* OS BREJOS ONTEM E HOJE
Os Brejos de Altitude são
disjunções de floresta atlântica proporcionada pelos acidentes orográficos de
tais áreas com elevações superiores a 600 m altitude em relação ao nível do mar
que possuem características atípicas das áreas em seu contorno, essas áreas
apresentam condições pluviométricas distinta a sua adjacência, com índices que
passam dos 1.000 m anuais e condições de temperatura amena pela sua elevação e
pela presença de uma vegetação arbórea verde durante todo o ano, solos
profundos pelo grande grau de intemperismo químico. Esses espaços apresentam
boa capacidade hídrica com várias nascentes que dão origem a riachos e rios
muitas vezes perenes que dão suporte a agricultura local e ao abastecimento
hídrico da cidade.
No passado essas áreas apresentavam
enorme significância para seu entorno pela produção agrícola de vegetais e
frutas, pois forneciam essas mercadorias nos dias de feiras. Hoje embora dotados das mesmas condições
naturais, não são mais capazes de alimentar as cidades, e sua produção fica
muito aquém das necessidades, deve-se considerar os impactos ambientais que já
são bastante marcantes. Hoje a modernidade reduziu quase que totalmente suas
funções, modificando assim o sua produção, a importância das trocas, e seu
alcance regional a uma condição periférica no sistema capitalista. A
agricultura moderna com irrigação, controle produtivo e mercado abrangente sob
a égide das grandes corporações de comercio agrícolas atuam sobre as redes,
cidades e consequente os brejos, que agora se ver a consumir as técnicas advindas
das cidades, como é o caso das sementes, técnicas de cultivas, máquinas e
interferência nos preços. Palavras chave:
Brejos, Função dos objetos, Brejos de Pernambuco.
Paisagens de exceção e brejos
As paisagens de exceção constituem fatos isolados, de diferentes
aspectos físicos e ecológicos inseridos no corpo geral das paisagens habituais.
Mais que isso são referências para o homem desde a pré-história. Enfatiza-se
que as paisagens de exceção serviram de referência para os nossos antepassados,
e por isso devem ser bem conservados e protegidos. Tendo uma localização, quase
sempre, muito distanciada entre si, os sítios de paisagens bizarras em um país
de tamanho gigante raramente podem ser conhecidos ou estudados em sua
totalidade (AB’SABER, p. 149, 2003).
Na linguagem simbólica utilizada nas ciências biogeográficas
sucedem-se termos para designar “ilhas” de vegetação aparentemente
anômalas, identificadas nos corredores de grandes domínios morfoclimáticos e
fitogeográficos (AB’SABER, p. 145, 2003). O mais singelo desses termos é
certamente a expressão relicto, aplicada para designar qualquer espécie
vegetal encontrada em uma localidade específica e circundada por vários trechos
de outro ecossistema.
Um
outro termo usado para designar manchas de ecossistemas típicos de outras
províncias, porém, encravado no interior de um domínio de natureza totalmente
diferente , é utilizada a expressão “enclave” fitogeográfico. Conforme
Ab’ Saber ao explicar a razão de serem esses “enclaves” ecossistêmicos
foi necessário toda trajetória de pesquisa que tornou possível a Teoria dos
redutos e refúgios. Na realidade, os “enclaves” de ecossistemas em
espaço de médio porte refletem a dinâmica das mudanças climáticas e paleoecológicas
do período quaternário (AB’SABER, p. 145, 2003).
Lins, 1989 conceitua
como
brejo “Subespaços úmidos que apresentam formas diversificadas de uso que as
diferenciam das dominantes, no interior das quais se encontram situados”. Como
sub - unidades regionais, que são, essas manchas úmidas reclamam uma
caracterização geográfica sistemática ( ANDRADE, 1963).
Os
espaços subúmidos se destacam dos espaços semiáridos, dominantes na região, por
suas condições agroecológicas excepcionais refletidas nos tipos e desempenho
dos sistemas agrícolas em que sobressaem as lavouras e o manejo de baixo e ou
médio nível tecnológico. Existem diferentes tipologias de brejos: Brejo de
Várzea, Brejo de Fundo úmido e ou Vale e por fim Brejo de Altitude ou
Exposição, que apresentam princípios fitoecológicos similares, mas com
características próprias (LINS, 1989).
Muitos desses espaços de exceção estão concentrados na faixa de
rebordo do Planalto da Borborema. Eles ocupam posições inferiores do relevo e
alternam com os Brejos de Altitude e estão caracterizados por condições
climáticas com as mais elevadas cotas pluviométricas e pouca ou quase nenhuma
deficiência hídrica, por exemplo o Brejo do Mimoso. Nesses ambientes a
hidrografia é permanente e vegetação natural hidrófila, nesses campos de
várzea, seus solos são moderadamente ou poucos desenvolvidos,
profundos, argilosos, imperfeitamente drenados, ácidos, comumente saturados com
água, durante boa parte do ano, sujeito a inundações com baixa fertilidade,
denominados entre eles o hidromórficos e os aluviais distróficos (LINS, p 99,
1989).
Essa acuidade, permitiu
desenvolvimento de uma série de estudos, que perpassa por diversos autores
brasileiros que deram grande contribuição para explicação e origem,
desenvolvimento e tipologia dos brejos, entre os quais destacam-se: Ab’Saber
(USP), Raquel de Caldas - UFPE, Vasconcelos Sobrinho (UFPE), Gilberto Osório de
Andrade (UFPE), só para citar alguns e a relevância desse tipo de pesquisa.
Brejo de Vale
São
tipos agroecológicos de espaços ocorrentes entre algumas áreas serranas
agrestinas, como a Serra do Mimoso e outras serras, constituídos por relevo
pouco movimentado ou plano, com altimetria entre 500 a 700 metros, clima
sub-úmido, com pluviosidade em torno de 700 a 900 mm anuais, com pouca ou
moderada deficiência de água, hidrografia permanente e ou semipermanente e ou
temporária, vegetação natural de floresta caducifólia / caatinga hipoxerófila,
atualmente devastada em sua quase totalidade, e solos pouco desenvolvido,
moderadamente profundo, textura média, boa disponibilidade de água, ácido a
pouco ácido e com baixa a média fertilidade, onde dominam os aluviais
distróficos e eutróficos (LINS, p 99, 1989).
Ampla
diversificação das formas de uso é constatada nessas áreas, onde os sistemas
agrícolas envolvem culturas permanentes, como as de frutas diversas, de banana,
de citros, de coco, e de pinha, assim como culturas temporárias, que incluem as
hortaliças, de flores, de mandioca e de milho, além de pastagem de capineiras.
Deficiência temporária de água e em alguns casos, a deficiência de fertilidade
são seus principais entraves ao uso agrícola e em face disso esses espaços são
dotados de regular e ou restrita aptidão para o uso com culturas. Os problemas
acima referidos são superados através das práticas como a irrigação e as
adubações orgânica e inorgânica.
Brejo de Altitude ou exposição
Os
brejos de altitude constituem zonas fisiográficas de maior importância para o
suporte econômico das áreas semiáridas do Nordeste (SOBRINHO,1970). Segundo
Paulo Kageyama (2004) “os brejos de altitude nordestinos são enclaves da
Mata Atlântica, formando ilhas de floresta úmida em plena região semiárida
cercadas por vegetação de caatinga, tendo uma condição climática bastante
atípica com relação à umidade, temperatura e vegetação e com pouco conhecimento
sobre sua vegetação e ecologia”.
A predominância do extrativismo de
madeira e de lenha como principal fonte de energia, tanto para as indústrias de
gesso como para a população, colocam em risco esse bioma ainda tão pouco
conhecido. Por outro lado, este bioma é rico em conhecimento popular
tradicional, tanto sobre plantas medicinais fitoterápicas como sobre a cultura
alimentar, e pode apontar alternativas para a conservação e o uso sustentável
de sua biodiversidade.
Lima (1960) o brejo de Altitude
constitui em Pernambuco disjunções de floresta tropical perenifólia, dentro da
zona Caatinga, e por suas condições geoambientais
localizam-se, via de regra, nos níveis superiores das serras, quer graníticas,
quer cretácea, acima de cotas nunca inferiores aos 500 metros, e
progressivamente maiores, no sentido geral SE-NW, até os 1.100 metros.
Por sua vez,
o Geógrafo Gilberto Osório de Andrade define como brejo de altitude “Subunidade
regionais, que jamais ultrapassam 1020 m sobre o nível do mar e geralmente tem
menos de 600 m de relevo local(...) Há que levar em conta solidariamente os
suprimentos hídricos atmosférico que nelas acarretam precipitação responsáveis
pelas manchas úmidas. Ora esses suprimentos são de origem remota. O ar límpido,
de baixa umidade relativa, dos sertões que as circundam não lhe proporcionam
valores higroscópicos susceptíveis de condensação a tão modesta altitude. Trata-se então de verdadeiros
complexos circunstanciais solidária, cuja resultante se exprime em termos de
exposição. Exposição ao fluxo de massas advectivas de ar úmido, ou à dilatação
de massas conectivas nevoentas.
Em suma, de posição geográfica em
relação as regiões de origem dessas massas e de postura em função da direção
geral em que elas anualmente se propagam. Os Brejo de Altitude são elevações montanhosas
com altitudes que variam de 600 metros a 1000 metros quando considerado apenas
a nível do mar, mas quando considerado o relevo local chegam no máximo a 600
metros de altitude. Entretanto são valores que influenciam na pluviosidade e
umidade mais regulares, com ou sem fontes d’água, solo profundo de argila ou
sílica, com revestimento de floresta ou de capoeiras de aspecto mais higrófilas
que as Caatinga.
Lins
(1989) definiu brejo de altitude são
espaços relevo com gradientes, suaves a fortes com altitudes superiores a 600
metros acima do nível do nível local, raramente ultrapassando 1000 metros acima
do nível do mar, clima úmido e ou sub-úmido, com cotas pluviométricas entre 900
e 1.300 mm anuais e pouca deficiência hídrica, hidrografia permanente e ou
semipermanente. Sua vegetação natural primitiva de floresta subcaducifólia e ou
subperenifólia em sua maioria erradicada, foi substituída por formações
secundárias e seus solos são muitos desenvolvidos, muito profundos, argiloso,
com alto teor de água disponível, pouco ácido a ácido, com média a baixa
fertilidade, onde dominam os podzólicos vermelho – amarelos eutrófico e
distrófico com ou sem ar proeminente e os latossolos vermelho – amarelo húmicos
e os amarelos, ambos distróficos.
Lavouras
permanentes como as de banana, das frutas, de café, de citros secundadas por
lavouras temporárias como as de hortaliças, de flores, de mandioca, de milho e
de feijão, dominam nos agrossistemas e comumente são conduzidos em manejo de
baixo e ou médio nível tecnológico.
As
principais limitações das condições agrícolas ao uso com a agricultura são a
suscetibilidade, a erosão, a obstáculos e à mecanização, devido a natureza do
solo e ao gradiente do relevo, a deficiência de água durante os meses secos e a
deficiência de fertilidade, em alguns solos. Por essa razão, num manejo de médio
nível tecnológico e na dependência da classe do solo e de sua fase, assim como
do gradiente do terreno são espaços que apresentam um potencial agroclimático
de bom a restrito para uso agrícola (LINS, p 97, 1989).
Por
sua vez Vasconcelos Sobrinho definiu os brejos de altitude como “(...) um
acidente orográfico que por sua elevação acentuada, incidência de correntes
atmosféricas úmidas e natureza do solo, condicionam uma vegetação
predominantemente mais higrófila que as áreas circunvizinhas em meio as que se
encontram situados”.
A Teoria dos redutos como modelo teórico para
explicação da origem dos brejos no semiárido do Nordeste brasileiro
Em
uma visualização dinâmica e interdisciplinária dos fatos paleoclimáticos e
paleocológicos, pode-se sintetizar os acontecimentos do seguinte modo: no
período de Wurm IV – wiscosim superior, durante a última glaciação
pleistocênica, quando se formaram fantásticas geleiras nos pólos Sul e Norte e
em cordilheiras e altas montanhas, o nível do mar desceu até 100 metros menos
do que é seu nível atual. As temperaturas médias em todo planeta baixaram de 3º
a 4ºC, rebaixando o nível de calor das terras baixas intertropicais e tornando
bem mais frio o ambiente das regiões subtropicais e temperada e muito fria a
temperatura das montanhas a altiplanos existentes à altura dos trópicos
(Itatiaia, por exemplo, entre nós) (AB’SABER, p. 52,
2003).
O
grande acontecimento, porém, foram os deslocamento das correntes marítimas
frias ao longo da face leste dos continentes, sujeitos, até então, apenas aos
efeitos de correntes quentes, propiciadoras de umidade. As correntes frias
projetando-se para o norte até a altura da Bahia, no caso brasileiro –
contribuíram para barrar a entrada de umidade atlântica, devido a uma atomização
das massas de ar úmido. Estando o mar em nível mais baixo, as correntes frias
(Malvinas/Falklands) ficavam mais distantes da costa antiga, contribuindo
indiretamente diretamente para expansão dos climas semiáridos ao longo do
litoral recuado e na retroterra de algumas regiões situadas em depressões de
escarpa e serranias, ou em forte transição da faixa sub-litorânia na direção
dos sertões da época (AB’SABER, p. 53, 2003).
Figura 1:No
modelo acima citado por Viadana (2002), observa-se que no primeiro quadro
representado as condições climáticas atuais, havia um predomínio das massas de
ar quente no litoral acentuando a umidade no litoral. No quando seguinte a
direita mostra a condição paleoclimáticas da influencia da dinâmica da corrente
fria de Falkland atuando sobre o litoral Sul e Oeste do litoral do Brasil,
nessa condição os ventos frios inibiam as precipitações pluviométricas do
litoral, condição que favoreceu a expansão da semiaridez.
Foram
esses processos paleoclimáticos que se fizeram atuar, progressivamente, por
alguns milhares de anos, provavelmente 23.000 anos A.P até 12.700 anos A.P.
(Antes do Presente). Nesse intervalo de tempo os “corredores” da semiaridez em
processo, feneceram as coberturas florestais anteriores, processou-se uma
generalizada dessolagem dos horizontes superficiais dos solos preexistentes e
um extraordinário avanço das caatingas por muitos setores dos planaltos e
terras baixas interiores do Brasil.
Concomitantemente
com a progressão da semiaridez, houve recuo e fragmentação dos espaços
anteriormente florestados permanecendo matas biodiversas apenas na “ilhas” de
umidade testada de algumas escarpas voltadas para os ventos úmidos de exceção,
tendo as florestas anteriores ao avanço da semiaridez permanecido em redutos,
sub a forma de ecossistema minoritário ao seu entorno (AB’SABER,
p. 53, 2003).
Características da vegetação dos Brejos
A floresta
Atlântica brasileira é uma das 25 prioridades mundiais para a conservação.
Calcula-se que essa floresta abrigue 20.000 espécies de plantas vasculares,
sendo 8.000 endêmicas (MYERS ET AL. 2000). Além do alto grau de
endemismo observado em alguns grupos vegetais (veja Mori et al. 1981,
Peixoto & Gentry 1990, Thomas et al. 1998), a floresta Atlântica
apresenta elevada riqueza e diversidade de espécies (Begon et al. 1996)
que, em alguns locais, são superiores às observadas em trechos de floresta Amazônica
(Silva & Leitão Filho 1982; Brown & Brown 1992).
Com base
na distribuição dos tipos de vegetação, estima-se que a floresta Atlântica
nordestina cobria uma área contínua de floresta com 76.938 km², ou 6,4%da
extensão da floresta Atlântica brasileira, distribuídas em cinco tipos
vegetacionais: 1. Áreas de tensão ecológica 43,8%; 2.floresta estacional
semidecidual 22,9%;3.floresta ombrófila
aberta 20,5%; 4.floresta ombrófila densa 7,9%; e5.formações pioneiras
6,1%.Nessa tipologia existem ainda as florestas de terras baixas (< 100 m de
altitude), submontanas (100-600 m) e montanas(> 600 m) (IBGE 1985).
Figura 2 E 3: A cima e a esquerda observa-se aspectos naturais da
vegetação de Caatinga presente no semiárido pernambucano, particularmente ao Sul
de Belo Jardim. A baixo e a direita ver-se aspecto do Brejo de Altitude de Serra dos
Ventos distrito rural de Belo Jardim-PE, é possível observa a barragem de
Tabocas e ao fundo a direita fragmentos da Mata Atlântica- Acerbo da FABEJA- Cidade de Belo Jardim-PE. Fonte: Natalício de Melo.
2010.
Parte
da floresta Atlântica nordestina é composta pelos brejos de altitude: “ilhas”
de floresta úmida estabelecidas na região semiárida, sendo cercadas por uma
vegetação de caatinga (ANDRADE & LIMA, 1982). Os brejos são “áreas de
exceção” dentro do domínio do nordeste semiárido (LINS, 1989). A existência
dessas ilhas de floresta em uma região onde a precipitação média anual varia
entre 240 - 900 mm (IBGE 1985; Lima, 1989) está associada à ocorrência de
planaltos e chapadas entre 500 - 1.100 m altitude (e.g., Borborema,
Chapada do Araripe, Chapada de Ibiapaba), onde as chuvas orográficas garantem
níveis de precipitação superiores a 1.200 mm/ano (ANDRADE & LIMA, 1960;
1961) (Figuras 2 e 3).
Figura 04: O MITO DA BORBOREMA: Perfil
esquemático representando a formação de chuvas orográficas e sua possível influencia na
manutenção das condições agroambientais dos brejos de altitude no Planalto da
Borborema, região que abrange principalmente a Paraiba e Pernambuco do Nordeste do Brasil. Vale salientar que muitos autores erroneamente afirmam que a Borborema seria responsável pela semiaridez, mas trata-se de um mito, uma vez que as encostas a barlavento são descontinua e apresenta altitudes modesta, raramente ultrapassando 800 m, assim, incapaz de provocar uma mancha tão grande como a do semiarido nordestino situado a sotavento. Vale salientar que a maior parte das nuvens ou massas que atuam nessas vertentes se formam inicialmente no
oceano Atlântico, nesse local de origem há uma grande incidência de energia solar, essa
quando combinadas com condições marítimas de abundancia de águas, propiciam elevação
de água por processo de evaporação, consequentemente iniciam-se aumento de
umidade nas nuvens, formando as do tipo cúmulos nimbos, as diferenças de
temperatura atua que através dos ventos quentes e úmidos fazem-na deslocar-se
do ponto de origem oceânica para o continente, o efeito continentalidade
combinados com o efeito altitude, propicia a condensação, saturação, e por fim
a precipitação nas áreas elevadas do relevo formando as chuvas orográficas nessa área. Fonte:
Adaptado de Mayo & Fevereiro,1982.
HIPSOMETRIA DOS BREJOS
DE PERNAMBUCO
O relevo pernambucano é moderado em questões
de altimetria cerca de 76% do território estão abaixo dos 600m. A classificação
em nível do primeiro táxon se dar basicamente por três tipos: Fragmentos da
extensa planície do Brasil ou Planície litorânea, onde se localiza a capital quase que em
sua totalidade ao nível do mar, nessas planícies estão as principais cidades do estado, como Recife e Jaboatão dos Guararapes; o Planalto da Borborema que abrange parte do Agreste e parte do Sertão;
a Depressão Sertaneja que constitui a maior parte das cotas de altimetrias
mais baixa.
A baixada litorânea no litoral trata-se de uma
grande planície costeira de origem sedimentar e altitude que oscila entre 0 a 10 metros,
apresenta feições onde sobressaem praias e restingas. A
altitude aumenta conforme aumenta a distância da costa em direção ao sertão.
Após a Planície litorânea área de sedimentação, encontra-se a Zona da Mata tem
como traço característico de sua paisagem um relevo marcado pela predominância
de morros e colinas, marcada por formações onduladas
ou melonizadas, características denominadas pelo geógrafo francês Pierre Deffontaines e consagrada pelo geógrafo brasileiro Aziz Ab'Saber, como
domínio de "Mares-de-Morros",
expressão para designar o relevo das colinas.
Após a Zona da Mata segue-se ao Planalto da
Borborema a principal formação geológica na faixa de transição da Zona da
Mata para o Agreste. O inicio do Planalto da Borborema em Pernambuco
seguindo a rota BR232 ocorre na conhecida popularmente Serra das Russas,
onde predomina contas de altitude média de 700m-900m, distribuída irregularmente
sobre uma vasta área que abrange os limites do Estado de Alagoas ao Sul e Paraíba
ao Norte. Nessas área destaca-se o maciço dômico de Garanhuns, a Serra da
Barriga em Palmares, ambas com altitude média entre 800m a 900m de altitude. Entretanto
há elevações acima de 1000 m de altitude, como é caso do Pico do Jabre na Microrregião do Pajeú, próximo ao município de Triunfo, o ponto mais alto é o Pico do Papagaio com 1.260 metros, no limite com o sudoeste da Paraíba, é sobre
essas vasta região altimétrica que vamos encontrar os brejos pernambucanos
O Agreste localiza-se sobre este planalto, sua altitude média é de 600m,
podendo passar dos 1000m nos pontos mais elevados. A estrutura geológica
predominante é a cristalina, sendo responsável, junto com o clima semi-árido,
por formações abruptas (pedimentos e pediplanos).
No Sertão as cotas altimétricas decrescem em direção ao Rio São Francisco, formando, em relação ao Planalto da Borborema uma área de depressão
relativa. As formações geomorfológicas predominantes são os inselbergues, serras
e chapadas, estas
últimas aparecendo em áreas sedimentares.
Figura 3:As cores e sua variação representada na
figura simulam as variações das cotas altimétricas presente no Planalto da
Borborema em relação ao nível do mar. A linha em cor azul os limites da
territorialidade do Oceano Atlântico. As cotas altimétricas estão representadas
por cor e nível de altitude. As cotas de 900 e 1000 metros em cor vermelha distribuídas
em locais específicos, nesse caso exemplificam as colinas do morro do Magano no
município de Garanhuns, são hoje os antigos testemunhos de pediplanos do
período geológico denominado pleistocênico, cognominados hoje de Pd3 e
realçadas pelos pediplanos mais recente e de cotas mais baixas. As cotas em tom
verde claro e amarelo que variam entre 800-500 são superfícies pediplanas
exaltadas no pleistoceno denominadas de Pd2 e predominam em partes do sertão e
principalmente no agreste; são as elevações denominadas Pd3 e Pd2 locais onde se
encontram os brejos de altitudes; por fim o Pd1 que vai de 40 metros até 500;
as demais cotas são partes dos sedimentos denominados Barreira e acumulação e
sedimentação litorânea ou praias representadas pela cor verde piscina. Fonte: Embrapa, 2012.
Localização
dos Brejos de Altitude
De
acordo com Vasconcelos Sobrinho (1971), existem 43 brejos na floresta Atlântica
nordestina, distribuídos nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e
Pernambuco, cobrindo uma área de pelo menos 18.589 km2.
Somente Pernambuco e Paraíba possuem 31 brejos, distribuídos em 28 municípios
do agreste e sertão (quadro 02). Assim, pelo menos 1/4 da área de distribuição
original da floresta Atlântica nordestina é representada pelos brejos de
altitude.
Estados
|
N° de Brejos
|
Área Floresta
em Km²
|
%
|
Ceará
|
11
|
6.596,5
|
35,48
|
Rio Grande do
Norte
|
5
|
1.147,5
|
6,18
|
Paraíba
|
8
|
6.760
|
36,37
|
Pernambuco
|
23
|
4.850
|
21,97
|
Total
|
47
|
18.589
|
100
|
Quadro 1.Localização dos Brejos no Nordeste do Brasil.
Localização e tipologia do brejos Pernambucanos
Localização dos brejos de Pernambuco
|
|||
Nome
|
Tipo
|
Localização
|
Coordenadas
|
Triunfo
|
Exposição a barlavento
|
Triunfo
|
7° 49’, 38° 6’
|
Tacaratu
|
Altitude
|
Tacaratu
|
9° 05’, 38° 7’
|
Mimoso
|
Fundo de vale
a barlavento
|
Arcoverde
|
8° 25’, 37° 2’
|
Serra das Varas
|
Exposição a
barlavento
|
Arcoverde
|
8° 25’, 37° 2’
|
Taquaritinga
|
Altitude
|
Taquaritinga
|
7° 54’, 36° 1’
|
Serra dos Cavalos
|
Altitude
|
Caruaru
|
8° 16’, 35° 58’
|
Gravatá
|
Altitude
|
Gravatá
|
8° 12’, 35° 32’
|
Bezerros
|
Altitude
|
Bezerros
|
8° 19’, 36° 25’
|
Camocim S. Felix
|
Altitude
|
C. S. Félix
|
8° 21’, 35° 45’
|
Agrestina
|
Altitude
|
Agrestina
|
8° 27’, 35° 56’
|
Catimbau
|
Pernambuco
|
Buíque
|
8° 37’, 37° 8’
|
Cabo do Cambo
|
Exposição a
barlavento
|
Buique
|
8° 37’, 37° 9’
|
São José
|
Pernambuco
|
Moxotó
|
8° 43’, 37° 31’
|
Serra Negra
|
Exposição a
barlavento
|
Bezerros
|
8° 13’, 35° 46’
|
Serra Negra
|
Exposição a
barlavento
|
Floresta
|
8° 36’, 38° 34’
|
Serra Olho d’Água
|
Pernambuco
|
Belo Jardim
|
8° 19’, 36° 25’
|
Serra do Vento
|
Pernambuco
|
Belo Jardim
|
8° 19’, 36° 25’
|
Serra do Genipapo
|
Pernambuco
|
Sanharó
|
8° 21’, 36° 32’
|
Serra de Ororubá
|
Exposição
Barlavento
|
Pesqueira
|
8° 19’, 36° 46’
|
Poção
|
Altitude
|
Poção
|
8º11’, 36º42’
|
Serra do Comunati
|
Altitude
|
Águas Belas
|
9° 5’, 37° 7’
|
Serra do Arapuã
|
Pernambuco
|
Floresta
|
8° 36’, 38° 34’
|
Serra do
Araripe
|
Altitude
|
Exu
|
7° 30’, 39° 43’
|
A mudança de função nos Brejos
As condições privilegiadas dos
brejos de altitude do passando e ainda mantidas em parte no presente aida
mantem pecuaristas e agricultores, que, através da criação de gado e do
desenvolvimento de lavouras permanentes, como as de banana, café e citros,
entre outras, circundadas por lavouras temporárias, como as de hortaliças,
mandioca, milho e feijão, constituem ainda hoje parte da base da estrutura socioeconômica
desse setor, esse dotado de elementos naturais presente hoje em floresta
Atlântica.
Segundo Lins (1989), a população
dos brejos era distribuída de forma desproporcional entre proprietários,
arrendatários, parceiros e ocupantes, sendo, em sua maioria, constituída por
analfabetos ou semianalfabetos que manejavam a terra por meio de técnicas
tradicionais, reduzindo a produtividade. Segundo a autora, boa parte da
população era subnutrida, enfrenta desemprego sazonal (durante as entressafras)
e tem difícil acesso aos principais serviços básicos, situação muito diferente
das que encontramos hoje.
De fato os espaços de Brejos de
modo geral tiveram no passado próximo
uma enorme importância para economias locais, período em que as redes
principalmente rodoviárias eram precárias tornando a ligação entre as cidade
muito tênue, nessa condição a trocas de objetos eram ineficientes, de modo eram
as regiões dominava as cidades, ao contrário de hoje inseridos na modernidade
onde as cidades dotadas de redes das mais diversas exercem um domínio no
entorno e fazem a regiões.
Gilberto Osório quando estudando os
brejos elucidando as condições de ausência de redes e privilegio dos brejos
afirmou: “(...) se feira terminou, quando desmancha as barracas e os toldos,
vê-se os feirantes com os seus burros, e caixas, e balaios, rumando estrada a
fora de regresso aos celeiros escondidos, são os Brejos” (OSÓRIO,1964).
Hoje apenas algumas dessas feiras regionais mantem como importante, o mesmo se
pode dizer das formas de produção, conservação armazenamento, e principalmente
transporte.
Foi no passado ao sopé das serras
de Brejo, que se desenvolveram-se muitas povoações ou situaram-se mesmo dentro
de suas áreas, quando suficientemente amplas. Deste modo, os brejos constituíam
de fato pólos de desenvolvimento e alimentava as cidades, foram eles os
criadores da civilização agrícola da caatinga.
Hoje embora dotados das mesmas
condições naturais, não são mais capazes de alimentar as cidades, e sua
produção fica muito aquém das necessidades, deve-se considerar os impactos
ambientais que já são bastante marcantes.
A modernidade reduziu quase que
totalmente suas funções, modificando assim o sua produção, a importância das
trocas, e seu alcance regional a uma condição periférica no sistema
capitalista. Hoje a agricultura moderna com irrigação, controle produtivo e
mercado abrangente sob a égide das grandes corporações de comercio agrícolas atuam sobre as redes,
cidades e consequente os brejos, que agora se ver a consumir as técnicas
advindas das cidades, como é o caso das sementes, técnicas de cultivas,
máquinas e interferência nos preços.
Um outro exemplo claro dessas mudanças
espaciais considerando a escala temporal e a presença de condomínios de luxo,
hotéis fazenda e outras atividades que priorizam a exploração não da sua
capacidade produtiva, mas sim das sua potencialidades naturais e turísticas.
Segundo Manoel Correia de Andrade
(1968) os brejos quando centro de desenvolvimento econômico apresentava duas
paisagens naturais que deram origem naturalmente, as formas de povoamento, de
exploração do solo e de paisagens culturais. Assim, nos planaltos existiam em
geral grandes propriedades dedicada a pecuária extensiva de bovinos, caprinos e
ovinos e à cultura do algodão.
Nas serras a paisagem era bem
diversa, e o povoamento desses ambientes foram mais recente, pois os primeiros
povoadores do sertão poucos numeroso e preocupados com a pecuária só as
procuravam nas épocas de seca e às vezes para fazer pequenos roçados de lavoura
de subsistência. Foi nesses ambientes
que se refugiavam também, nos dois
primeiros séculos, os indígenas, que só perderam o domínio das mesmas após a
demorada Guerra dos Bárbaros.
Esses brejos também se
especializam-se sobre tudo na cultura do café e da cana-de-açúcar para produção
da rapadura e aguardente: nos últimos anos, porém, impossibilitados de competir
com os produtos oriundos de áreas melhor localizadas, vem evoluindo para a
policultura, desenvolvendo o cultivo de milho, do arroz e do feijão ao lado dos
produtos tradicionais. (CORREIA, 1968, p.113-5).
Pesquisa cientifica sobre brejos , realizadas na década de 60 pelo Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas
Sociais , coordenadas por Gilberto Osório de Andrade e Rachel Caldas Lins, resultaram em
monografias, publicadas sob mote comum de As “ilhas ” úmidas do agreste
e do sertão . Andrade & Lins
(1980), fazem importante referência sobre
a função de fornecedor
de alimentos exercida pelos brejos ,
isto é, tanto
nas cidades agrestinas quanto nas sertanejas, chegando inclusive
a denominá-los como celeiros
de alimentos .
Como afirmamos em
momentos anteriores os brejos ainda exercem a função econômica tênue de
fornecedor de alimentos, principalmente de origem escalar espacial. Sabe-se,
porém, é que esse objeto espacial não vai deixar de ser brejo, pois as
características físicas definidoras que lhe são atribuídas independem de sua
função econômica. O que ocorre é apenas a mudança de função econômica, pelo
menos em teoricamente. Exemplo dessa mudança pode ser observado no decreto lei
nº. 4.340 de 22/08/02, que atribui ao antigo Brejo do Catimbau e áreas de
adjacências uma nova função, a de Parque Nacional associado à proteção
ambiental, pesquisas cientificas, e atividades turísticas, condição que requer
sua preservação.
Na verdade, os objetos
espaciais tendem a mudar de função, e isso decorre da evolução permanente do
espaço geográfico. Tal evolução resulta da ação de fatores externos e internos.
Assim, a introdução de uma nova estrada, a chegada de novos capitais, ou mesmo
a imposição de novas regras (preços, moeda, impostos etc.) ‘tendem a levar às mudanças espaciais, do mesmo modo que a evolução
norma das próprias estruturas, isto é, sua evolução interna, conduz
igualmente a uma evolução ou mudança de função’ (SANTOS,1985,p.13).
Santos (1985, p.13)
afirma:“na medida em que a economia se amplia e que relações entre as
variáveis passam a se dar, não apenas em escala local, mas a escalas espaciais,
cada vez mais amplas e complexas”, assim, “o pequeno lugar, na mais
distante fração do território, passa a ter influências de outros lugares, de
onde vem matéria-prima, capital, mão-de-obra, ordens, e recursos diversos”.
Dessa forma, “o papel regulador das funções tende a escapar”, ‘(...) é aquilo que se poderia chamar sociedade
local, passando a cair nas mãos de outros centros de decisão longínquas e
estranhas às sua finalidade local’. Essa afirmação de Santos (1985) faz
pensar particularmente no caso do brejo do Catimbau e a função que ele
exercida no passado e, a sua atual condição de parque.
Os
brejos poderiam foram considerados como unidades superiores de recursos
naturais renováveis; megassistemas, se aceitos como complexos harmônicos
resultantes de unidades menores que mutualmente se condicionem: solo, clima,
água do solo, vegetação e fauna. E, como tal, são duplamente vulneráveis: em
cada um dos seus componentes e no seu todo (SOBRINHO, p84 e 85. 1970).
Sobrinho
já na década 70 percebeu um fato que é constatado pelos estudiosos exemplos de
constatação dos primeiros impactos ambientais, mostrava já naquela época o
extremo grau de degradação presente nos brejos: uns poucos, embora
apareçam férteis, já não possuem as condições primitivas de produtividade que
ofereciam aos primeiros ocupantes. Por conta desses impactos já esperava uma
progressiva decadência em sua produtividade; em sua capacidade como centros de
abastecimento das áreas que lhe eram dependentes: eles próprios cada vez mais
densamente povoados, diminuindo suas áreas de cultivo.
Hoje tendo em
vista as potencialidades do solo de grande parte da florestas nordestina,
incluindo os brejos, tem sido convertida em terras agricultáveis (Viana et
al. 1997); as reservas naturais são pequenas e mal manejadas (Dias et
al. 1990, Lima & Capobianco 1997) e a caça de subsistência é praticada
de forma generalizada (ALMEIDA ET AL. 1995). De acordo com Ranta et
a, (1998), grande parte do que restou desta floresta é composta por
arquipélagos de fragmentos florestais, a maioria deles com menos de 10 hectares
de área. Mesmo em áreas protegidas, a ausência de grandes vertebrados é a regra
(TABARELLI, 1998).
Tipos de Vegetação
|
Vegetação original (Km²)
|
Vegetação remanescente (Km²)
|
% do total
|
Formação
pioneiras
|
4.739,06
(6,1%)
|
707,33
|
14,9
|
Áreas de tensão
ecológica
|
33.684,03 (43,8 %)
|
1.465,56
|
4,35
|
Fl. Estacional
semidecidual
|
17.677,5
(22,9)
|
1.942,7
|
10,9
|
Fl. ombrófila
Densa
|
6.122,01
(7,9%)
|
277,9
|
4,5
|
Flombrófila
aberta
|
14.715,86
(20,5%)
|
1.499,62
|
10,19
|
Total
|
76.938,46
|
5.983,1
|
7,6
|
Quadro
03: Na
tabela acima apresentam-se os tipos de vegetação e vegetação remanescente na
floresta Atlântica nordestina. Na primeira coluna encontram-se os tipos de
vegetação da floresta Atlântica, onde se percebe cinco sub-tipos de vegetação
Atlântica; já na segunda coluna se enfatiza a quantidade total em Km² de cada
sub-tipo de vegetação Atlântica e suas áreas em percentagem; na terceira coluna
encontra-se a quantidade dos remanescentes em Km² dos sub-tipos da vegetação
Atlântica e na quarta coluna o percentual dos remanescentes dos sub-tipos de
floresta Atlântica; por fim na última linha o total do quantitativo de cada
coluna. Fonte: SOS Mata Atlântica (1993), IBGE (1985).
Lins em 1989, já advertia que de
forma mais sistemática, os brejos vinham sendo convertidos em lavouras de café,
banana e culturas de subsistência, como milho, feijão e mandioca, desde o
século XIX. Tais atividades vinham representando perda e fragmentação de
habitats, extração seletiva de plantas (e.x, madeiras, bromélias, plantas
medicinais) e eliminação de grandes vertebrados pela caça (VASCONCELOS SOBRINHO
1971, SILVA & TABARELLI 2000). Sobrinho (1971) relata a existência de
extensas florestas dominadas por cedro (Cedrelafissilis Vell Meliaceae) que
sucumbiram devido à exploração madeireira na década de sessenta.
Na verdade, as grandes maiorias das
principais cidades situadas na região do semiárido nordestino estavam situadas
nas áreas de brejo, que ainda constituíam celeiros agrícolas (LINS, 1989),
embora hoje ainda sejam importante na escala local. O “refúgio das plantas”
também foram tido como um refúgio para as populações humanas pobres do
semiárido nordestino.
Estudos atuais apontam que
atualmente, restam 2.626,68 km² da vegetação original dos brejos (Tabela 4), a
qual já representou, pelo menos, 18.500 km² de florestas semideciduais e
ombrófilas abertas. Estes 2.626,68 km² de vegetação incluem também mosaicos com
vegetação de cerrado e de caatinga (e.x, Chapada do Araripe, Ibiapaba), não
discriminados no mapa de remanescentes (SOS MATA ATLÂNTICA, 1993).
O valor da vegetação remanescente
torna os brejos o setor mais ameaçado da floresta Atlântica brasileira, embora
não seja possível estabelecer o quanto este valor representa em termos da área
ocupada pela vegetação original, para a qual não há estimativas. Um outro setor
ameaçado é a floresta Atlântica nordestina costeira (que se estende de Alagoas
ao Rio Grande do Norte), que possui 3.197,62km² de floresta, mangues e
restingas (5,6% da área de distribuição original, SOS Mata Atlântica 1993).
Tipos de vegetação remanescente
|
Área de vegetação remanescente (km²)
|
% Vegetação
|
Áreas de tensão ecológica
|
872,86
|
33,2
|
Fl. estacional semidecidual
|
1.057,94
|
40,3
|
Fl ombrófila aberta
|
695,88
|
26,5
|
Total
|
2.626,68
|
100
|
Quado 04. Nessa tabela
encontramos os sub-tipos de vegetação remanescente nos brejos de altitude do
Nordeste (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco). Na primeira coluna
temos os sub-tipos de remanescentes
vegetação nos brejo de altitude; na segunda coluna a área em Km² remanescente dos sub-tipos de vegetação dos
brejos de altitude; na terceira e última coluna o percentual de cada vegetação
remanescentes e por fim na última linha o total em Km e Percentagem das
vegetações remanescentes nos Brejos de Altitude. Fonte: SOS Mata Atlântica
(1993), IBGE (1985).
REFERENCIAS
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potencialidades paisagísticas / Aziz Ab’ Sáber. – São Paulo: Ateliê Editorial,
2003.
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do Instituto de Pesquisa Agronômicas, v. 5, p. 305-341.
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1961. Tipos de floresta de Pernambuco.
Anais da Associação dos GeógrafosBrasileiros 2:69-85.
ANDRADE, Gilberto Osório de,
Lins, Raquel Caldas – Introdução ao
estudo dos Brejo Pernambucanos, outubro de 1964.
ANDRADE, Gilberto Osório de,
1912. O “Brejo” da Serra das Varas(
Arcoverde) por - Gilberto Osório de Andrade e Raquel Caldas Lins. Recife –
Universidade Federal de Pernambuco – Imprensa Universitária – 1966. 20 p ilust.
EMBRAPA.
Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro, RJ).
Sistema brasileiro de classificação de solos. –
Rio de Janeiro : EMBRAPA-SPI, 2009.
xxvi, 412p. : il.
INSERÇÃO DE DADOS ALTIMÉTRICOS NA DIFERENCIAÇÃO DE
TIPOS FLORESTAIS EM BREJOS DE ALTITUDE, Universidade Federal de
Pernambuco – UFPE Pós-Graduação em Ciências Geodésicas e Tecnologias da
Geoinformação- DECART; Universidade
Federal de Pernambuco – UFPE Centro de Tecnologia e Geociências, Departamento
de Engenharia Cartográfica
LINS, Raquel Caldas coord. Áreas de exceção do agreste de Pernambuco.
Recife, SUDENE/PSU/SRE, 1989, 402 p. mapas (Brasil. SUDENE, estudos regionais,
20).
SOBRINHO,
Vasconcelos. As Regiões Naturais do
Nordeste. Recife, Conselho de Desenvolvimento de Pernambuco. 1970.
TABARELLI, M.
1998. Dois Irmãos: o desafio da
conservação biológica em fragmento de floresta tropical. Pp. 311-323, in: MACHADO, I.C., A.V. LOPES
& K.C. PÔRTO (orgs.) Reserva Ecológica de Dois Irmãos: estudos em
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Silva, Henágio José da. Impactos da Seca Sobre a Produção Agrícola no Brejo de
Altitude: O Caso da Comunidade do Amaro do Município do Brejo da Madre de Deus
- Pe. Belo Jardim, o Autor, 2013. Orientador: Natalicio de Melo Rodrigues.FABEJA- BELO JARDIM -PE. 2013.
*TEXTO EXTRAIDO DE TCC DE GEOGRAFIA CURSO PÓS-GRADUAÇÃO: IMPACTOS DA SECA SOBRE A PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO BREJO DE ALTITUDE: O CASO DA COMUNIDADE DO AMARO DO MUNICÍPIO DO BREJO DA MADRE DE DEUS - PE . ORIENTANDO: HENÁGIO JOSÉ DA SILVA, ORIENTADOR: DR. NATALICIO DE MELO RODRIGUES
.
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