domingo, 6 de abril de 2014

SIGNIFICADO GEOMORFOLÓGICO DA REDE HIDROGRÁFICA DO NORDESTE ORIENTAL BRASILEIRO


SIGNIFICADO GEOMORFOLÓGICO DA REDE HIDROGRÁFICA DO NORDESTE ORIENTAL BRASILEIRO

Aziz Nacib Ab’Sáber


BIBLIOGRAFIA;
Anuário da Faculdade de Filosofia "Sedes Sapientiae" da Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, p. 69-76, 1956-1957.

Imagens comentadas por: Dr. Natalicio de Melo Rodrigues, 2014.


Analisando-se um mapa geral da rede hidrográfica do Planalto Atlântico brasileiro observa-se certo número de centros de dispersão d’águas importantes. O grande dispersor hidrográfico dessa parte dos planaltos cristalinos brasileiros situa-se entre a porção meridional de Minas Gerais, o leste de São Paulo e o sudoeste do Rio de Janeiro. Nessas terras altas do Brasil Sudeste possuem suas cabeceiras os principais tributários do São Francisco, do Paraná, Doce, Paraíba e minúsculos rios isolados da vertente costeira da Serra do Mar. No caso, trata-se do verdadeiro teto do Planalto Brasileiro, tanto sob o ponto de vista topográfico quanto sob o ponto de vista hidrográfico. Cumpre lembrar que o estudo geomorfológico das relações entre a rede hidrográfica, o relevo e a estrutura nessa área de irradiação de drenagem tem-se revelado  Particularmente sugestivo na discussão dos problemas paleogeográficos do Brasil Sudeste, como fizemos sentir em trabalho recente.

Figura 1: Observa-se que a totalidade da rede de drenagem do Planalto Atlântico é exorreica, e drenam pra o Oceano Atlântico. Os rios de drenagem o Oeste tendo como divisores de água A Serra do Mar, Serra da Mantiqueira, Serra do Espinhaço como são os casos do Rio Grande, Paranapanema, Tietê, drenam para Bacia hidrográfica do  Rio Paraná, e deste para o Oceano Atlântico a Sul, por sua vez o São Francisco que se direcionam inicialmente para  o Nordeste em direção ao Oceano Atlântico com drenagem a Leste. Quanto aos localizados ao Leste do divisores de água já citados, como é o caso do Rio Doçê, Paraiba do Sul e o Rio Ribeira.    

Com o Nordeste Oriental no tocante ao conjunto de sua rede de drenagem, por paradoxal que pareça, repete-se uma miniatura do que se observa nas terras altas do centro sul de Minas Gerais, nos bordos da Mantiqueira. Pode-se dizer mesmo que o Planalto da Borborema — uma das saliências mais definidas da porção oriental do Escudo Brasileiro — constitui o segundo dispersor hidrográfico dos terrenos cristalinos elevados do Brasil Atlântico.

Fonte: revistapesquisa.fapesp

Entretanto, como é fácil de se deduzir, grandes diferenças hidrológicas individualizam os dois centros de dispersão hidrográfica a que vimos de aludir. Enquanto os rios do Brasil Sudeste participam de ricos organismos fluviais, volumosos e perenes, dotados de grande e constante potencial hidráulico, os rios do Nordeste Oriental formam um magro sistema de cursos d'água de áreas semiáridas, intermitentes e irregulares, dotados de fraquíssimo poderio energético. Isso porque as cabeceiras dos rios nordestinos, ao contrário do que acontece com as do Brasil Sudeste, nascem onde as precipitações em geral são medíocres e onde os vales, em vastos trechos de suas porções superiores e médias, são desprotegidos do quorum de precipitações anuais sufi ciente para os alimentar permanentemente.

Na realidade, como já o observamos (Ab'Sáber,1953, p. 55), uma rede de drenagem fundamentalmente radial, em seus grandes traços, secciona o velho molhe cristalino da Borborema, demandando o Atlântico através de roteiros os mais variados: uns buscando o oceano por meio de cursos mais ou menos paralelos, dispostos de oeste para leste (rios Paraíba do Norte, Capibaribe, Ipojuca, Curimataú), outros nascendo nos rebordos sul-orientais da Borborema e marchando de norte para sudoeste, em busca do médio vale inferior do São Francisco (rios Pajeú e Moxotó); e, outros, ainda, nascendo nos rebordos orientais e correndo de sudoeste para nordeste, buscando o Atlântico no litoral do Rio Grande do Norte e no Ceará (bacias do Piancó- Piranhas-Açu e parte da Bacia do Jaguaribe).




Observa-se na figura acima as condições de drenagem gerais da rede hídrica das rios do Nordeste, verse que a província geológica denominada Planalto da Borborema funciona como um domo dispersor de águas do tipo Drenagem Radial. No verão e período de seca o centro do domo os rios por serem perene não escoa com a mesma intensidade que no verão. No inverno ao contrário relacionado ao período de intensos aguaceiros os rios intermitentes por natureza tornam-se perene realçando a superfície dômica dominante do Planalto da Borborema, funcionado assim como um grande centro dispersor de águas. Fonte da Imagem; Mapa o Caminho das Águas projeto de transposição do Rio São Francisco. Autor desconhecido.2010.

Causa espécie observar as zonas de cabeceiras de alguns desses cursos d’água nordestinos: alguns deles nascem em pleno sertão semiárido, nos Cariris Velhos, como é o caso do Paraíba do Norte, ou nas solidões do planalto de Teixeira-São José do Egito, caso do Pajeú. O certo é que a rede hidrográfica da Borborema não poderia ter a sua forma atual se o clima sempre tivesse sido como o de hoje. Os rios nordestinos dos sertões semiáridos somente vão ter ao mar porque têm uma longa história sobre o terreno — os seus vales, tendo sido previamente formados, como de resto, são extremamente comuns na natureza.

Outro fato de caráter geomorfológico que documenta bem as sucessivas mudanças climáticas e hidrológicas que ali se fi zeram sentir é a superimposição hidrográfica generalizada que se observa nos compartimentos interiores do relevo nordestino. Fases úmidas prolongadas e relativamente antigas foram sucedidas por períodos semiáridos mais recentes (Ab'Sáber, 1956), em conjunto tendo garantido a preservação da rede hidrográfica regional na categoria de drenagem aberta (exorreica). É por essas razões que rios relativamente fracos, para não dizer medíocres, cruzam cristas rejuvenescidas situadas nas depressões interiores dos planaltos regionais. Tais rios nunca poderiam ter seccionado os feixes de rochas resistentes das formações antigas da região caso não tivessem uma posição pré-fixada — uma espécie de herança do passado. É fato absolutamente fora de dúvida que os rios nordestinos entalharam os grandes boqueirões do interior através de uma superimposição hidrográfica de tipo clássico e à custa de um volume d’água e um poderio de erosão muito maiores do que os atuais, assim como sob um regime hidrológico inteiramente diverso.

Provas dessas interferências estão em toda parte. Entretanto, merecem particular discriminação os extensos depósitos de seixos rolados, de quartzo e quartzito (de 3 a 20 cm de diâmetro), distribuídos largamente nos terraços e rasos interflúvios das cabeceiras dos rios que hoje drenam dificultosamente as porções centrais do Planalto da Borborema. Tais cascalheiros foram depositados em fases úmidas [sic] torrenciais logo após os ciclos semiáridos do Plioceno (?) e do Quaternário antigo que responderam pela formação dos pediplanos e inselbergs sertanejos. Durante esse período pluvial as planícies semiáridas do Pleistoceno foram extensivamente rejuvenescidas, ao tempo que os rios, em reorganização, sulcaram de alguns metros os pediplanos e retrabalharam os fragmentos rochosos mais resistentes que encontraram.

Entretanto, esse ciclo úmido que reorganizou a drenagem, determinando a elaboração de seixos fluviais típicos, não se manteve por muito tempo, já que hoje imperam novamente condições semiáridas moderadas, com drenagem apenas intermitente. Essa volta recente para a semiaridez, testemunhada pela fragmentação in situ dos seixos rolados dos terraços e baixos interflúvios, conforme é possível se deduzir na base de uma observação de Alfredo Porto Domingues (1952b, p. 15), constitui o derradeiro digno fato a se frisar no tocante às mudanças climáticas modernas que afetaram a região. Digno de menção, sobretudo, é o fato  dessa degradação semiárida moderada não ter sido capaz de destruir o quadro geral da drenagem exorreica estabelecida ou restabelecida na fase pluvial imediatamente anterior. A semiaridez intermontana pleistocênica, muito embora não tão extensa e principalmente tão intensa, quanto aquela.

O Nordeste brasileiro, pelo seu quadro de relevo e hidrografia, constitui uma grande unidade geomórfica onde é possível uma tentativa de reconstrução da evolução da rede de drenagem regional, através dos documentos oferecidos pelos diversos períodos desnudacionais e paleoclimáticos modernos que ali se sucederam. Inútil insistir sobre o caráter de provisoriedade de tais especulações no terreno da páleo-hidrografia.

Em primeiro lugar, queremos lembrar que o caráter de grande abóbada tomado pelo conjunto de maciços antigos que formam a Borborema muito tem a ver com o centrifugamento da sua rede de drenagem. Já fi- zemos notar que recompondo-se o quadro que precedeu à circundesnudação pós-cretácia na região, conclui-se, sem muita margem de erros, que o núcleo central da Borborema, em determinado momento dos
fi ns do Cretáceo, ficou isolado por quase todos os quadrantes, pela sedimentação cretácica recorrente. É perfeitamente plausível a ideia de que no  auge do ciclo sedimentário dos fins do mesozoico uma cobertura não muito espessa de sedimentos tenha se estendido pelo dorso superior daquele núcleo de escudo pré-cambriano. A sobrelevação pós-cretácica de conjunto ao Planalto Brasileiro determinou as primeiras fases desnudacionais na região. A deformação em forma bombeada, acompanhada localmente por tectonismo quebrantável complementar, orientou a instalação radial da rede hidrográfica pioneira.

Essa superimposição hidrográfica pós-cretácea tornou possível o estabelecimento de rios consequentes de arranjo marcadamente centrífugo, em oposição ao que estava acontecendo na Bacia do Alto Paraná e em parte da Bacia do Maranhão- Piauí, concomitantemente.

Tudo leva a crer que o bombeamento de conjunto que acompanhou a epirogênese pós-cretácica determinou uma desnudação da cobertura superior da Borborema, dando origem à formação de uma coroa de desnudação superior similar à que é elaborada na juventude do entalhamento das estruturas dômicas. Apenas para complicar um tanto a marcha normal do entalhamento na região, deve ter havido em determinado momento do Terciário o estabelecimento de uma superfície de aplainamento que recortou e rebaixou a superfície pré-cretácica, restando muito bem documentada, por espessas crostas de laterito nos altos da Borborema, na Paraíba (Planalto de Teixeira) e Rio Grande do Norte (Serra dos Martins). Essa superfície das cangas dos altos da Borborema que sempre foi confundida com o paleoplano pré-cretácico, foi caracterizada a pouco tempo pelas notáveis observações do professor Jean Dresch no Planalto de Teixeira, durante a excursão do Nordeste, realizada por ocasião do XVIII Congresso Internacional de Geografi a. Sobre ela muito há o que dizer, ainda. No momento, porém, interessa-nos salientar que a marcha do entalhamento pós-cretácico da Borborema foi retida durante o período desnudacional que possibilitou a elaboração do peneplano das cangas. Novos levantamentos de conjunto, acompanhados de um bombeamento que repetiu as grandes linhas do imediatamente anterior, possibilitou a fi xação do quadro hidrográfico que mais se aproxima do atual.

Pela ramificação das drenagens dos cursos d’água pioneiros, tornou-se possível uma circundesnudação em torno da Borborema, com o estabelecimento de uma vasta e irregular rede de depressões periféricas paleogênicas (Ab’Sáber, 1956). Dessa forma, nos bordos da Borborema, enquanto os cursos consequentes lograram seccionar a cobertura sedimentar antiga epigenicamente, os rios subsequentes aos poucos elaboraram depressões marginais, interpostas entre cuestas e maciços antigos. Devido à exumação e ao rejuvenescimento do assoalho pré-cretácico ou pré-triássico, em muitos pontos foram estabelecidos relevos apalachianos típicos. Se é que hoje é difícil reconhecer a drenagem em treliça que estruturou tais relevos apalachianos, é tão somente porque a pediplanação moderna diluiu extensivamente os pormenores dos antigos padrões de drenagem, outrora dominantes.

O caráter aproximadamente leste-oeste da Borborema e de sua estrutura nas extremidades ocidentais de seu edifício geológico fez com que os rios que demandam o norte cruzassem epigenicamente os feixes de quartzitos e itacolumitos resistentes da Paraíba, enquanto os que se dirigem para o sul seccionam normalmente outras tantas barras de rochas duras em território pernambucano. Os grandes boqueirões* existentes nas cristas apalachianas que se salientam nos baixos compartimentos interiores do Nordeste Oriental são water gaps iniludíveis, esculpidos em ciclo anterior à pediplanação pleistocênica. Roderic Crandall (1910), escrevendo numa época em que ainda não se falava em drenagens epigênicas, superimpostas ou herdadas, referindo-se aos cursos d’água nordestinos que cruzavam cristas de rochas duras em torno da Borborema, dizia: “Há aqui uma prova bem definitiva de um fato que se nota também em outros lugares, indicativos do control da drenagem por camadas que hoje não existem mais no lugar, sendo de se presumir que essas pertenciam à série cretácea”. Sem levar em conta tais asserções, seria impossível explicar como rios tão temporários e impotentes puderam esculpir os magníficos boqueirões do interior. É fora de dúvida, por outro lado, que no passado, quando tais cursos d’água seccionaram as barras de rochas duras da região, por certo deveriam ter maior volume d’água e um caráter perene.

Quando da pediplanação pleistocênica parece ter sido diluída parcial ou totalmente a drenagem pretérita. Entretanto a falta de deformações tectônicas contemporâneas e a grande dominância de rochas graníticas e gnáissicas, assim como a de xistos cristalinos não calcários, impediu a formação de extensões consideráveis de depósitos de bajadas ligados a fases endorreicas prolongadas. Nas áreas do médio Vale inferior do São Francisco, onde a extensão dos calcários da série Bambuí era considerável no embasamento regional, pelo contrário, tais depósitos foram maiores e mais frequentes. Em ambas as regiões o ciclo úmido relacionado com os depósitos de cascalhos fluviais — que precedeu de imediato ao ciclo semiárido moderado atual — foi capaz de redefinir a drenagem em bases exorreicas, numa hierarquização diferente daquela que existiu antes dos climas semiáridos pleistocênicos. A degradação semiárida mais recente, posterior ao ciclo pluvial dos cascalheiros, modificou ainda mais os detalhes da rede hidrográfica regional, atenuando-lhe a densidade e acentuando o sulco de alguns canais fluviais. Daí, os cascalheiros do ciclo úmido [sic] serem encontrados em terraços fluviais dos rios principais ou em baixos interflúvios retalhados por rios e riachos temporários, de porte medíocre. Nenhum dos cursos d’água atuais do Nordeste Oriental é capaz de fabricar seixos rolados similares àqueles desses cascalheiros. Bastaria lembrar que no leito dos rios atuais somente são encontrados depósitos arenosos, relativamente grosseiros e de reduzido grau de rolamento.

Revendo-se as vicissitudes por que passou a rede hidrográfica dessa importante parcela das terras semiáridas brasileiras, atinge-se algumas conclusões geomorfológicas interessantes, algumas das quais passamos a sumariar:

1. A rede hidrográfica do Nordeste Oriental possui uma relativa antiguidade geológica, já que em sua maior parte foi originada após a cessação do ciclo deposicional cretáceo e o subsequente levantamento de conjunto do Planalto Brasileiro.

2. O Planalto da Borborema possui uma rede de drenagem centrífuga, adaptada ao estilo tectônico dominante na região, ou seja, maciço antigo soerguido em forma bombeada. Antes mesmo de ser envolvido e parcialmente soterrado pela sedimentação cretácea, o Nordeste Oriental já se devia comportar como área preferencial de bombeamento.

3. A drenagem pós-cretácea da região foi parcialmente desorganizada pela peneplanização terciária (peneplano das cangas), e reinstalada em ciclo erosivo após novos levantamentos de conjunto. Enquanto rios consequentes se irradiaram para todos os quadrantes a partir das porções centrais da Boroborema, cursos subsequentes auxiliaram a desnudação das camadas marginais que envolviam o Planalto da Borborema, conseguindo elaborar depressões periféricas e cuestas ao mesmo tempo que ressalientaram o conjunto de maciços antigos que constituem o planalto.

4. Quando já ia adiantada a formação das depressões periféricas e quando os relevos apalachianos esculpidos por superimposição nos bordos do Planalto da Borborema atingiram um estágio de maturidade fi -nal, sobrevieram fases semiáridas intermontanas, criadoras de pediplanação e inselbergs no interior das depressões previamente elaboradas.

5. As fases semiáridas intermontanas destruíram parcialmente os relevos apalachianos dos rebordos da Borborema e do interior das depressões periféricas já aliviadas de coberturas sedimentares. A antiga rede de drenagem em treliça apalachiana foi praticamente apagada pela pediplanação no interior das depressões periféricas, restando suas marcas tão somente nas principais gargantas epigênicas que seccionam cristas apalachianas do interior.

6. Os pediplanos do interior nordestino foram elaborados durante a segunda metade da Era Cenozoica, adquirindo suas feições de planícies semiáridas intermontanas a partir do Plioceno, como tudo leva a crer. O embrião de tais pediplanos, em muitos casos, foram os plainos de erosão elaborados no interior das depressões periféricas à custa de processos normais e de verdadeiras eversões no assoalho pré-cretáceo ou pré-triássico. A fase de peneplanização pliocênica parece ter sido o princípio da história desnudacional moderna que preparou terreno para uma verdadeira pediplanação. Este se desenvolveu mais largamente após o fecho da sedimentação da série Barreiras, em diversas fases áridas e semiáridas que se prolongaram por todo o Pleistoceno. A esse tempo se formaram os depósitos das cacimbas, em pequenos pontos de concentração interior da drenagem, únicos casos de endorreísmo local no Nordeste.

7. Uma súbita mudança climática, representada por uma volta brutal às condições úmidas, deu em resultado uma reorganização total da drenagem confusa dos pediplanos, a qual se dirigia para o mar apenas porque existiam condições topográficas excepcionais para a manutenção de um frágil exorreísmo. Ao contrário, essa fase pluvial, relativamente moderna reabriu total e extensivamente a rede de drenagem regional. Grandes depósitos de cascalhos fluviais foram elaborados a esse tempo, depósitos que hoje se encontram em terraços fluviais dos principais cursos d’água ou em interflúvios não muito elevados.

8. Após esse período dos cascalheiros houve uma volta à semiaridez [sic], que se fez acompanhar de uma ligeira reorganização da rede de drenagem anterior e por uma modesta fase de rejuvenescimento dos extensos pediplanos regionais. Essa nova fase de degradação semiárida preside o regime intermitente atual dos rios do interior do Nordeste Oriental. Hoje não há nada que possa lembrar a drenagem do Pleistoceno antigo. Faltam até mesmo os pequenos casos de drenagem interior, similares àqueles que deram origem aos depósitos das cacimbas. A drenagem é extensivamente exorreica a despeito mesmo da semiaridez imperante em quase todo o interior do Nordeste Oriental.

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*Há que lembrar a existência de diversos tipos de boqueirões no Nordeste, tais como: boqueirões apalachianos do interior; boqueirões apalachianos remodelados pelos climas úmidos nos bordos orientais da Borborema; boqueirões correspondentes a diaclases alargadas em zonas de cristais quartzíticas; boqueirões oriundos de baionetas hidrográfi cas, situados em cristas secundárias paralelas ao eixo dos vales; boqueirões em cuestas, na forma de percées consequentes dos rios que, provindo do cristalino penetram nas bacias sedimentares circunjacentes. Não faltam, por seu turno, alguns raros casos de wind gaps, boqueirões abandonados devido às sucessivas reorganizações parciais da rede hidrográfica regional.




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