O DOSSIÊ DE UMA DOCÊNCIA E PESQUISA AO ESTUDO DO PARQUE NACIONAL DO CATIMBAU- BUIQUE -PE
(Memorial de doutorado)
A docência
Recife, 12/12/2010.
Natalicio de Melo Rodrigues
A docência
Apesar de tardia sua formação em 1986
na Autarquia de Ensino Superior de Arcoverde - AESA, sua vida se traz em uma rica
história de coincidência de inclinação com a essa ciência, a qual aprendeu a se
dedicar. Pode-se dizer que, poucas foram às vezes que trabalhou em atividades
não ligadas à Geografia. No entanto, nunca imaginou que o Catimbau
concomitantemente com Geografia, iria fazer parte de sua vida, e muito menos
que isso o conduziria ao Magistério, Mestrado e Doutorado nesta ciência.
Nascido em Arcoverde, é filho de
um cabeleleiro e de uma costureira. Cresceu no sertão, conhecedor do vale do
Moxotó e dos açudes de sua bacia, do Catimbau, de Buique, das Serras das Varas,
dentre outros. Compreender a Caatinga, os fenômenos das secas, dos solos poucas
vezes embebidos de chuvas e ressecados pelo sol, sempre lhe aguçaram a
curiosidade. Sua juventude vai ser vivida como que um romance de longas
aventuras, nas águas do riacho do Mel que contorna o Vale do Catimbau, do Açude
de Poço da Cruz, e das terras verdes do brejo do Catimbau.
Mas foi das terras cinzentas do
agreste meridional que seu pai e sua mãe nasceram. O pai, um retirante que saiu
do agreste afugentado pela seca de 1928, e que veio fixar morada em Arcoverde.
Embora vivesse sob as condições mais adversas, era dotado de um grande senso de
curiosidade. Gostava de ler e falar sobre fenômenos astronômicos e das forças
telúricas. Foi do pai que recebeu o primeiro livro de Geografia e o primeiro
telescópio.
Na década de 70, inicia seus
estudou em dois colégios tradicionais de Arcoverde. No primeiro, Colégio Carlos
Rios, não se adapta a rígida disciplina militar e tornou-se um aluno
complacente. Mas em meio às tormentas da juventude conhece as aulas de
Geografia da Professora Maria Ozita, que torna marcante seu interesse por essa
ciência, e isso deixaria nuances em parte de sua vida. No segundo, o colégio
Onze de Setembro fugia da escola para
ir jogar bola, mas o zelo pelas aulas de Geografia continuou, o que se atribui
ao excelente professor de Geografia o Professor Cristalino Wanderlei, mas o
interesse geral por estudos veio graças à influência do educador Pastor Israel Dourado Guerra, o qual
se pode afirmar como uma das figuras humana que mais influenciou em sua vida.
A prática da docência ocorreu em 1987,
quando veio a ensinar Geografia,
coincidentemente no colégio que vivenciou parte de sua vida estudantil. Assim,
o Colégio Onze de Setembro vai se tornar palco de suas primeiras aulas de Geografia e História,
condição que perdurará até 1988. É nesse mesmo ano que é convidado para ensinar
no Colégio Rio Branco, e nesse se revelaria a Arcoverde como professor de
Geografia, História e Filosofia. Nessa condição permanece até 1990. Na mesma década inicia uma série
de excursões ao antigo Vale do Catimbau e
começa a coletar artigos e reportagens.
Em 1989, como sina de muitos nordestinos, migra para o Rio de Janeiro
e passa a residir nas Laranjeiras, bairro de classe média alta e reduto boêmio
de artistas e intelectuais da sociedade carioca. É um período que o destino lhe
reserva algo surpreendente com a Geografia, a convivência um amigo lhe põe de
frente com a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nesta oportunidade assiste palestras de Roberto Lobato
Corrêa e, Iná Elias de Castro.
Ainda no Rio de Janeiro, cursa Hotelaria e Turismo pelo SENAC,
e participa da primeira CONFERÊNCIA
MUNDIAL PARA O MEIO AMBIENTE, conhecida como ECO-92. Na ocasião
participa como recepcionista em Rio das Pedras-RJ, um dos locais mais
importantes da conferência. Tem a oportunidade de presenciar o início do maior
evento eco-ambiental do planeta.
Em 1995, devido à grave crise econômica vivenciada no país e, as
dificuldades para conseguir emprego, regressa a Arcoverde. No mesmo ano é
aprovado por concurso público ao cargo de professor de Geografia da
Prefeitura Municipal de Garanhuns, obtendo o 2º lugar com nota 8,70, mas não
assume. É nesse mesmo ano se licencia da carreira de professor e ingressa no
serviço publico. Nomeado na ocasião pelo Governador Miguel Arraes, assume o
cargo de Fiel-Gerente da CAGEPE na unidade armazenadora de Inajá– PE. Essa será
a única etapa de sua vida sua unica ligação com a Geografia aparecerá de forma esporádica como professor substituto da Professora Eunilia Ferraz do Colégio Imaculada Conceição.
Em l998, retorna a
Arcoverde, e reinicia a docência em um colégio das irmãs vicentinas, o então
Colégio Imaculada Conceição de Arcoverde. Em 1999 é convidado
para ensinar no Colégio Diocesano de Arcoverde, na época o melhor colégio do
interior. No mesmo ano ingressa no curso de Pós-Graduação na
Faculdade de Formação de Professores de Garanhuns, FFPG-UPE, onde cola grau em PROGRAMAÇÃO DO ENSINO
SUPERIOR DE GEOGRAFIA, obtendo
notas que variam entre 7,0.e 9,55. Na oportunidade, conhece um
marcante professor de Geografia, o Mestre Carlos Cruz Ubirajara, que lhe
orienta sobre as bases do pensamento filosófico e metodológico da Geografia. Na
ocasião defende um projeto de conclusão sobre a importância da preservação do
Vale do Catimbau e sua importância geológica e arqueológica para cultura e
turismo do povo de Buique –PE.
Nesse
período a relação com o Parque Nacional do Catimbau se restringirá a
contemplação de suas belezas e lutas pela preservação. Nessa condição começa
ser convidado para palestra em colégios, câmaras de vereadores, organizar excursões, etc. Inicia um árduo trabalho de pesquisa para recolher material sobre o Vale do Catimbau, mais tarde serviram para
elaboração de suas pesquisas. Nesse ínterim, se surpreende com a inexistência
de trabalhos acerca de impactos ambientais nessa área.
Nota claramente no meio cientifico uma lacuna do tema, assim, se inicia a busca
em saber as razões ocultas que determinaram esta quase abstenção do tema entre os acadêmicos. Antes
de conhecer as razões cientificas da origem física e cultual do Catimbau, transitava dos estudos científicos para mitos sem muitos
cuidados ou critérios. De um lado havia a influência dos importantes escritos
científicos do pesquisador e cientista Marcos de Albuquerque da UFPE dos anos
70-80, e do outro o que eu nunca quis se desprender, os mitos e a devoção a
tênue cultura local.
O
lado do mítico do Catimbau lhe fascinara, juntamente com sua leitura de Catimbau como algo misterioso, mesmo entendo a importância de suas histórias, seus ricos nichos arqueológicos, lugar dos últimos índios
Kapinwás, que hoje encontra-se preservada como cultura indígena do nordeste do Brasil. Admirara os
seus rituais, sua cultura, e observava atentamente as conversas sobre
comunicações com espíritos de encantadores, com poltergeists, e as supostas observações e registros de OVNI, que retratam uma relação com uma “civilização” misteriosa e
subterrânea, esses enigmas fascinavam sua mente em relação à remota e rica
região.
Na verdade se sabe que o Vale do Catimbau é rico em pinturas rupestres da tradição nordeste e possui diversas curiosidades, como por exemplo, valia ouvir as lendas da Seita dos Imortais da fazenda Porto Seguro, residencia do líder já falecido dessa comunidade, o Sadadi
Alexandre de Farias, conhecido como Meu Rei, e sua lendária crença, que
afirmava que desde 2004 a
Terra entraria em processo de purificação, e tudo que desagrada a Deus seria
destruído. Por fim, os espíritos de luz reencarnariam em outro planeta.
A docência no Ensino Superior
Em 1999, se inicia no ensino superior, após submeter-se a concurso para
professor na Faculdade de Formação de Professores de Belo Jardim-FABEJA, vindo
a ser aprovado em 1º lugar, com nota 8,86. Toma posse no mesmo ano, assumindo
as disciplinas de Geografia Física, Geologia, Geografia da População, Geomorfologia e Climatologia. Nesse período começa uma ampla divulgação das obras
de Milton Santos, Aziz AB’Saber, João José Bigarella, Salgado-Laboriau, e de
modo especial destaca os grandes nomes da Escola de Geografia de Pernambuco:
Raquel de Caldas, Gilberto Osório, Manoel Correia de Andrade, Lucivânio Jatobá,
entre outros. É nesse importante inicio de carreira profissional em que seu
nome e a Geografia começam a se vinculado ao do Parque Nacional do Catimbau. Naquele mesm ano torna-se membro da AGB-
Associação dos Geógrafos Brasileiros.
Em 2000, após cumprimento das
exigências de formação constada no cronograma estabelecido para formação de
pós-graduados em ensino superior da Geografia da UPE, retorna a FABEJA. Nesse
mesmo ano, que surge uma oportunidade de nova seleção, desta vez para um curso
preparatório para mestrado realizado pela ASSIESPE.
O curso seria ministrado no
CEVASF – Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco, em parceria com a
Universidade Federal de Pernambuco-UFPE e a Associação das Instituições do
Ensino superior de Pernambuco - ASSIESPE, evento que ocorreria no período de 20
de novembro de 2000 a
janeiro de 2001, com quatro módulos e carga horária de 160h/a. Participam todos
os professores de Geografia das faculdades do interior, totalizando cerca de 40
professores de Geografia. Nesse curso criou-se oportunidade de contato com os
acadêmicos da escola da Geografia da UFPE, onde foi possível se conhecer
grandes geógrafos de pernambucanos, a saber: Nilson Crócia, Cláudio Castilho,
Raquel Caldas, Alcindo José de Sá, e Jan Bitoun. Essa convivência estabeleceu
uma rota de colisão entre o pensamento místico e o cientifico.
O seu primeiro contado com a Biogeografia
vem ocorrer no mesmo curso com a Professora
Doutora Eugênia Pereira. Como se sabe essa é uma disciplina da Geografia
para a qual convergem e contribuem diversas outras disciplinas das ciências
naturais e humanas. Ao trabalhar o brejo, degradação ambiental, fragmentação,
efeito de borda, propõe-se apreender a realidade, através da dualidade
espacial, no seu aspecto físico e humano.
Foi nesse curso que veio ocorrer uma maturação acadêmica, de fato, em
prol de um estudo com foco menos mítico e mais cientifico. Mas a mudança
decisiva seria o contato com as aulas da Professora Dra. Eugênia Pereira, que com sua
influência discreta, mas no fundo decisiva, essa mestra insuperável, possuidora
de uma penetração psicológica que lhe daria um domínio tranqüilo sobre o meu
comportamento inquieto de místico pesquisador. Pedagoga de mão cheia, profunda
conhecedora da alma, não pretendeu dominar o orientando, mas quebrando o seu
ímpeto místico e fantasioso, acabou por captar seus interesses e, desviou sua
inquietação para objetivos mais nobres e científicos.
Assim, em um encontro inusitado de uma apresentação de trabalho de
conclusão da disciplina Biogeografia em Belém de São Francisco ocorre um fato
inusitado. A professora direciona uma pesquisa que levaria fazer uma exposição
em mapa sobre a origem dos brejos pernambucanos. Nesse ínterim se depara com
temas como: a Teoria de Refúgios e Redutos de Aziz Ab’Saber, fragmentação de
sistemas naturais, recuo de matas, e fenômenos sobre a distribuição de áreas
úmidas sobre o sertão, temas que o fascinou, concretizando a partir daí uma
grande relação com o objeto de estudo (Brejo do Catimbau), e com a doutora
Eugênia Pereira. Assim, favorecido pela curiosa
apresentação da doutora que motiva-o e o orienta-o a seguir com a idéia,
inicia-se assim sua busca pelo mestrado na UFPE.
Pode-se considerar também, como outro elemento desencadeador das
pesquisas, o fator geográfico. Residir próximo ao objeto de estudo, Buique, foi
uma das condições fundamentais para compor um cenário que possibilitou conhecer
mais de perto a realidade do semi-árido, sobretudo, os municípios integrantes
da Microrregião do Sertão do Moxotó: Ibimirim, Tupanatinga, Arcoverde, Cruzeiro
do Nordeste, entre outros, onde se situa parte significativa da Bacia do
Jatobá, e onde se insere o Vale do Catimbau.
Em 2001, visando preparo para o processo seletivo de mestrado da UFPE,
inicia sua participação em diversos congressos e simpósios. Destaca-se entre
eles, a participação no IX Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada,
promovido pela Universidade Federal de Pernambuco no mês de novembro, onde faz
curso sobre meio ambiente urbano com o Dr. Jan Bitoun e o Dr.Leonardo José
Cordeiro dos Santos. Outra participação significativa que deu importantes
subsídios para aprovação do mestrado, veio do conhecimento obtidos no XIII
Encontro Nacional de Geógrafos na UFPB, ocasião marcada pela presença e realização
de diversos mini-cursos.
O Mestrado
Em 2002 vários professores viajam a Recife para participar do processo seletivo para o mestrado da UFPE em Geografia, e nesse ínterim consegue sua aprovação. Na época faz opção pelo Mestrado em Gestão e Políticas Ambientais, atual PRODEMA e o projeto selecionado denominava-se: IMPACTOS AMBIENTAIS NO PARQUE NACIONAL DO CATIMBAU.Este projeto torna-se um interesse crescente, e a partir daí se iniciam os primeiros passos visando compreender o objeto de estudo, as teorias: da Pediplanação de João José de Bigarella, e a do Refúgio Ecológico de Aiz Ab Saber, que forneceram as bases iniciais necessárias e aguçavam ainda mais a curiosidade acerca das formas de analisar o espaço presente, levando-se em conta as heranças paleoambientais. Embasado por estas teorias lançava-se mão de metodologias integradas para a compreensão das variáveis de estudo.
O Mestrado
Em 2002 vários professores viajam a Recife para participar do processo seletivo para o mestrado da UFPE em Geografia, e nesse ínterim consegue sua aprovação. Na época faz opção pelo Mestrado em Gestão e Políticas Ambientais, atual PRODEMA e o projeto selecionado denominava-se: IMPACTOS AMBIENTAIS NO PARQUE NACIONAL DO CATIMBAU.Este projeto torna-se um interesse crescente, e a partir daí se iniciam os primeiros passos visando compreender o objeto de estudo, as teorias: da Pediplanação de João José de Bigarella, e a do Refúgio Ecológico de Aiz Ab Saber, que forneceram as bases iniciais necessárias e aguçavam ainda mais a curiosidade acerca das formas de analisar o espaço presente, levando-se em conta as heranças paleoambientais. Embasado por estas teorias lançava-se mão de metodologias integradas para a compreensão das variáveis de estudo.
As metodologias, embora diretamente
voltadas para o estudo de impactos ambientais, permitiam conhecer os impactos
causados por estradas e conseqüente efeito de borda, fragmentação do parque e suas
implicações sobre a vegetação de Caatinga, idéias que mais tarde subsidiaram o
projeto de doutorado. Seguia-se, então, o levantamento dos dados do meio
físico, confecção de mapas, e localização dos pontos mais impactados. Assim,
acompanhados pelo orientadora Eugênia Pereira. Finalmente, definiu seu ponto
focal de estudo de mestrado, a definição da zona de amortecimento (ZA) do
Parque Nacional do Catimbau (PNC), inexistente nos documentos de sua criação e,
necessário à proteção de uma Unidade de Conservação. Nessa ZA definida,
identificou os diversos impactos gerados pelos habitantes da região, além de
apontar incongruências nos limites definidos e potencial turístico do PNC.
Em 2003, após a aprovação
no mestrado para a turma de 2004, começa a ser convidado para ministrar
palestra em
congresso. Trata-se de um período muito importante, uma vez
que permitiu expor apresentar suas primeiras idéias. Participou no Educação
I e II CONGRESSO INTERESTADUAL DA EDUCAÇÃO -CESA, expondo sobre os impactos
ambientais na Bacia hidrográfica do Moxotó e sua relação com o Vale do
Catimbau.
No mesmo ano, assume
o cargo de adjunto de DEPTO DE GEOGRAFIA–FABEJA em BELO JARDIM e participa
do I SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA em mesa redonda com o Geógrafo da USP professor Dr.WILLIAM
VESENTINI, que posteriormente conhece o projeto sobre o Vale do Catimbau.
Em 2006 defende seu mestrado, com
dissertação intitulada POTENCIALIDADES E IMPACTOS AMBIENTAIS NO PARQUE NACIONAL
DO VALE DO CATIMBAU sob orientação da Dr. Eugênia Pereira da UFPE. Parte da
dissertação foi publicada como capítulo do livro Turismo e Práticas Socioespaciais: Múltiplas Abordagens e
Interdisciplinaridades, com o título: Potencialidades
Turísticas e Riscos Ambientais no Parque Nacional do Catimbau, organizado
pelo Prof. Dr. Cláudio Castilho da UFPE e impresso pela Editora Universitária
da mesma instituição.
Em 2007 volta a UFPE e
participa do I Simpósio de Ciências da Terra. Na oportunidade faz um curso
sobre rochas e minerais com o Doutor Gorki Mariano realizado no Departamento de
Geologia.
No mesmo ano, atuando na FABEJA, torna-se Professor Adjunto do
Departamento de Geografia, onde o governo do Estado de Pernambuco cria o
Projeto Alvorada, cuja meta era capacitar, através da pós–graduação, todos os
professores de Geografia da rede estadual. Esse projeto, com licitação vencida
pela FABEJA, ficou sob coordenação do Mestre. Carlos Cruz Ubirajara da UPE. Este,
na ocasião, recomenda que o comando o pólo de Petrolina, seja direcionado a
minha pessoa, ocupando assim a responsabilidade de chefia e ensino das disciplinas
de Fundamentos Teóricos Metodológico da Geografia. Nessa condição, leciona no
pólo de Caruaru, Petrolina e Recife.
Em 2008 é nomeado coordenador
do Curso de Geografia da FABEJA onde se dedica ao ensino, pesquisa, orientação
e excursões didáticas, lecionando GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA, GEOGRAFIA DA
POPULAÇÃO, CLIMATOLOGIA, HIDROGEOGRAFIA, e FUNDAMENTOS TEORICOS METODOLOGICOS
DA GEOGRAFIA. No mesmo ano é convidado pelo Prof. MS. Carlos Ubirajara, para
palestra sobre o Efeito Estrada no Parque Nacional do Catimbau na Universidade
de Pernambuco na Unidade de Garanhuns.
Em 2009 participa do Concurso
da Escola Agrotécnica Federal de Belo Jardim e obtém na primeira fase o 1º
lugar com nota 9,33, onde leciona Geografia. Atualmente como professor em Belo Jardim,
ministra palestra em cursinho preparatório para concursos. Participa da Semana
Nacional de Ciência e Tecnologia em Pernambuco, onde prefere palestra no Instituto
Federal de Pernambuco- IFPE. Ainda no mesmo ano é convidado pela AESA (onde se
formou) para proferir palestra sobre a sobre a importância da Geografia no
século XXI.
Os feitos em prol da educação repercutem em Belo Jardim , Petrolina,
Caruaru e Recife; some-se a esse fato o conseqüente crescimento do curso de
Geografia da FABEJA, as conquistas do Mestrado em Gestão e Políticas Ambientais
(UFPE), da aprovação no doutorado (UFPE), as vitórias da licitação do Projeto
Alvorada e, por fim, a importante classificação em primeiro lugar na Escola Agro-técnica
Federal, tiveram grande repercussão no meio político e educacional do município
de Belo Jardim. Essas conquistas passam ser conhecidas pela sociedade, e
principalmente no âmbito político, especificamente na Câmara de Vereadores.
Em resposta o vereador Euno de Andrade da Silva Filho encaminha projeto
de concessão do título de Cidadão Belo
Jardinense pelos relevantes serviços prestados ao curso de Geografia da
Faculdade de Belo Jardm- FABEJA. Em junho de 2008 a câmara acata a
solicitação, que foi aprovada por unanimidade.No mesmo ano tem importantes
participações na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, onde apresenta parte
de suas pesquisas sobre a fragmentação e efeito de borda no Parque Nacional do
Catimbau.
O doutorado
Quanto ao doutorado, o ingresso se deu ano 2006, quando de sua aprovação
no curso de DOUTORADO EM GEOGRAFIA
da Universidade Federal de Pernambuco, ocasião
obteve a sexta posição entre os candidatos, com o projeto na área da Biogeografia,
sob orientação da Dra. Eugênia Pereira
e co-orientado pelo Dr. Fernando de Oliveira Mota Filho. O tema se situa
especificamente com eixo temático na Ecologia
da Paisagem, centrado no sub-tópico Estrutura
de Paisagem. Um tema principal derivou das idéias de Forman e Godron, autores das obras clássicas “Patches and
Structural Components for a Landascape Ecology” (Forman e Godron, 1981) e
“Landscape Ecology” (Forman e Godron, 1986). Essas obras dão suportes
conceituais teóricos que alimentam a querela sobre o funcionamento da paisagem
e tema de estudo.
Em geral esse tipo de estudo requer uma pesquisa
bibliográfica ampla para situar o estágio atual do discurso. É um tema de análise
do mosaico da paisagem, e segue a tradição conceitual conforme disponibiliza a
literatura, que tradicionalmente tem a seguinte estrutura conceitual: a)
elementos de um ecossistema que são: a estrutura, a função e a alteração. A função diz respeito à interação entre os
elementos espaciais, isto é, o fluxo de energia, materiais e espécies entre os
componentes ecossistêmicos. A alteração
que reflete as mudanças na estrutura e na função do mosaico ecológico (Turner e
Gardner, 1991). Essa pesquisa teve seu foco situado nos componentes da estrutura e se refere às
relações espaciais entre os corredores e a matriz.
O
um dos pontos de partida do projeto, advindo da fase de leitura bibliográfica,
consiste em dar nova roupagem, visando facilitar a interpretação e entendimento
da literatura. Essa condição adveio das dúbias interpretações presentes nos
aspectos conceituais, o que não veio a invalidar os mesmos. Assim, este
documento é apresentado no seu âmbito conceitual. Os corredores segundo Matteucci (1998);
Burel e Baudry (2002) consistem na rede de ligação que conectam as manchas com a matriz, representados por um sistema viário (estradas e trilhas),
rede de drenagem (córregos e canais), compondo um conjunto espacial de manchas
e de redes constituindo um padrão paisagístico, que possibilita a conectividade
entre os organismos existentes.
Quanto a esses aspectos conceituais, essa
pesquisa mostra parte da forma como os conceitos “corredor” vêm sendo
aplicados. Discutiu a generalização do termo “corredor” quando aplicada aos objetos antrópicos, como é caso de
estradas, e a elementos da natureza, a exemplo de rios, córregos, etc..
Percebeu-se que sua interpretação poderia escamotear a elucidação dos impactos
ambientais que uma estrada pode causar. Daí resulta a crítica ao termo, e
buscando-se nos postulados de Diamond (1975), a quem se atribui estudo do
efeito borda e fragmentação em unidades de proteção, quando asseverou: “as
reservas não deviam ser subdivididas em partes, principalmente por estradas,
pois estas podem se constituir em barreiras”.
Mais a idéia central que serviu de eixo advém
da leitura do importante artigo de Santos & Tabarelli(2002) denominado Distance From Roads and City as Predictor of
Habitats Loss and Fragmentation in The Caatinga of Brazil. Nesse artigo os
autores elucidam que a inserção de “corredores” (as estradas e as rodovias)
teria induzido a fragmentação da Caatinga. Essa idéia foi transposta para o
estudo do Parque Nacional do Catimbau. Assim, com base em tais postulados, se
percebeu que havia possibilidades de que tal fato estivesse ocorrendo nos
parques nacionais do Brasil.
Procedeu-se então um longo levantamento das
reais condições do parque em relação a inserção das estradas no seu interior,
em sua zona de amortecimento, ou como limite do seu perímetro, tendo como
elemento balizador o Parque Nacional do Catimbau. Embora a Sociedade Nordestina
de Ecologia quando da elaboração do seu projeto de criação tenha justificado o
uso “corredores” (estradas, rodovias e pontes, de rios, entre outros), sob a
alegação de “facilitar a identificação dos limites no campo (S.N.E., 2002), essa posição
confrontou-se com as posições teóricas estabelecidas.
No caso especifico do PNC a inserção de
“corredores” (estradas) evidenciou sua relação direta com os impactos
ambientais identificados por RODRIGUES (2006). Nos últimos anos, os impactos causados à fauna
por atropelamentos nas estradas e rodovias passou a receber a atenção de
pesquisadores em vários países, principalmente nos E.U.A. No Brasil, a
preocupação foi posterior e recente e,
quase sempre associada às áreas de interesse de preservação. São diversas as
citações considerando os aspectos negativos das estradas, como as encontradas
em Conde & Bergallo (2001), Dias (2004), dentre outros. Por fim, o projeto
trabalhou com a hipótese de que a inserção de estradas ou rodovias seja no
interior das Unidades de Conservação, ou como seus limites constituem uma
prática inadequada para sua preservação.
Entretanto, a confirmação dessa idéia dependeu
de muito trabalho de campo. Com esse objetivo, os estudos de sensoriamento
remoto foram fundamentais, principalmente o uso da banda 3 do NDVI, usada para
detectar a presença de excesso hídrico em borda das estradas, para que se
pudesse considerar o fato como efeito estrada. As bases do questionamento
conceitual denominando estradas e linhas de transmissão, oleodutos como barreiras (classificação dinâmica) e não como corredores (classificação
técnica tradicional) foram embasados em Sobrinho (1975), Diamond (1975), Dias
(2002), que apontam os efeitos negativos provocados por uma estrada, considerando-a
como barreiras.
De posse dessa idéia, maturou-se a necessidade
de expressar idéia representar a condição de inserção de estrada e suas
conseqüências ambientais negativas. Essa lacuna era bem evidente na literatura.
Com essa clareza, surge então a idéia da construção conceitual do efeito
estrada, e elaboração de um modelo que retrate em que condição vem ocorrer, e
como acontece na prática. Dessa forma, se consolidou uma tese de doutorado para
posterior defesa.
Em 2010, participa do VI SEMINÁRIO LATINO
AMERICANO e II SEMINÁRIO IBERO-AMERICANO
de Geografia Fisica –Sustentabilidade da “GAIA”; Ambiente, Ordenamento e
Desenvolvimento, na Universidade de Coimbra –Portugal.
Por fim, esse memorial é um retrato de um professor, onde cada etapa de
sua vida tem sido entrelaçada de dedicação à Ciência Geográfica e à satisfação
da carreira profissional, mas que ainda teve um orgulho que foi o de pertencer a essa grande escola da Geografia pernambucana que é a UFPE.