Reconhecendo-se que a Cachoeira Grande e seu entorno são propícios ao desenvolvimento do conhecimento, colocamos as seguintes propostas de trabalho:
3.3.1 Desenvolvimento do conhecimento geográfico disciplinar e multidisciplinar
“O professor necessita manter o diálogo permanente com o passado, o presente e o futuro para conhecer melhor sua própria ciência e saber constituir projetos disciplinares e interdisciplinares na escola” (PONTUSCHKA; PAGANELLI; CACETE, 2009, p.145).
Pode-se trabalhar todos os aspectos geográficos, desde as características naturais mais gerais como relevo, hidrografia, clima e vegetação; os mais específicos, como os processos de intemperismo e seus resultados no leito rochoso do rio Una, principal averiguação da presente monografia; até as condições humanas, como a modificação do ambiente natural (ação antrópica), a ocupação e a evolução demográfica, as atividades econômicas, a ligação com outros locais etc.
Também pode-se trabalhar a multidisciplinaridade, envolvendo principalmente a História, a Biologia, a Física e a Arte. Para o entendimento da evolução da povoação necessário se faz a utilização dos critérios históricos. A Cachoeira Grande funciona como vários ecossistemas, graças ao empoçamento da água nas várias reentrâncias e depressões, permitindo a sobrevivência e reprodução de pequenos animais, algas e bactérias. Impregnadas nas rochas, notamos as marcas da poluição urbana, principalmente a advinda da cidade de Cachoeirinha. As condições de temperatura diferenciada entre as estações do ano e durante o dia podem favorecer um trabalho de Física. Medir as marmitas, observando diâmetro da boca e do fundo, profundidade, extensão do tabique etc, pode favorecer um bom trabalho de Matemática. Reproduzir no papel as formas existentes ou mesmo fotografar e construir um painel pode ser uma preciosa contribuição do professor de Arte.
Tantas possibilidades existem porque a diversidade de fenômenos no local é vastíssima. Caberia aos professores das diversas áreas discutirem um projeto comum para a complementação do conhecimento, utilizando imagens, mapas, entrevistas, visitas de campo, construção de murais, elaboração de relatórios etc.

3.3.2 Investigar a origem da povoação da Vila de Ituguaçu e seu entorno

Além de conhecer os aspectos físicos pertinentes à Cachoeira Grande, necessário se faz analisar a ocupação humana do entorno, principalmente da Vila de Ituguassu, averiguando-se sua origem e importância para o local.
Nos primeiros momentos de nossas sondagens, recebemos informações que na citada Vila, há mais de 200 anos, teve início uma fazenda de criação de gado bovino, com o fazendeiro da época mandando fazer uma capela e o muro do cemitério, conforme já citamos na introdução. No entanto, apesar da antiguidade do lugar, não houve desenvolvimento no crescimento, com a aglomeração humana na vila e em seu entorno dispondo de pequeno contingente populacional.
Para Schiell et al. (2003, p.31),
“As ações dos homens entre si e com o meio ambiente movem a história, os homens produzem sua história deixando na natureza sua marca. É importante refletir sobre as relações da história, enquanto conhecimento, com a crise ambiental, problema complexo que ocorre na atualidade e abrange o planeta como um todo”.
Necessário se faz entender como o lugar evoluiu historicamente, entrevistando-se pessoas que saibam das passagens de tempo que marcaram a área, pois em primeiros momentos de nossas visitas, notamos que alguns moradores guardam na memória o que viveram e o que seus pais lhes contaram sobre a vila.
“Por intermédio de relatos de histórias de moradores antigos e de levantamento de documentos históricos em arquivos, bibliotecas, prefeituras etc. é possível identificar como ocorreu a ocupação do local e como este se encontrava antes, possibilitando, assim, averiguar o grande impacto ambiental e propor soluções adequadas” (SCHIELL et al., 2003, p.31).
Por isso, faz-se necessário averiguar esse aspecto, tentando-se realizar um levantamento histórico da formação da povoação.

3.3.3 Criação do Geoparque Marmitas e Oriçangas

Pela riqueza dos aspectos já citados neste trabalho, o destaque maior fica para as marmitas e oriçangas. Claro que para chegar às formas apresentadas foi necessário se fazer uma averiguação das forças da natureza que atuam no intemperismo local.
A nosso ver, a criação do Geoparque Marmitas e Oriçangas possibilitaria maior interesse científico por parte das escolas, divulgando os conhecimentos geográficos entre estudantes e professores. O conhecimento das chamadas ciências da Terra poderia ser incentivado com o local.
A Cachoeira Grande tem um grande potencial geográfico, didático-pedagógico e turístico. É normal em épocas de enxentes pessoas se deslocarem de outras cidades e povoações e desfrutarem de banhos e piqueniques. Claro que tudo isso sem qualquer orientação ou cuidado com a higiene própria ou com o meio ambiente.
Com a criação do Geoparque Marmitas e Oriçangas os conhecimentos geográficos e ambientais particulares à cachoeira seriam conservados e transmitidos. À criação seriam implantados os critérios de utilização, o que poderia assegurar a proteção e a valorização do local.
Dependendo da infra-estrutura que se implantasse no parque, programas educativos poderiam ser desenvolvidos, com sessões temáticas, incluindo desde a formação do planeta Terra, os tipos de rochas, os agentes de intemperismo, conservação ambiental, fauna e flora, etc.
No nosso entendimento, com o parque estruturado adequadamente, o estudante desenvolveria as seguintes capacidades:
- Desenvolver a capacidade de observação;
- Despertar o espírito de curiosidade e a reflexão crítica;
- Manifestar o desejo de descobrir e de aprender;
- Respeitar normas de conduta para preservação do local.

As barreiras a tal ideia seriam o convencimento dos proprietários dos terrenos e as entidades públicas que deveriam ser responsáveis pela implantação como, por exemplo, a Prefeitura Municipal de Altinho. A propriedade privada é ‘sagrada’ no Brasil, mas se houver um plano de recuperação ou reconstrução do ambiente natural, o proprietário poderia ser envolvido na administração e gestão do parque. À prefeitura caberia o interesse político e a capacidade de criar uma comissão que pudesse administrar e propor encaminhamentos didático-pedagógicos para o amplo aproveitamento científico do local.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há anos que o autor deste trabalho encaminha alunos de Ensino Fundamental e Médio para apreciarem a paisagem da Cachoeira Grande. Nessas visitas, são explicados os fenômenos naturais e antrópicos que transformam a paisagem local. A concentração da erosão fluvial num pequeno trecho do rio Una favorece uma particularidade que ainda não se conhece noutro lugar da mesorregião Agreste Pernambucano. Presenciamos esses fenômenos erosivos, também, no rio dos Bois, no município de Venturosa, no rio Ipojuca, no Sítio Malhada das Caveiras, a jusante da cidade de Caruaru, mas nenhum desses lugares é tão expressivo como a Cachoeira Grande, em Ituguaçu, Altinho – PE.
O trabalho concluído pode servir de manual ou fonte de pesquisa para os interessados e estudantes. Nele, foram descritos e analisados os fenômenos naturais responsáveis por uma paisagem única na nossa região, a qual deve tornar-se conhecida e valorizada, tanto pelo potencial didático-pedagógico, quanto pelo potencial turístico. Não devemos cultivar aquela ideia de que o lugar é sagrado e ninguem mais pode entrar. Deve-se divulgar e utilizar como área de visitação e aprendizagem, além de lazer e apreciação.
Muito devemos discutir sobre o local. Se é adequado para se tornar um geoparque, os órgãos públicos responsáveis têm que encaminhar as orientações e fiscalizar. Se acharem conveniente discutir com os geógrafos sobre a utilização adequada, devemos estar à disposição. Temos muita capacidade para contribuir na construção de uma ideia que será formidável para todos. Claro, se a utilização for correta.

Ao realizar esta pesquisa - que por sinal está incompleta, dada a complexidade do conhecimento geográfico, tão imensamente abrangente – muitos aspectos foram descobertos e descritos sobre o local, o que poderá se transformar em motivação para se estudar o próprio local ou, mesmo, muitos outros que existam na nossa mesorregião, conhecendo-se e divulgando-se para que possamos valorizar o que é nosso.

5 REFERÊNCIAS

AB’SÁBER, Aziz Nacib. Significado geomorfológico da rede hidrográfica do Nordeste Oriental Brasileiro. In: Anuário da Faculdade de Filosofia “Sedes Sapientiae” da Universidade Católica de São Paulo, pp. 69-76. São Paulo: 1956-1957
AGA – ASSOCIAÇÃO GEOPARQUE AROUCA. Programas educativos 2008/2009. Portugal: 2008 In: www.geoparquearouca.com Acesso: 18/12/2011
ANDRADE, Gilberto Osório de; LINS, Rachel Caldas. Os climas do Nordeste. In: Revista de Geografia – Edição Especial – IX Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada, pp. 3-32. Recife: UFPE, 2001
ANDRADE, Manoel Correia de Oliveira (Org.). Atlas Escolar de Pernambuco – espaço geo-histórico e cultural. João Pessoa – PB: Grafset, 2003
BIGARELLA, João José et al. Estrutura e origem das paisagens tropicais e subtropicais, v. 1, 2.ed. Florianópolis: UFSC, 2007
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